Veterano de três missões espaciais, o cosmonauta Valeri Kubasov faleceu no dia 19 de Fevereiro de 2014 com 79 anos de idade.
Valeri Kubasov tornou-se no primeiro construtor espacial quando, como Engenheiro de Voo a bordo da Soyuz-6 em Outubro de 1969, operou um protótipo de uma unidade de soldagem que um dia poderia ser utilizada na montagem de estações espaciais. A unidade Vulkan permaneceu no módulo orbital da Soyuz-6 e foi operada por controlo remoto por Kubasov, que permaneceu no módulo de regresso com o Comandante Georgi Shonin.
Este foi o único ponto alto de um voo espacial cujos objectivos originais permaneceram secretos por muitos anos: o voo simultâneo de três cápsulas espaciais tripuladas Soyuz (Soyuz-6, Soyuz-7 e Soyuz-8), transportando sete cosmonautas no total, durante uma semana. Sabe-se agora que a Soyuz-7 e a Soyuz-8 deveriam ter realizado uma acoplagem em órbita, que no entanto não foi possível de concretizar devido a uma falha técnica no dispositivo de medição de distância da Soyuz-8. A Soyuz-6 deveria ter fotografado a manobra de aproximação e acoplagem entre os outros dois veículos.
Mais tarde, Kubasov serviu como Engenheiro de Voo para a participação soviética no programa ASTP (Apollo-Soyuz Test Project). Durante seis dias Kubasov e o seu Comandante Leonov orbitaram a Terra na Soyuz-19, permanecendo acoplados com uma cápsula Apollo durante dois desses dias. Foi o culminar de um programa de treino e de relações públicas de dois anos que envolveu a visita de cosmonautas e astronautas aos centros espaciais dos dois países.
Na sua terceira missão espacial, a bordo da Soyuz-, Kubasov serviu como Comandante com o piloto húngaro Bertalan Farkas a servir como Cosmonauta Investigador. Esta missão Intercosmos teve uma duração de 8 dias, durante a qual Kubasov e Farkas visitaram os cosmonautas Leonid Popov e vari Ryumin a bordo da estação espacial Salyut-6.
Valeri Nikolayevich Kibasov nasceu a 7 de Janeiro de 1935 em Vyazniki, região de Vladimir a Nordeste de Moscovo. A sua aptidão para a matemática e as excelentes classificações na escola secundária facilitarem a sua admissão no Instituto de Aviação de Moscovo em 1952. Após a sua formação como Engenheiro Aeroespacial em 1958, Kubasov começou de imediato a trabalhar na oficina de desenho de veículos espaciais de Korolev.
Primeiramente Kubasov estava envolvido no estudo de balística mais precisamente no cálculo das trajectórias dos veículos espaciais, mas mais tarde trabalhou na cápsula espacial Voskhod na equipa de Mikhail Tokhontavov. Kubasov era um dos jovens engenheiros que inundava o Desenhador Chefe Korolev com candidaturas para o treino de cosmonauta. Kubasov foi aceite por Korolev em Junho de 1964 mas a formação do grupo de cosmonautas civis foi adiada. Finalmante iniciou o seu treino espacial em Maio de 1966 juntamente com outros sete candidatos.
Foi seleccionado como membro da tripulação suplente para a missão da Soyuz-1 e Soyuz-2 prevista para Abril de 1967, trabalhando com Andrian Nikolayev e Viktor Gorbatko na Soyuz-2 em técnicas para as actividades extraveículares entre dois veículos acoplados em órbita. A Soyuz-2 não foi lançada devido aos problemas registados com a Soyuz-1 e devido à morte do cosmonauta Vladimir Komarov no final do seu voo que forçaram um interregno de 18 meses nas missões espaciais tripuladas da União Soviética.
Quando os voos espaciais foram retomados, Kubasov permaneceu como suplente do cosmonauta Alexei Yeiliseyev, que levou a cabo um passeio espacial de transferência entre a Soyuz-5 e a Soyuz-4 durante a missão realizada em Janeiro de 1969.
Após a Soyuz-6, Kubasov levou a cabo sessões de treino para a segunda de uma série de missões a bordo da nova estação espacial Salyut em 1971. Mas a primeira tripulação enviada para a Salyut não conseguiu entrar a bordo da estação. Kubasov, o Comandante Alexei Leonov e o investigador Pyotr Kolodin, prepararam-se então para voar na missão inicial, prevista para ter uma duração de dois meses. Mas a 4 de Junho de 1971, a apenas dois dias do lançamento, Kubasov foi diagnosticado com um problema pulmonar. Foi imediatamente removido do grupo de voo.
O problema de Kubasov foi diagnosticado como sendo apenas uma reacção alérgica aos pesticidas que estavam a ser utilizados no cosmódromo. Voltando ao grupo de voo, ele e Leonov treinaram como uma tripulação de dois homens para missões a bordo da Salyut em 1972 e 1973, que nunca foram lançadas devido a outros problemas.
Após o segundo voo abortivo, em Maio de 1973, foram designados para o projecto ASTP. Nenhum deles falava inglês mas, tal como indicou o chefe dos cosmonautas Vladimir Shatalov, tinham mais de dois anos para aprender a nova língua. Porém, durante os seus encontros com os astronautas americanos, Kubasov raramente falava, num flagrante contraste com o exuberante Leonov.
Em 1975 Kubasov sucedeu a Sergei Anokhin como director do departamento de cosmonautas civis na oficina de Korolev, que agora se denominava Empresa de Produção Científica Energia (NPO Energia). Kubasov supervisionou a selecção do grupo de cosmonautas em 1978.
Em Outubro de 1977 tornava-se Comandante Civil das Soyuz quando a acoplagem falhada da Soyuz-25 levou a que a Comissão Estatal responsável pelos voos espaciais tripulados decidisse que não haveria mais tripulações somente constituída por cosmonautas novatos. Todos os comandantes experimentados estavam nomeados para outras funções ou tripulações e assim foi dada a oportunidade única a Nikolai Rukavishnikov e a Kubasov de se tornarem Comandantes. Substituindo um piloto novato, Kubasov serviu como Comandante Suplente para o voo soviético-polaco Soyuz-30 em 1978.
Em Junho de 1987 Kubasov tornou-se Director Adjunto de um departamento na NPO Energia dedicado ao desenvolvimento de novos sistemas de suporte de vida para missões de longa duração. Reformou-se do serviço activo como cosmonauta em Outubro de 1993.
Valeri Kubasov foi o 39º ser humano e o 17º cosmonauta soviético (juntamente com o cosmonauta Georgi Stepanovh Shonin) a realizar uma missão espacial orbital a bordo da Soyuz-6 numa missão com uma duração de 4 dias 22 horas 42 minutos e 47 segundos. Na missão Soyuz-19 tornou-se no 26º ser humano e no 11º cosmonauta soviético (juntamente com o cosmonauta Alexei Arkhipovich Leonov) a realizar duas missões espaciais, tendo esta uma duração de 5 dias 22 horas 30 minutos e 51 segundos. Na sua terceira missão espacial, Soyuz-35, Kubasov tornou-se no 14º ser humano e no 7º cosmonauta soviético a realizar três missões espaciais, tendo esta uma duração de 7 dias 20 horas 45 minutos e 44 segundos. No total, valeri Kubasov acumulou 18 dias 17 horas 59 minutos e 2 segundos de experiência em voo espacial.
(Texto baseado numa biografia por Michael Cassutt)