O foguetão Indiano GSLV MkIII levou a cabo a sua primeira missão orbital colocando em órbita geossíncrona o satélite de comunicações GSat-19E. O lançamento teve lugar às 1158UTC do dia 5 de Junho de 2017 a partir da Plataforma de Lançamento SLP do Centro Espacial Satish Dawan SHAR, Ilha de Sriharikota.
O primeiro voo orbital do Geosynchronous Satellite Launch Vehicle Mark III (GSLV Mk.III) constitui um marco importante para o programa espacial da Índia, sendo um lançador mais potente que irá permitir àquele país Asiático o lançamento de cargas mais pesadas. Este lançamento surge cerca de dois anos e meio após o voo inaugural do GSLV MkIII, mas no qual somente foram utilizados os estágios inferiores, sendo o estágio superior um modelo. O voo de teste, que ocorreu a 18 de Dezembro de 2014, transportou o protótipo de uma cápsula espacial tripulada e também serviu para validar o desenho do lançador e demonstrar a performance do primeiro estágio bem como a operacionalidade dos propulsores laterais e do segundo estágio de combustível líquido. Em resultado do voo de teste, a Indian Space Research Organisation (ISRO) refinou o desenho do GSLV MkIII. As ogivas dos dois propulsores laterais de combustível sólido estão agora inclinados em direcção ao estágio central e o lançador utiliza uma carenagem em forma de ogiva em vez de uma carenagem de forma mais cilíndrica, tal como havia sido utilizada na missão de 2014.
Anteriormente designado como LVM3, o GSLV MkIII marca assim a terceira geração de lançadores para as capacidades orbitais da Índia. Apesar de partilhar o nome com os seus antecessores, o GSLV MkIII é um veículo completamente diferente dos veículos MkI e MkII. O Mark III é um lançador a três estágios com um primeiro estágio composto por dois propulsores laterais de combustível sólido montados lateralmente ao corpo central de combustível líquido composto por dois estágios.
Dois motores S200 compõe o primeiro estágio do GSLV Mk III, tendo um comprimento de 26,2 metros e um diâmetro de 3,2 metros. Cada S200 contém 205.000 kg de propelente sólido que é composto por perclorato de alumínio, alumínio e polibutadieno hidroxil (HTPB). A ignição do primeiro estágio ocorre a T=0s, iniciando uma queima de 140 segundos.
Cerca de 114 segundos após abandonar a plataforma de lançamento, o segundo estágio – o estágio inicial do corpo central – entra em ignição. Este é o estágio L110 propulsionado por dois motores Vikas. Este é uma versão do motor Francês Viking, licenciado para o ISRO, e que foi utilizado nos foguetões Ariane-1, Ariane-2, Ariane-3 e Ariane-4, entre 1979 e 2004. Anteriormente, a ISRO utilizou o Vikas nos lançadores PSLV e GSLV. O segundo estágio consome UDMH como propelente, sendo oxidado por tetróxido de dinitrogénio. O final da queima e separação do primeiro estágio ocorre 26 segundos após a ignição do segundo estágio.
Na separação, o GSLV MK III D1 estava a uma altitude de cerca de 62 km, viajando a uma velocidade de 1,95 km/s. A T+3m 45s, com o lançador a 116 km de altitude, ocorreu a separação das duas metades da carenagem de separação.
O segundo estágio teve uma ignição de três minutos e vinte e três segundos, terminando a sua queima a T+5m 17s. O estágio vazio é separado a T+5m 20s, com o terceiro estágio a entrar em ignição dois segundos mais tarde. Isto inicia uma queima de 10 minutos e 43 segundos para o estágio C25 que é propulsionado por um motor criogénico CE20 consumindo hidrogénio e oxigénio líquidos.
A queima do terceiro estágio termina a T+16m 5s com o GSLV Mk III D1 numa órbita de transferência geossíncrona com um perigeu a 170 km de altitude, apogeu a 35.975 km e inclinação orbital de 21,5º. A separação do GSat-19E ocorre a T+16m 20s.
Com uma massa de 3.136 kg, o GSat-19E é o satélite mais pesado colocado em órbita pela ISRO. Mais de metade da massa do satélite é constituída por propelente, a maior parte do qual é gasto nas manobras iniciais de elevação orbital para a órbita geossíncrona. Sem propelente, o satélite tem uma massa de 1.394 kg. baseado na plataforma I-3K, o satélite foi construído pela ISRO e transporta oito repetidores de banda Ku/Ka.
A principal missão do satélite é a de demonstração tecnológica, servindo para testar novos sistemas em órbita geostacionária e que serão utilizados em futuros satélites de comunicações Indianos.
A bordo do GSat-19 encontra-se também o Geostationary Radiation Spectrometer (GRASP) que irá detectar e estudar as partículas carregadas no ambiente do satélite em órbita, ajudando assim a caracterizar o efeito destas partículas no satélite e nos seus sistemas eléctricos.
Dados estatísticos e próximos lançamentos
– Lançamento orbital: 5630
– Lançamento orbital Índia: 59
– Lançamento orbital desde Satish Dawan SHAR: 59
Dos lançamentos bem sucedidos levados a cabo em 2017: 12,9% foram realizados pelos Estados Unidos (incluindo ULA – 100,0% (4) e Orbital ATK – 0,0%); 16,1% (5) pela China; 9,7% (3) pela Rússia; 19,4% (6) pela Arianespace; 9,7% (3) pela Índia; 9,7% (3) pelo Japão e 22,6% (7) pela SpaceX.
Os próximos lançamentos orbitais previstos são (hora UTC):
13 Jun (????:??) – CZ-3B Chang Zheng-3B/G2 – Xichang, LC2 – ZX-9A Zhongxing-9A
14 Jun (0920:00) – Soyuz-2-1A – Baikonur, LC31 PU-6 – Progress MS-06; Radioskaf RS-6; Radioskaf RS-7; TNS-0 n.º 2; Sfera
15 Jun (????:??) – Falcon-9 (reused 1st stage B1029) – CE Kennedy, LC-39A – BulgariaSat-1
23 Jun (????:??) – PSLV-C38 – Satish Dawan SHAR, FLP – CartoSat-2E; Blue Diamond; Red Diamond; Greem Diamond; Venta-1; Max Valier; COMPASS-2; InflateSail; LituanicaSAT-2; URSA MAIOR; NUDTSat; Pegasus; UCLSat; VZLUSat-1; Aalto-1
25 Jun (????:??) – 14A15 Soyuz-2.1V/Volga – GIK-1 Plesetsk, LX43/4 – 14F150 n.º 2 (?)