O cosmonauta Konstantin Anatoliyevich Valkov esteve em Portugal para participar no Dia da Rússia e do Cosmos inserido na Semana da Cultura Russa organizada pelo Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto (ISCAP) entre 11 e 16 de Abril de 2011.
A sessão solene contou com a presença do Eng. Couto dos Santos, da jornalista Tâmara Moroshan (jornal Slovo), de João Luís Sousa (jornalista do jornal Vida Económica), de Joana Neves (bolseira do Instituto Pushkin) e do cosmonauta Konstantin Valkov. Inicialmente, havia sido anunciada a presença do cosmonauta Oleg Kotov, mas este não pôde estar presente pois foi condecorado pelo Presidente Russo no mesmo dia em Moscovo.
No ISCAP encontrava-se também em exibição uma exposição fotográfica sobre a aventura espacial russa que contou com a exibição de alguns vídeos sobre a missão de Yuri Gagarin
Valkov fez uma apresentação com o tema “O Cosmos: Uma Vida Para a Paz” referindo também os preparativos e a missão de Yuri Gagarin, além de abordar a sua própria preparação para a missão Soyuz TMA-04M que deverá ser lançada a 26 de Março de 2012.
No final da sua palestra o Boletim Em Órbita teve o privilégio de conversar com Konstantin Valkov.
Boletim Em Órbita (BEO) – O que é ser cosmonauta na Rússia do Século XXI?
Konstantin Valkov (KV) – Ser cosmonauta na Rússia requer muito trabalho e concentração. O mais difícil é estar constantemente preparado «a vida toda».
BEO – Na Rússia ainda existe a ideia de que um cosmonauta é um «herói»?
KV – Ao contrário do que acontecia anteriormente, já não há essa ideia. Hoje em dia ser cosmonauta é uma profissão normal, mas apesar disso é uma profissão muito difícil e dura.
BEO – O que é que levou Valkov a escolher a profissão de cosmonauta?
KV – Gagarin chamou-nos a todos para ir ao espaço. Desde a minha infância sabia quem era Gagarin e tinha o sonho de ser piloto militar. Todos sonhávamos ser Gagarin, mas víamos a sua figura como algo de inultrapassável. No fundo, nunca vamos conseguir ultrapassar o que Yuri Gagarin fez! Em termos pessoais, foi-me dada a oportunidade de ingressar no Centro de Treinos de Cosmonautas e eu aproveitei essa oportunidade. E sendo sincero, era isso mesmo o que eu queria pois para um piloto, ser cosmonauta é um passo à frente, e isto visto não do ponto de vista de uma carreira, mas sim do ponto de vista pessoal.
BEO – Como é que vê o futuro espacial da Rússia e a colaboração com os Estados Unidos?
KV – A colaboração com os Estados Unidos irá continuar e nesta altura ainda bem que se compreendeu que a Guerra-fria foi um grande erro, pois do ponto de vista tecnológico são projectos que requerem grandes investimentos e somente um país não é capaz de suportar todo esse investimento. Os dois países têm os seus trabalhos de investigação independentes, mas somente com uma estreita colaboração é que se conseguirá chegar a um objectivo.
BEO – E no futuro será possível uma colaboração com a China?
KV – Sim, é possível! Ao longo dos últimos anos a China tem tido uma história espacial semelhante à nossa, conseguindo avançar rapidamente no lançamento dos seus cosmonautas. A colaboração com a China não é só possível, como desejável.
BEO – A ISS funcionará até 2020. Será que Valkov só fará uma viagem ao espaço?
KV – A nossa equipa de cosmonauta não é assim tão grande e a ISS é ocupada por uma tripulação de seis pessoas. Cada um de nós é preparado de forma individual mas também fazendo parte de uma equipa, e até 2020 espero que eu e todos os meus colegas deveremos viajar até à ISS mais do que uma vez. Da mesma forma que se colocou em orbita uma nova estação antes da destruição da Mir, certamente se irá lançar um novo projecto antes do final da ISS.
BEO – Obrigado pela oportunidade e sucesso para a sua missão e carreira espacial!
KV – Muito obrigado!
O Boletim Em Órbita agradece a colaboração de Susana Pinto, do Gabinete de Comunicação e Relações Públicas do ISCAP, e a colaboração na tradução de Zarina Shihverdieva.