Conduz-me à Lua

 

Graças aos avanços nas ligações eléctricas desenvolvidas para o espaço, alguns pilotos de corridas conduzem agora carros mais leves e potencialmente mais rápidos, em competições na Terra.

Sofisticadas técnicas de ligação desenvolvidas para satélites da ESA estão agora a ser usadas em carros de Fórmula Um, melhorando a sua performance e peso. 

«Identificamos uma necessidade no mercado espacial, em que são necessárias ligações robustas, flexíveis e leves, capazes de aguentar grandes forças,» disse Terry McManus, gestor de projeto da divisão de espaço da empresa sedeada no Reino Unido, Tekdata’s Cryoconnect.

No espaço, a Cryoconnect começou a usar materiais que se tornam supercondutores às baixas temperaturas no espaço. Também desenvolveram um método de ligar os fios de numa configuração plana em forma de tear. Estes feixes lisos de cabos elétricos voam em numerosas plataformas espaciais.

A companhia desenvolveu os ‘arreios’ de fios para um dos instrumentos do aparelho da ESA, Herschel, também foi produzido um arreio para o Instrumento de Alta Frequência do Planck da ESA, para funcionar a apenas um décimo de grau acima do zero absoluto para pesquisar a luz remanescente do Big Bang.

A Cryoconnect também está a trabalhar nos arreios dos três instrumentos do Telescópio Espacial Internacional, James Webb, o sucessor dos observatórios Hubble e Spitzer.

Estes sistemas elétricos exigem uma boa dose de inovação. «A componente que conseguimos trazer à equação foi a seleção de materiais exóticos bem como a metodologia da trama,» disse Terry.  

Há três anos, a Tekdata decidiu trazer o que tinham aprendido no espaço para usar no desporto automóvel.

«Muitas das nossas soluções espaciais são mais avançadas do que a atual tecnologia disponível no mercado do desporto automóvel. As equipas têm confiado na mesma tecnologia durante vários anos,» disse o gestor de negócio da Tekdata Mike Tickner, que tem experiência em desenhar e construir sistemas de ligação para carros de Formula Um.

“Estamos a transferir as melhores práticas do espaço para o automobilismo,” disse Terry, mas, ao contrário do que acontece no espaço, a Tekdata ainda usa os tradicionais fios de cobre nos carros.

O que mudou foi a forma como os cabos estão enrolados. Tipicamente, os cabos elétricos são enrolados num arreio redondo mas a Tekdata criou um sistema plano, como o dos satélites.  

Nos carros de corrida torna-se assim mais fácil encaixá-los debaixo do assento, por baixo da carroçaria ou no corpo do carro. «Pode ficar liso, é flexível e encaixa em sítios em que um cabo tradicional não caberia,» disse Mike.

Isto quer dizer que a aerodinâmica do carro deixa de estar comprometida pela colocação dos cabos. Isto pode levar a uma melhor performance e a um menor peso, o que é crucial na corrida. Elementos como a caixa de velocidades também podem ser ligados de forma diferente, maximizando o espaço, e tornando o carro potencialmente menos pesado.

Notícia e imagem: ESA