Competição ESA App Camp traz os dados de satélite para o dia-a-dia

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No último fim de semana de Junho, o AeroClub de Torres Vedras recebeu cem estudantes, a representar 16 equipas de 14 estados membros da ESA, que participaram, na final da europeia da competição CanSat – o culminar de uma longa e difícil viagem no mundo da exploração espacial.

Debaixo de um sol intenso, as equipas foram recebidas por representantes da ESA, da Agência Ciência Viva, ou ainda pelo Presidente da Agência Nacional de Inovação, José Carlos Caldeira, que é simultaneamente o responsável pele Delegação Portuguesa à ESA. Foi feita uma apresentação da importância de participarem neste género de iniciativas, que lhes permitem ter uma ideia de como se desenvolve uma missão espacial. É muito comum que programas como o CanSat levem os estudantes a escolher carreiras profissionais nesta área.

A primeira tarefa para cada uma das equipas foi apresentar os seus projectos em menos de cinco minutos, a um júri internacional de peritos espaciais. Não é uma tarefa fácil, especialmente se tivermos em conta que o inglês, língua em que foram feitas as apresentações, não é a língua materna de boa parte dos alunos. No entanto, convencer um júri de que o nosso projecto é o melhor é um bom treino para futuras entrevistas de emprego.

Todos os satélites foram testados de forma semelhante. A primeira prova foi a largada com pára-quedas, a partir de um Cessna, a uma altitude de 150 metros. Isto foi feito para verificar a taxa de descida do satélite e a correta abertura do pára-quedas. Algumas equipas sofreram enormes revezes nesta fase, com alguns projectos a despenharem-se no chão devido a linhas enroladas ou problemas semelhantes. Isto implicou trabalhar durante a noite para recuperar peças partidas e arranjar as falhas electrónicas antes do lançamento na manhã seguinte, tal como acontece por vezes em missões espaciais verdadeiras.

Dois a dois os CanSats foram postos no foguete Intruder, movido a perclorato de amónia, e lançados a uma altitude de mil metros, no espaço de dez segundos. A velocidade máxima de 500 km/s e as forças equivalentes a 20G levaram a que vários satélites tenham ficado inoperacionais durante o lançamento e libertação. Por esta razão, os satélites verdadeiros são testados pela ESA, sendo sujeitos a testes de vibração e acústica.

Nos casos em que correu tudo bem, foram transmitidas valiosas informações para as estações em terra. As equipas tinham construído diferentes antenas receptoras e algumas estavam a transmitir dados para a Internet, dando a oportunidade aos colegas da escola de ver o que se estava a passar. No fim da campanha de lançamento, chegou o momento de analisar os dados. Todos os dados e conclusões da missão tiveram de ser apresentados ao juri e outras equipas em competição no dia seguinte.

Cada equipa apresentou a sua história, interpretando os dados à luz das suas hipóteses. Quer tenham sido histórias de sucesso ou falhanço, todas as equipas aprenderam que lançar CanSats e obter dados com sentido nas estações em terra é uma tarefa muito difícil. A equipa portuguesa, Icarus, da Escola Adolfo Portela, Águeda, por exemplo, teve dificuldades de comunicação com a estação em terra.

O júri reuniu durante duas horas e chegou a uma decisão – embora todas as equipas tenham trabalhado arduamente, os vencedores tinham de cumprir critérios como o sucesso tecnológico, inovação, documentação ao longo das apresentações da competição, capacidade de apresentar e atitude geral relativamente ao projecto.

Informação sobre os resultados, aqui.

Notícia e imagem: ESA