Texto de Salomé T. Fagundes / Rui C. Barbosa
A missão indiana Chandraayan-2 falhou a alunagem no dia 6 de Setembro de 2019.
O modulo lunar (Vikram) que carregava o rover (Pragyan) perdeu a comunicação com o orbitador faltando cerca de 0.3 km para a alunagem.
Passado aproximadamente um mês após o lançamento a missão Chandraayan-2 chega a orbita lunar e inicia manobras para a alunagem poucos dias depois sendo a sua fase final a separação do orbitador e consequente alunagem de modo muito suave do modulo Vikram.
Tudo corria dentro dos parâmetros previstos pela ISRO (Indian Space Research Organization) até que a 2.1 km de altitude, na fase de travagem o modulo lunar desvia cerca de 1 km da trayectoria planeada e a 0,3 km de altitude a comunicação com a estação terrestre é perdida conforme se pode ver no gráfico em cima.
Sendo que o orbitador continuava activo e a transmitir para as estações terrestres, logo começou a tentativa de descobrir onde estaria o modulo Vikram analisando todos os dados possíveis da telemetria. Após sobrevoar varias vezes o local da prevista alunagem, o modulo Vikram foi descoberto a 10 de Setembro de 2019 mas sem sucesso em estabelecer uma comunicação, segundo uma publicação que a ISRO colocou no twitter. Segundo a mesma publicação, todos os esforços irão ser feitos para tentar com que haja uma comunicação por parte do modulo Vikram.
A missão Chandrayaan-2 é composta por um orbitador, um veículo de descida (Vikram) e um rover (Pragyan). Após se colocar numa órbita a 100 km da superfície lunar, o veículo de descida albergando o rover irão separar-se do orbitador. Depois de uma descida controlada, o veículo vai alunar suavemente na superfície lunar e colocar no rover na superfície.
Os objectivos científicos da missão passam por melhorar a compreensão da origem e evolução da Lua utilizando a instrumentação a bordo do orbitador e por análises de amostras do solo lunar.
Com uma massa de 3.850 kg no lançamento, a Chandrayaan-2 tem as seguintes dimensões: 3,1 x 3,1 x 5,8 metros, tendo sido totalmente desenvolvida pela ISRO e baseada na plataforma I-3K.
O veículo orbitador serviu de módulo de transporte para o Vikram (e consequentemente para o Pragyan) até à órbita lunar. Posteriormente, deveria servir como retransmissor de comunicações com a rede de espaço profundo Indiana localizada em Byalalu.
Colocado numa órbita circular a 100 km da superfície lunar, o orbitador terá uma vida útil de um ano. A sua massa é de 2.379 kg e as suas dimensões são 3,2 x 5,8 x 2,1 metros. Transporta oito cargas científicas: a Terrain Mapping Camera (TMC), que irá gerar um modelo de elevação digital de toda a superfície lunar; o Chandrayaan-2 Large Area Soft X-ray Spectrometer (CLASS), que irá testar a composição elementar da superfície lunar; o Solar X-Ray Monitor, que irá fornecer leituras para o CLASS; o Imaging IR Spectrometer (IIRS), irá mapear a mineralogia lunar e confirmar a presença de gelo de água na superfície lunar através de uma verificação Megala; o Synthetic Aperture Radar L&S Bands (SARB), que irá mapear a região polar e confirmar a presença de gelo de água ao nível da sub-superfície; o Chandra’s Atmospheric Composition Explorer-2, irá examinar a exosfera neutra da Lua; a Orbiter High Resolution Camera, que irá levar a cabo um mapeamento topográfico de alta resolução da superfície lunar; e a Dual Frequency Radio Science Experiment, que irá estudar a ionosfera lunar.
O veículo de descida Vikram tem uma massa de 1.471 kg e as suas dimensões são 2,54 x 2,0 x 1,2 metros. O veículo foi baptizado com o nome de Vikram A. Sarabhai, o pai do programa espacial da Índia. O Vikram deveria estar operacional durante um dia lunar, isto é 14 dias terrestres, e tem a capacidade de comunicar com a a rede de espaço profundo Indiana, bem como o orbitador e com o veículo robótico Pragyan.
O Vikram estava projectado para levar a cabo uma alunagem suave com uma velocidade de 2 m/s, descendo entre as crateras Manzinus C e Simpelius N, a uma latitude de cerca de 70,9º S – 22,7º E (o local alternativo de descida está localizado a 67,7º S – 18,4º O).
A bordo do Vikram estão três cargas científicas: Instrument for Lunar Seismic Activity, que irá caracterizar o ambiente sísmico em torno do local de alunagem; o Chandra’s Surface Thermo-physical Experiment, que irá analisar a termocondutividade da Lua e o seu gradiente de temperatura; e uma sonda Langmuir, que irá levar a cabo estudos ionosféricos na superfície lunar.
O veículo robótico Pragyan (‘Sabedoria’ em sánscrito) foi transportado a bordo do Vikram e tem uma massa de 27 kg, tendo as dimensões 0,9 x 0,75 x 0,85 metros. Este veículo movido a seis rodas deveria operar durante 14 dias na superfície lunar e tem a capacidade de subir inclinações até 500 metros, movendo-se a 1 cm/s. Deveria comunicar com o veículo Vikram e é alimentado a energia solar.
A bordo do Pragyan seguiam três cargas científicas: Alpha Particle X-ray Spectrometer, para determinar a composição elementar da Lua; o Laser Induced Breakdown Spectroscope, que irá identificar a abundância dos diferentes elementos na vizinhança do local de alunagem; e a experiência passiva Laser Retroreflector Array (LRA), que irá auxiliar na compreensão da dinâmica do sistema da Lua e também derivar pistas acerca do interior lunar.