Conhecer o cometa da Rosetta

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A Rosetta está a revelar um cometa hospedeiro com uma incrível variedade à superfície e com vários processos a controbuir para a sua atividade, traçando uma complexa imagem da sua evolução.

Numa edição especial da revista Science, são apresentados os resultados iniciais de sete dos 11 instrumentos científicos da Rosetta, baseados em medições feitas durante a aproximação e logo a seguir à chegada ao cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko, em Agosto de 2014.

Há já várias medições do cometa, em duplo lóbulo: o lóbulo pequeno mede 2,6×2,3×1,8km e o lóbulo grande 4,1×3,3×1,8km. O volume total do cometa é de 21,4km3 e a massa, medida pelo instrumento Radio Science, é de 10 mil milhões de toneladas, atingindo uma densidade de 470 kg/m3.

Comet_regional_maps_node_full_image_2Assumindo que a composição da cometa é dominada por água gelada e poeira com uma densidade de 1500-2000 kg/m3, os cientistas da Rosetta mostram assim que o cometa tem uma grande porosidade, de 70-80%, com a estrutura interior a incluir amontoados de gelo com ligações fracas e pequenos espaços vazios entre eles.

A câmara científica OSIRIS captou cerca de 70% da superfície, até à data: as áreas que ainda não foram vistas estão no hemisfério sul que ainda não esteve completamente iluminado desde a chegada da Rosetta.

Os cientistas identificaram até agora 19 regiões separadas por fronteiras distintas e, de acordo com a história do antigo Egipto, que lhe dá o nome, estas regiões recebem o nome de divindades egípcias, e estão agrupados de acordo com o tipo de terreno dominante.

Foram determinadas cinco elementares – mas diversas – categorias de terreno: coberto de pó; material quebradiço com covas e estruturas circulares; depressões em grande escala; terrenos suaves; e superfícies expostas e mais consolidadas (semelhantes a rochas).

Boa parte do hemisfério norte está coberta de pó. À medida que o cometa vai aquecendo, o gelo transforma-se em gás que se liberta, formando a atmosfera ou coma. A poeira é arrastada juntamente com o gás a velocidades mais reduzidas, e as partículas que não viajam com velocidade suficiente para ultrapassar a fraca gravidade caem na superfície.

Também foram identificadas algumas fontes de discretos jactos de actividade. Enquanto uma proporção significativa de actividade emana da suave região do pescoço, os jactos também foram detectados a sair de covas.

Os gases que escapam da superfície também parecem desempenhar um papel importante no transporte de poeira pela superfície, produzindo estruturas semelhantes a dunas, e pedregulhos com ‘caudas de vento’ – os pedregulhos actuam como obstáculo naural à direção de escoamento do gás, criando raios de material, na direção do vento.

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Como criar uma atmosfera

A maior aproximação ao Sol ocorre a 13 de Agosto, a uma distância de 186 milhões de quilómetros, entre as órbitas da Terra e de Marte. À medida que o cometa se vai aproximando do Sol, uma das prioridades dos instrumentos da Rosetta é monitorizar o desenvolvimento da atividade do cometa, em termos da quantidade e composição de gás e poeira emitidos pelo núcleo para formar a coma.

Imagens de câmaras científica e de navegação mostraram um aumento na quantidade de poeira que se escapou do cometa ao longo dos últimos seis meses, e o instrumento MIRO mostrou um aumento generalizado na taxa global de produção de vapor de água do cometa, de 0,3 litros por segundo no início de junho de 2014 para 1,2 litros por segundo no final de Agosto. A MIRO também descobriu que uma porção substancial de água foi vista durante esta fase, tendo origem no pescoço do cometa.

A água é acompanhada por outros tipos de gases, incluindo monóxido e dióxido de carbono. E espectrómetro ROSINA está a descobrir grandes flutuações na composição da coma, o que representa variações diárias e talvez até sazonais, nos principais gases. A água é tipicamente o dominante, mas nem sempre.

Notícia e imagens: ESA