Gaia encontra candidatos para casa interestelar de ‘Oumuamua’

This artist’s impression shows the first interstellar object discovered in the Solar System, `Oumuamua. Observations made with the NASA/ESA Hubble Space Telescope and others show that the object is moving faster than predicted while leaving the Solar System. Researchers assume that venting material from its surface due to solar heating is responsible for this behaviour. This outgassing can be seen in this artist’s impression as a subtle cloud being ejected from the side of the object facing the Sun. As outgassing is a behaviour typical for comets, the team thinks that `Oumuamua’s previous classification as an interstellar asteroid has to be corrected.

Utilizando dados do pesquisador estelar Gaia da ESA, os astrónomos identificaram quatro estrelas que são possíveis locais de origem de ‘Oumuamua, um objeto interestelar observado durante uma breve visita ao nosso Sistema Solar em 2017.

A descoberta, no ano passado, provocou uma grande campanha de observação: originalmente identificado como o primeiro asteroide interestelar conhecido, o pequeno corpo revelou ser, mais tarde, um cometa, já que outras observações mostraram que não estava a desacelerar tão rápido quanto deveria sob a gravidade por si só. A explicação mais provável para as pequenas variações registadas na sua trajectória foi que estas são causadas por gases que emanam da sua superfície, tornando-o mais parecido com um cometa.

Mas de onde, na Via Láctea, veio este viajante cósmico?

Os cometas são restos da formação de sistemas planetários, e é possível que ‘Oumuamua tenha sido ejectado da região da sua estrela natal, enquanto os planetas ainda lá estavam em formação. Para procurar a sua casa, os astrónomos tiveram de rastrear no tempo, não apenas a trajectória do cometa interestelar, mas também uma selecção de estrelas que talvez se tenham cruzado com este objeto nos últimos milhões de anos.

Gaia é uma poderosa máquina do tempo para este tipo de estudos, pois fornece não apenas as posições das estrelas, mas também os seus movimentos,” explica Timo Prusti, cientista do projecto Gaia da ESA.

Com este objetivo, uma equipa de astrónomos, liderados por Coryn Bailer-Jones no Instituto Max Planck de Astronomia em Heidelberg, Alemanha, mergulhou nos dados do segundo lançamento de Gaia, o qual foi divulgado em abril.

Os dados de Gaia contêm posições, indicadores de distância e movimentos no céu para mais de mil milhões de estrelas na nossa galáxia; mais importante ainda, o conjunto de dados inclui velocidades radiais – o quão rápido se estão a mover em direcção ou para longe de nós – para um subconjunto de sete milhões, permitindo uma reconstrução completa das suas trajectórias. A equipa analisou esses sete milhões de estrelas, complementadas com um extra de 220.000 para as quais estão disponíveis velocidades radiais a partir da literatura astronómica.

Como resultado, Coryn e os seus colegas identificaram quatro estrelas cujas órbitas se encontravam a poucos anos-luz de ‘Oumuamua no passado próximo, e com velocidades relativas baixas o suficiente para serem compatíveis com prováveis mecanismos de ejecção.

Todas são estrelas anãs – com massas similares ou menores que as do nosso Sol – e tiveram o seu encontro “próximo” com o cometa interestelar entre um e sete milhões de anos atrás. No entanto, nenhuma delas é conhecida por albergar planetas ou por fazer parte de um sistema estelar binário; um planeta gigante ou uma estrela companheira seria o mecanismo preferido para ejetar o pequeno corpo.

Embora futuras observações dessas quatro estrelas possam lançar uma nova luz sobre as suas propriedades e potencial para ser o sistema de origem de ‘Oumuamua, os astrónomos também estão ansiosos para futuros lançamentos de dados de Gaia. Pelo menos dois estão planeados para a década de 2020, o que incluirá uma amostra muito maior de velocidades radiais, permitindo-lhes reconstruir e investigar as trajectórias de muitas outras estrelas.

Embora ainda seja cedo para identificar a estrela natal de Oumuamua, este resultado ilustra o poder de Gaia de mergulhar na história da nossa galáxia Via Láctea,” conclui Timo.

Notícia e imagem: ESA

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