Falcon-Heavy coloca três satélites em órbita

A Space Exploration Technologies Corp. (SpaceX) realizou o lançamento do foguetão Falcon Heavy-06 às 0026:00UTC do dia 1 de Maio de 2023 a partir do Complexo de Lançamento LC-39A do Centro Espacial Kennedy, Ilha de Merritt – Florida, transportando três satélites a bordo.

Todas as fases do lançamento do foguetão Falcon Heavy-06 (B1052.9, B1068.1, B1053.3) decorreram como programado, não estando prevista a recuperação do estágio central, bem como dos propulsores laterais que foram descartados e se despenharam no Oceano Atlântico.

A carga a bordo do Falcon Heavy-06

O Falcon Heavy-06 transportou os satélites ViaSat-3.1 Americas, Arcturus (Aurora-4A) e G-Space 1 (Nusantara H-1A).

Construído pela Boeing Satellite Systems (plataforma de satélite) e pela ViaSat Inc. (carga de comunicações), o satélite ViaSat-3.1 Americas é o primeiro de uma série de três satélites ViaSat-3 de alta capacidade que serão operados pela ViaSat Inc.

O satélite é baseado na plataforma BSS-702MP+ e tem uma massa de 6.418 kg, estando operacional na órbita geossíncrona por 15 anos. Cada satélite ViaSat-3 deverá proporcionar mais de 1 Tbps (1.000 Gbps) de capacidade de rede total para fornecer uma rede de banda larga global com largura de banda suficiente para proporcionar serviços de Internet e de vídeo de alta velocidade de elevada qualidade a preços competitivos.

Também designado Aurora-4A, o satélite Arcturus foi construído pela Astranis, sendo um pequeno satélite de comunicações geoestacionário de alta capacidade que será utilizado para o fornecimento de serviços de comunicações de banda larga para a Alaska for Pacific Dataport. A Astranis irá operar o satélite baseado na plataforma MicroGEO. O seu tempo de vida operacional será de 7 anos.

Com uma massa de 300 kg, o Arcturus utiliza propulsão eléctrica para atingir a sua posição na órbita geossíncrona. A carga de comunicações de banda Ku HTP irá fornecer ao Alasca uma capacidade de 7,5 Gbps, com os utilizadores a utilizarem inicialmente um downlink de 25 Mbps e um uplink de 3 Mbps.

O G-Space 1 é um CubeSat-16U desenvolvido pela Gravity Space que irá operar na órbita geoestacionária, transportando várias cargas para diferentes clientes, incluindo cargas de observação da Terra, experiências cientificas e serviços BIU (bring-into-use) em bandas de frequência Ku, Ka e V/Q.

A Gravity Space contratou a dinamarquesa Space Inventor para a construção do CubeSat-16U. O satélire será operado pela Gravity Space, PT Pasifik Satelit Nusantara e pela Infinite Orbits.

As cargas a bordo são a Nusantara H-1A e a “Orbit Guard”. A Nusantara H-1A é uma carga indonésia para garantir os direitos de banda Ka e Ku na órbita geossíncrona que foram reservados para um satélite de comunicações que tem sido adiado. A Indonésia vai assim reter os direitos com a utilização temporária de um satélite que irá “trazer à utilização” (“bring into use” – BIU) as frequências reservadas durante um período de três meses, o que irá permitir uma extensão da data limite de início de operações com o satélite de comunicações real.

A Infinite Orbits desenvolveu e testou a sua carga “Orbit Guard” de consciência situacional espacial com a capacidade de seguir RSO (Resident Space Objects) ao utilizar capacidades de visão por computador orientadas por técnicas de estimativas de aprendizagem de máquina.

Lançamento

A sequência de lançamento para o Falcon Heavy é semelhante à utilizada com o Falcon-9. A T-53m o Director de Lançamento verifica se tudo está a postos para se iniciar o abastecimento do lançador. O abastecimento de querosene RP-1 nos tanques de propelente terá início a T-50m, altura em que se inicia a contagem decrescente auto-sequencial na qual todo o processo de abastecimento e activação / verificação de sistema é feita de forma automática por computadores no solo e a bordo do lançador. Da mesma forma, o início do abastecimento de RP-1 ao segundo estágio ocorre poucos minutos depois do início do abastecimento do primeiro estágio. Este abastecimento irá terminar nos minutos finais da contagem decrescente.

Por seu lado, o abastecimento de oxigénio líquido inicia-se a T-45m, e tal como acontece com o RP-1, o abastecimento do segundo estágio inicia-se poucos minutos mais tarde. A T-7m é iniciado o procedimento de acondicionamento térmico dos motores, arrefecendo-os antes do lançamento.

A T-60s, o lançador irá entrar na fase final de alinhamento dos seus vários sistemas que irão controlar o veículo durante o seu voo. Nesta altura inicia-se também a pressurização dos dos tanques de propelente.

A T-45s o Director de Voo confirma que toda a equipa de lançamento está pronta para a missão após a finalização do processo de abastecimento e da purga das condutas de abastecimento. Segundos antes do início sequencial dos 27 motores, o sistema de supressão sónica da Plataforma de Lançamento 39A irá iniciar a descarga de toneladas de água na base do sistema de transporte, erecção e lançamento TEL (Transporter/Erector/Launcher) para assim eliminar a energia sónica produzida pelos motores Merlin-1D.

A sequência de ignição inicia-se a T-5s para os propulsores laterais e a T-3s o estágio central (considerada a fase de 1º estágio) entra em ignição. Se todos os parâmetros dos 27 motores forem aceitáveis, o computador de bordo irá ordenar a separação dos sistemas umbilicais Tail Service Masts (TSMs) que fornecem propelente, energia eléctrica e conexões de dados ao lançador. Na mesma altura, os sistemas de fixação do lançador na base da plataforma de lançamento são abertos, libertando o lançador para o seu voo.

Nos momentos iniciais, os 27 motores funcionam na potência máxima, mas logo após abandonar a plataforma de lançamento a potência dos nove motores centrais é diminuída. Ultrapassando a fase de MaxQ – isto é, de máxima pressão dinâmica – a T+1m 9s, os motores do sistema de propulsão central aumentam novamente a sua potência.

Os computadores de bordo irão iniciar a desactivação dos propulsores laterais (T+3m 5s) e a sua sequência de separação. Esta irá ocorrer ao mesmo tempo para os dois propulsores a T+3m 8s, com os sistemas de fixação dos propulsores e do estágio central a serem recolhidos e protegidos para posterior análise e possível reutilização. Nesta missão, os dois propulsores laterais foram descartados.

O Falcon Heavy continua então a sua ascensão propulsionado pelo seu estágio central (tal como um Falcon-9) – agora considerada a fase de segundo estágio, acelerando para a órbita terrestre. Finalizando a sua queima a T+4m 13s, a separação ocorre então a uma velocidade superior à que é usual num lançamento do Falcon-9. A separação tem lugar a T+4m 17s. Este estágio foi descartado nesta missão. Após a separação do estágio central, o motor Merlin MVac, um motor Merlin-1D optimizado para funcionar no vácuo, irá entrar em ignição a T+4m 23s para colocar a sua carga em órbita. As duas metades da carenagem de protecção separam-se então do lançador a T+4m 51s.

O final da primeira queima do segundo estágio ocorre a T+8m 6s. O segundo estágio vai realizar duas queimas antes da separação dos satélites, com a primeira queima a decorrer entre T+29m 42s e T+31m 46s, enquanto a segundo queima decorre entre T+4h 22m 19s e T+4h 23m 14s.

A separação do satélite Viasat-3.1 Americas ocorre a T+4h 32m 15s, com o satélite G-Space 1 a separar-se a T+4h 38m 46s e o satélite Arcturus a separar-se a T+4h 45m 17s.

O poderoso Falcon Heavy

O Falcon Heavy é um foguetão com um comprimento de 70 metros e uma envergadura de 12,2 metros. Com uma massa de 1.420.788 kg no lançamento e produzindo uma força máxima ao nível do mar de 22.819,38 kN (com uma força máxima no vácuo de 24.680,96 kN), o Falcon Heavy é capaz de lançar uma carga de 63.800 kg para uma órbita terrestre baixa, 26.700 kg para uma órbita de transferência geossíncrona ou 16.800 kg para Marte ou mesmo 3.500 kg para Plutão, nos limites do Sistema Solar.

O Falcon Heavy é no entanto inferior ao foguetão Saturn-V na sua capacidade de carga. O foguetão lunar Norte-americano era capaz de colocar uma carga de 140.000 kg numa órbita terrestre baixa

As impressionantes capacidades de carga do Falcon Heavy deverão proporcionar uma maior capacidade de carga a preços mais baixos do que os actualmente praticados no mercado internacional do lançamento de satélites.

Com 27 motores a funcionar na fase do primeiro estágio, o Falcon Heavy é o lançador Norte-americano com um maior número de motores no primeiro estágio, somente ultrapassado pelo histórico foguetão lunar N-1 da União Soviética cujos quatro voos resultaram em fracassos.

O Falcon Heavy tem uma excelente capacidade de superar a perda de um ou vários motores caso algo ocorra durante o seu funcionamento, pois na maior parte dos cenários (exceptuando, como é óbvio, uma explosão catastrófica) o lançador é capaz de cumprir a sua missão com sucesso caso se dê a desactivação de um dos motores.

Lançamento Veículo

Estágios

Local Lançamento Data Hora (UTC) Carga
2018-017 01

B1033.1

B1023.2

B1025.2

CE Kennedy

LC-39A

06/Fev/18 20:45 Tesla Roadster
2019-021 02

B1055.1

B1052.1

B1053.1

CE Kennedy

LC-39A

11/Abr/19 22:35:00,526 Arabsat-6A
2019-036 03

B1052.2

B1057.1

B1053.2

CE Kennedy

LC-39A

25/Jun/19 06:30 STP-2 (DSX)

FORMOSAT-7A

FORMOSAT-7B

FORMOSAT-7C

FORMOSAT-7D

FORMOSAT-7E

FORMOSAT-7F

GPIM+AFIT SOS

OTB-1

FalconSat-7

NPSat-1

Oculus-ASR

Prox-1 + LightSail-B

ARMADILLO

E-TBEx A

E-TBEx B

Psat-2

BRICSat-2

TEPCE-1

TEPCE-2

CP-9 (LEO)

StangSat

Balastro

2021-144 04

B1064.1

B1066.1

B1065.1

CE Kennedy

LC-39A

01/Nov/22 13:41 USSF-44 (USA-339)

LDPE-2 (ROOSTER-2)

TETRA-1

USUVL

LINUSS 1 (LINUS-A 1)

LINUSS 2 (LINUS-A 2)

2023-008 05

B1064.2

B1070.1

B1065.2

CE Kennedy

LC-39A

15/Jan/23 22:56 USA-340 (USSF-67)

LDPE-3A (ROOSTER-3A)

2023-060 06

B1052.9

B1068.1

B1053.3

CE Kennedy

LC-39A

01/Mai/23 00:26:00 ViaSat-3 Americas

Arcturus (Aurora-4A)

G-Space 1 (Nusantara H-1A)