A agência espacial japonesa JAXA levou a cabo o lançamento do satélite de observação por radar ALOS-2 juntamente com quatro outros satélites. O lançamento teve lugar às 0305:14UTC do dia 24 de Maio de 2014 e foi levado a cabo pelo foguetão H-2A/202 (F24) a partir da Plataforma de Lançamento LP1 do Complexo de Lançamento Yoshinubo do Centro Espacial de Tanegashima.
A bordo encontravam-se também os satélites SPROUT, Rising-2, UNIFORM-1 e SOCRATES.
Também designado Daichi-2, o ALOS-2 (Advanced Land Observation Satellite-2) é um satélite de observação por radar que será operado pela JAXA. Colocado numa órbita sincronizada com o Sol, o satélite será utilizado para estudos do solo e dos seus recursos, monitorização de desastres e pesquisa ambiental.
Esta missão segue as pisadas da missão ALOS lançada em 2006 e operada até meados de Maio de 2011, porém ao contrário do seu predecessor que transportada dispositivos de observação óptica e por radar, o ALOS-2 irá utilizar somente a observação por radar.
O ALOS-2 tinha uma massa de 2.120 kg no lançamento e deverá ser operado durante cinco anos, no entanto a JAXA espera poder alargar o período de utilização até sete anos. O satélite está equipado com um par de painéis solares que são capazes de gerar 5,2 kW de energia. Duas antenas serão utilizadas para enviar os dados recolhidos para a Terra. A antena de banda-X será utilizada para comunicações directas e o repetidor de banda-Ka será utilizado para enviar os dados através do satélite Kodama que foi colocado em órbita em 2002.
O principal instrumento a bordo do ALOS-2 é o PALSAR-2 (Phased Array L-band Synthetic Aperture Radar-2) que é uma versão melhorada do PALSAR transportado a bordo do ALOS. O PALSAR-2 é um radar de abertura sintetizada que opera em banda-I com um comprimento de onda de 22,9 cm. Uma onda transportadora com uma frequência entre os 1,24 GHz e os 1,28 GHz será utilizada, com o radar a emitir 1.500 a 3.000 impulsos por segundo. A antena do radar, que mede 9,9 x 2,9 metros, pode fornecer imagens em faixa ou imagens de alta resolução de zonas específicas de ambos os lados da trajectória do satélite até uma inclinação de 30º. O PALSAR-2 tem uma massa de 656,8 kg e pode emitir até 6.100 watts de energia. Em modo de obtenção de imagens de zonas específicas, estas podes ser obtidas com uma resolução azimutal até 1 metros e uma resolução radial de 3 metros, enquanto que as imagens de faixas podem produzir resoluções entre 3 e 10 metros. Em modo de varrimento o instrumento pode observar uma faixa de 350 km com uma resolução de 100 metros.
Para além do PALSAR-2, o ALOS-2 transporta a Compact Infrared Camera (CIRC), que é um instrumento de demonstração construído pela Mitsubichi Electric utilizando componentes recentemente desenvolvidos. Utilizando um microbolometro de infravermelhos, o instrumento será utilizado para a detecção de fogos florestais.
Ainda a bordo do ALOS-2 encontra-se o Space-Based Automatic Identification System Experiment-2 (SPAISE-2) que é composto por um receptor Automatic Identification System (AIS) que será utilizado para recolher e transmitir sinais provenientes de navios no mar. O instrumento, semelhante e um outro transportado a bordo do satélite Small Demonstration Satellite-4 lançado em 2012, é capaz de receber quatro mensagens AIS de forma simultânea.
O satélite Space Research On Unique Technology (SPROUT) tinha uma massa de 7,1 kg no seu lançamento. Com uma forma cúbica de 0,20 metros de aresta, o satélite foi construído pela Universidade de Nihon. A bordo encontra-se a estrutura Inflatable Membrane Structure System com forma triangular e um comprimento de 1,5 metros. O principal objectivo deste satélite é o de abrir esta estrutura e subsequentemente utilizá-la como um dispositivo passivo de remoção orbital. O SPROUT também transporta uma carga de rádio amador e uma pequena câmara para verificar a abertura da membrana e posteriormente obter imagens da Terra.
Construído pela Universidade de Tohoku, o satélite Raijin-2 é semelhante ao pequeno SpriteSat-1 que foi colocado em órbita em 2009 e que acabou por ser perdido devido a um problema com o computador de bordo. O Raijin-2 tinha uma massa de 50 kg e a sua configuração é semelhante ao seu predecessor, sendo utilizado para estudar as descargas eléctricas na alta atmosfera associadas com as trovoadas.
O University International Formation Mission (UNIFORM), em baixo, é um satélite com uma massa de 50 kg desenvolvido pela Universidade de Wakayama. O satélite tem como objectivo monitorizar a superfície terrestre para detectar sinais de fogos florestais e enviar esses dados para os serviços de emergência em tempo quase real. O satélite utiliza uma combinação de imagens de infravermelhos e de luz visível para identificar potenciais fogos florestais que serão então verificados a partir do solo.
O satélite Space Optical Communications Research Advanced Technology Satellite (SOCRATES), em baixo, transporta uma experiência de comunicação por laser para o Instituto Nacional Japonês de Informação e de Tecnologias de Comunicações. Com uma massa de 48 kg, o SOCRATES foi construído pela Advanced Engineering Services e o principal objectivo da missão é o de validar o modelo do satélite, sendo a operação da sua carga Small Optical Transponder (SOTA) vista como um objectivo secundário.
O foguetão H-2A/202
O desenvolvimento do lançador H-2A surgiu após os maus resultados obtidos com o lançador H-2 que resultaram na perda de vários satélites nas suas missões finais.
O H-2A na sua versão 202 é um lançador a três estágios auxiliados por dois propulsores laterais de combustível sólido SRB-A que entram em ignição no lançamento. Assim, o H-2A/202 tem a capacidade de colocar 10.000 kg numa órbita baixa de 300 km de altitude com uma inclinação de 30,4º ou então pode colocar 4.100 kg numa órbita de transferência para a órbita geossíncrona. No lançamento é capaz de desenvolver 5.600 kN, tendo uma massa total de 285.000 kg. A sua envergadura é de 9 metros. O seu diâmetro é de 4,0 metros e o seu comprimento atinge os 53,00 metros.
Cada SRB-A (Solid Rocket Boosters-A), considerado por muitos como o estágio 0 (zero), tem um peso bruto de 75.500 kg, pesando 10.500 kg sem combustível. Cada propulsor tem um diâmetro de 2,5 metros, um comprimento de 15,1 metros e desenvolve 229.435 kgf no lançamento, com um Ies de 282,5 s (vácuo), um Ies-nm de 230 s e um Tq 101 s.
O primeiro estágio do H-2A/202 (H-2A-1) tem um peso bruto de 113.600 kg, pesando 13.600 kg sem combustível. Tem um diâmetro de 4,0 metros, um comprimento de 37,2 metros e desenvolve 111.964 kgf no lançamento, com um Ies de 440 s (vácuo), um Ies-nm de 338 s e um Tq 390 s. Está equipado com um motor LE-7A, desenvolvido pela Mitsubishi, que consome LOX e LH2. O LE-7A pode variar a sua potência em 72%.
Finalmente o segundo estágio tem um peso bruto de 16.900 kg, pesando 3.100 kg sem combustível. Tem um diâmetro de 4,0 metros, um comprimento de 9,2 metros e desenvolve 13.970 kgf no lançamento, com um Ies de 448 s e um Tq 534 s. Está equipado com um motor LE-5B, desenvolvido pela Mitsubishi, que consome LOX e LH2.
As diferentes fases da missão
Todo o processo de lançamento do foguetão H-2A inicia-se com a ignição do seu motor principal LE-7A, seguindo-se a ignição dos propulsores laterais de combustível sólido. Iniciando um voo vertical, o veículo inicia depois uma série de manobras para se colocar na trajectória desejada para a sua missão. O voo do primeiro estágio tem uma duração de cerca de 6 minutos e 36 segundos (a queima dos propulsores laterais tem uma duração de 1 minuto e 55 segundos, e a separação ocorre cerca de 10 segundos após o final da sua queima). Por seu lado, a separação das duas metades da carenagem de protecção ocorre a T+4m 30s.
Terminada a queima do motor LE-7A o veículo entra numa fase de voo não propulsionado com uma duração de 12 segundos, separando-se de seguida. Seis segundos mais tarde dá-se a ignição do motor LE-5B do segundo estágio. Esta queima terá uma duração de 8 minutos e 24 segundos, colocando-se em órbita terrestre.
Cinquenta segundos após o final da queima do segundo estágio, dá-se a separação do satélite ALOS-2 com a sequência de separação dos restantes satélites a ter lugar 9 minutos mais tarde. O primeiro satélite a separar-se após o ALOS-2 foi o Raijin-2, seguindo-se o UNIFORM, o SOCRATES e finalmente o SPROUT, com intervalos de cerca de quatro minutos.
Dados estatísticos
– Lançamento orbital: 5364
– Lançamento orbital com sucesso: 5016
– Lançamento orbital Japão: 95
– Lançamento orbital Japão com sucesso: 86
– Lançamento orbital desde Tanegashima: 59
– Lançamento orbital desde Tanegashima com sucesso: 57
A seguinte tabela mostra os totais de lançamentos executados este ano em relação aos previstos para cada polígono à data deste lançamento: 1ª coluna – lançamentos efectuados (lançamentos fracassados); 2ª coluna – lançamentos previstos à data; 3ª coluna – satélites lançados:
Baikonur – 8 (1) / 29 / 10
Plesetsk – 3 / 12 / 5
Dombarovskiy – 0 / 4 / 0
Cabo Canaveral AFS – 7 / 23 / 12
Wallops Island MARS – 1 / 3 / 34
Vandenberg AFB – 1 / 6 / 1
Kauai TF – 0 / 1 / 0
Jiuquan – 1 / 2* / 1
Xichang – 0 / 6* / 0
Taiyuan – 0 / 3* / 0
Tanegashima – 2 / 5 / 13
Kourou – 4 / 14 / 8
Satish Dawan, SHAR – 2 / 5 / 2
Odyssey – 0 / 1 / 0
Palmachim – 1 / 1 / 1
* Valores não precisos
Dos lançamentos bem sucedidos levados a cabo: 34,5% foram realizados pela Rússia; 31,0% pelos Estados Unidos (incluindo ULA, SpaceX e Orbital SC); 3,4% pela China; 13,8% pela Arianespace; 6,9% pelo Japão, 6,9 % pela Índia e 3,4% por Israel.
Os próximos lançamentos orbitais previstos são (hora UTC):
26 Mai (2110:00) – Zenit-3SL/DM-SL (37/36L) – Oc. Pacífico, Odyssey – Eutelsat-3B
28 Mai (1957:42) – 11A511U-FG Soyuz-FG (049) – Baikonur, LC1 PU-5 – Soyuz TMA-13M (Союз ТМА-13М)
06 Jun (2129:00) – Ariane-5ECA (VA218) – CSG Kourou, ELA3 – Measat-3b/Jabiru-2; Optus-10
09 Jun (????:??) – PSLV-C23 – Satish Dawan, SHAR, FLP – SPOT-7; NLS-7.1 (CanX-4); NLS-7.2 (CanX-5); AISSAT; Iinusat
10 Jun (1007:17) – Antares-120 – MARS Wallops Island, LP-0A – Cygnus Orb-2 (CRS2)