As mais recentes imagens obtidas por satélite do Centro Espacial Iman Khomeini, mostram uma nuvem de fumo negro a elevar-se da Plataforma de Lançamento LP-1 no que fontes Norte-americanas indicam ter sido um acidente durante o abastecimento do foguetão lançador.
Relatórios iniciais pareciam indicar que o Irão teria falhado o lançamento de um novo satélite, possivelmente o Nahid-1, a 29 de Agosto de 2019 utilizando um foguetão Safir-1B.
A agência de notícias Reuters, citando fontes anónimas Iranianas, refere que a explosão do lançador ocorreu devido a problemas técnicos (não especificados) e que os especialistas Iranianos estavam a tomar todas as medidas necessárias para corrigir o problema.
Outras fontes indicam que o acidente terá ocorrido durante testes de abastecimento do lançador e que nenhum satélite se encontrava a bordo do lançador.
A imagem em cima obtida a 29 de Agosto de 2019 pela Planet Labs Inc., mostra uma fumegante Plataforma de Lançamento LP-1 o que indica que algo terá corrido mal ou no abastecimento ou no lançamento com o foguetão Safir-1B a explodir logo após a ignição ou a apresentar problemas nos segundos iniciais de voo, levando a que se despenha-se na plataforma. Por seu lado, as imagens em baixo mostram a mesma plataforma de lançamento há vários meses após o último falhanço do Safir-1B e após a realização de trabalhos de manutenção, com uma nova pintura.
Uma outra possibilidade poderá estar relacionada com problemas durante o abastecimento do foguetão lançador.
O satélite Nahid-1 é um micro-satélite de comunicações para ser colocado numa órbita terrestre baixa e que foi desenvolvido pelo Centro de Investigação Espacial Iraniano para a Agência Espacial do Irão. O satélite terá uma massa de 50 kg e o seu tempo de vida útil será de 40 dias. O lançamento estava inicialmente previsto para 2017.
Os lançadores espaciais do Irão
Já antes da Revolução Islâmica de 1979, o Xá do Irão intencionava tornar o país uma nação tecnologicamente avançada. Para além do desenvolvimento de tecnologia nuclear, os dirigentes Iranianos pretendiam desenvolver a tecnologia que no futuro lhes permitisse o lançamento de armas nucleares e por consequência o acesso ao espaço. Os planos terão sido postos de parte pela nova classe governativa após a revolução de 1979, mas pouco depois, e no calor da guerra com o Iraque, tornou-se evidente que o desenvolvimento da tecnologia de mísseis balísticos teria de ser levado a cabo. Daqui aos lançadores espaciais seria um pequeno passo.
Impedido de obter a tecnologia necessária para o desenvolvimento dos seus mísseis, o Irão iniciou um ambicioso programa de desenvolvimento que culminou a 2 de Fevereiro de 2009 com a colocação em órbita do pequeno satélite Omid utilizando o foguetão Safir-1A de dois estágios. Este lançador vai buscar as suas principais características ao foguetão Safir que por sua vez deriva do míssil balístico Shahab. O primeiro lançamento do foguetão Safir terá acontecido a 4 de Fevereiro de 2008 com o lançamento de uma missão sub-orbital designada Kavoshgar-1 que transportou instrumentação para realizar medições da alta atmosfera. O primeiro estágio ter-se-ia separado aos 100 segundos de voo, sendo recuperado após uma descida em pára-quedas. O segundo estágio teria chegado a uma altitude de 200 km. Curiosamente, já a 25 de Fevereiro de 2007 as autoridades Iranianas haviam anunciado o lançamento de um foguetão-sonda que supostamente havia atingido os 250 km de altitude. Mais tarde era anunciado que o Irão tinha a intenção de colocar um satélite em órbita.
A 17 de Agosto de 2008 era anunciada a colocação em órbita de um modelo do satélite Omid utilizando o foguetão Safir. Segundo havia sido anunciado pelo principal responsável pela agência espacial iraniana, Reza Taghizadeh, o Irão havia colocado um satélite a uma altitude de 650 km, orbitando a Terra oito vezes por dia. No entanto, este satélite nunca foi detectado em órbita e aparentemente o lançador teria sofrido uma falha catastrófica durante a ignição do seu segundo estágio.
O satélite Omid seria colocado em órbita pelas 1836UTC do dia 2 de Fevereiro de 2009 utilizando o foguetão Safir-1A (OES.0002) lançado desde a base de lançamento de Semnan situada no deserto de Dasht-e-Kavir. Segundo os dados disponíveis o lançador Safir-2 é um lançador a dois estágios e tem um comprimento de 22 metros, diâmetro de 1,25 metros, uma massa de 26.000 kg e consumirá propelentes hipergólicos. No entanto, É possível qur o lançador Safir-2 seja equivalente ao lançador Safir, sendo o numeral utilizado para designar apenas o seu segundo lançamento.
Após o lançamento do satélite Omid, os especialistas Iranianos iniciaram o melhoramento do lançador para aumentar a sua capacidade orbital. O resultado foi o lançamento do satélite Rasad-1 a 15 de Junho de 2011 por um foguetão Safir-1B. Entretanto, a 3 de Fevereiro de 2010, o Presidente Iraniano, Mahmoud Ahmadinejad mostra um modelo do foguetão Simorgh. Este lançador a dois estágios terá um comprimento de 25,974 metros e uma massa de 77.000 kg no lançamento. O seu primeiro estágio terá um diâmetro de 2,4 metros estará equipado com cinco motores, sendo quatro motores capazes de gerar 29.000 kgf cada um e um quinto motor capaz de gerar 13.600 kgf. O segundo estágio terá um comprimento de 8,158 metros e um diâmetro de 1,5 metros, desenvolvendo uma força de 7.200 kgf. O Simorgh será capaz de colocar numa órbita a 500 km de altitude um satélite com uma massa de 60 kg. Continuando a desenvolver o lançador Safir, o Irão coloca em órbita o seu terceiro satélite a 3 de Fevereiro de 2012.
Os detalhes exactos do foguetão Safir-1A e do Safir-1B são desconhecidos. Crê-se que o primeiro estágio utiliza uma única câmara de combustão alimentada por uma turbo-bomba capaz de gerar uma força entre os 30.000 kgf e os 34.000 kgf ao nível do mar, e quatro aletas de grafite prolongam-se até às chamas de exaustão para proporcionar direccionalidade. Os motores deverão ser alimentados a UDMH ou com uma mistura de querosene e gasolina queimada juntamente com um oxidante armazenável. Por seu lado, o segundo estágio poderá utilizar outros propelentes. O quadro apresenta as características aproximadas do lançador. Segundo fontes iranianas, o foguetão utilizado para orbitar o Navid-e Elm-o Sanat (Safir-e Navid), era capaz de gerar mais 20% de força do que os lançadores anteriores.