A Mitsubishi Heavy Industries (MHI) levou a cabo com sucesso o lançamento do satélite QZS-1R ‘Michibiki-1R’ às 0219:37UTC do dia 26 de Outubro de 2021. O lançamento foi levado a cabo pelo foguetão H-2A/202 (F44) a partir da Plataforma de Lançamento LP1 do Complexo de Lançamento Yoshinobu do Centro Espacial de Tanegashima.
O Michibiki-1R irá substituir o satélite Michibiki-1.
Os sistemas de posicionamento global por satélite têm vindo a ser utilizados em variadas aplicações incluindo navegação automóvel e detecção remota, tornando-se indispensável nas nossas vidas. O Quasi-Zenith Satellite System é um sistema que utilizará vários satélites que têm o mesmo período orbital que os satélites geostacionários mas com inclinações orbitais não equatoriais, isto é as suas órbitas são designadas ‘órbitas quasi-zénite’. Estes satélites são colocados em múltiplos planos orbitais para que um satélite esteja sempre perto do zénite acima das regiões do Japão. O sistema torna possível fornecer serviços de posicionamento por satélite de alta-precisão cobrindo cerca de 100% do território japonês, incluindo gargantas urbanas e terrenos montanhosos. Através do desenvolvimento e posicionamento deste sistema, espera-se melhorar a tecnologia de posicionamento do Japão e contribuir para a construção de uma sociedade mais segura com tecnologias de posicionamento, de navegação e de temporização melhoradas.
O Projecto QZSS
O Projecto QZSS (Quasi-Zenith Satellite System) é implementado de acordo com a “Política Básica de Promoção do Projecto QZSS (Concelho de Promoção do Sistema de Informação Geográfica e de Posicionamento)” emitida a 31 de Março de 2006. A Fase Um demonstrou a validação de tecnologias para o aumento da disponibilidade de GPS bem como a sua performance e aplicação, utilizando o satélite Quasi-Zenite Satellite (QZS-1). Após a avaliação destes resultados, o plano deslocou-se para a Fase Dois que irá demonstrar a capacidade total do sistema utilizando três satélites QZS, incluindo o QZS-1.
Os elementos principais para a primeira fase são o Ministério da Educação, Cultura, Desportos, Ciência e Tecnologia (MEXT) em colaboração próxima com o Ministério dos Assuntos Internacionais e Comunicações (MIC), o Ministério da Economia, Comércio e Industria (METI), e o Ministério do Território, Infra-estruturas e Transportes (MLIT). A JAXA está encarregue da integração do sistema como um todo, bem como cooperar com as organizações de investigação relacionadas com o projecto para desenvolver o High Accuracy Positioning Experiment System, o QZS Bus System e o Tracking Control System.
Desenvolvimento de tecnologia para o Projecto QZSS
A utilização do QZS em ângulos de elevação altos em combinação com o sinal GPS, melhora a disponibilidade da posição do satélite para áreas onde um número elevado de sinais de GPS não podiam ser recepcionados, tais como gargantas urbanas e terreno montanhoso. Para facilitar o aumento da disponibilidade do GPS, os sinais de navegação e mensagens do QZSS têm uma interoperacionalidade completa com os sinais de GPS. Os utilizadores podem receber um serviço avançado de posicionamento ao combinar o GPS com o QZSS sem se aperceberem da diferença entre os dois.
A melhoria da performance do sinal GPS atinge uma alta precisão ao transmitir dados de correcção de posição, e atinge uma alta fiabilidade ao enviar dados de integridade que permitem aos utilizadores confiar nos sinais de posição, melhorando assim a usabilidade do GPS. As organizações de investigação supervisionadas pelo MLIT estão a levar a cabo pesquisas e desenvolvimentos para estas tecnologias de melhoramento de performance.
A tecnologia necessária para os futuros sistemas de posicionamento está a ser desenvolvida através de experiências levadas a cabo em satélites de posicionamento que utilizam sinais desenhados independentemente para esses propósitos, bem como pesquisas, desenvolvimento e experiências em órbita para um novo método de registo de tempo (desenvolvido pelo National Institute of Advanced Industrial Science and Technology).
Os satélites são desenvolvidos pela Mitsubishi Electric (MELCO) e são baseados na plataforma DS-2000. O seu tempo de vida útil é de 15 anos e cada satélite tem uma massa de 4.000 kg.
O primeiro satélite da série (Michibiki-1) foi lançado a 11 de Setembro de 2010, seguindo-se o Michibiki-2 a 1 de Junho de 2017 e o Michibiki-3 a 19 de Agosto de 2017. O lançamento do Michibiki-4 realizava-se a 9 de Outubro de 2017.
O foguetão H-2A/202
O desenvolvimento do lançador H-2A surgiu após os maus resultados obtidos com o lançador H-2 que resultaram na perda de vários satélites nas suas missões finais.
O H-2A na sua versão 202 é um lançador a três estágios auxiliados por dois propulsores laterais de combustível sólido SRB-A que entram em ignição no lançamento. Assim, o H-2A/202 tem a capacidade de colocar 10.000 kg numa órbita baixa de 300 km de altitude com uma inclinação de 30,4.º ou então pode colocar 4.100 kg numa órbita de transferência para a órbita geossíncrona. No lançamento é capaz de desenvolver 5.600 kN, tendo uma massa total de 285.000 kg. A sua envergadura é de 9 metros. O seu diâmetro é de 4,0 metros e o seu comprimento atinge os 53,00 metros.
Cada SRB-A (Solid Rocket Boosters-A), considerado por muitos como o estágio 0 (zero), tem um peso bruto de 75.500 kg, pesando 10.500 kg sem combustível. Cada propulsor tem um diâmetro de 2,5 metros, um comprimento de 15,1 metros e desenvolve 229.435 kgf no lançamento, com um Ies de 282,5 s (vácuo), um Ies-nm de 230 s e um Tq 101 s.
O primeiro estágio do H-2A/202 (H-2A-1) tem um peso bruto de 113.600 kg, pesando 13.600 kg sem combustível. Tem um diâmetro de 4,0 metros, um comprimento de 37,2 metros e desenvolve 111.964 kgf no lançamento, com um Ies de 440 s (vácuo), um Ies-nm de 338 s e um Tq 390 s. Está equipado com um motor LE-7A, desenvolvido pela Mitsubishi, que consome LOX e LH2. O LE-7A pode variar a sua potência em 72%.
Finalmente o segundo estágio tem um peso bruto de 16.900 kg, pesando 3.100 kg sem combustível. Tem um diâmetro de 4,0 metros, um comprimento de 9,2 metros e desenvolve 13.970 kgf no lançamento, com um Ies de 448 s e um Tq 534 s. Está equipado com um motor LE-5B, desenvolvido pela Mitsubishi, que consome LOX e LH2.
O esquema seguinte mostra as diferentes configurações do foguetão H-2A. Presentemente só as versões 202 e 204 estão operacionais.
Dados estatísticos e próximos lançamentos
– Lançamento orbital: 6125
– Lançamento orbital Japão: 125 (2,04%)
– Lançamento orbital desde Tanegashima: 84 (1,37% – 67,20%)
Os próximos lançamentos orbitais previstos são (hora UTC):
6126 – 28 Out (0000:32) – Baikonur, LC31 PU-6 – 14A14-1A Soyuz-2.1a (S15000-049) – Progress MS-18
6127 – 27 Out (0400:??) – Rocket 3.3 (LV0007) – Kodiak PSC, LP-3B – STP-27AD2
6128 – 11 Nov (????:??) – Onenui (Máhia), LC-1A – Electron/Curie (F22 ‘Love At First Insight’) – BlackSky-10 (BlackSky Global 12), BlackSky-11 (BlackSky Global 13)
6129 – 18 Nov (2311:12) – Cabo Canaveral SFS, SLC-40 – Falcon-9 – BlackSky-11 (BlackSky Global 13)
6130 – 22 Nov (????:??) – Cabo Canaveral SFS, SLC-41 – Atlas-V/551 (AV-093) – STP-3: STPSat-6, LDPE-1 (ROOSTER 1) e outros