Os motores dos foguetões são máquinas que combinam força e precisão para transportar satélites e astronautas de forma segura. Como é que se constroem estes aparelhos que nos permitem atingir o espaço?
Um foguetão pode demorar anos a ser construído. Um lançamento leva apenas alguns segundos. Mas é um momento que pode parecer uma eternidade. Como realça Gaele Winters, diretor de lançamentos da Agência Espacial Europeia (ESA) “é necessária muita energia para vencer a gravidade terrestre e atingir o espaço.”
A questão está na força dos motores e na forma como são alimentados – no caso do foguetão Ariane-5, combustível em estado líquido e sólido.
Num canto remoto de uma floresta na Normandia, em França, perto de Vernon, fabricam-se motores de foguetões. Viemos até ao complexo da Snecma. É na torre de testes que os aparelhos ganham vida pela primeira vez. Gilles Huart, responsável pelas operações, explica que “os motores são testados mal saem da produção. Dura umas centenas de segundos. A segunda vez que os ligamos é na rampa de lançamento.”
Há três motores que são construídos neste local: o Vulcain 2, utilizado no corpo principal do Ariane-5; o HM7B, que integra a parte superior; e o Vinci, que ainda está em fase de desenvolvimento. Todos funcionam sob o princípio da impulsão gerada pela aceleração de gás.
“A coluna vertebral de um motor criogénico é a câmara de combustão, à qual se segue a embocadura onde os gases se aceleram para criar a propulsão. O último componente essencial do motor é a junta. É ela que liga o motor ao foguetão, sustentando a força da impulsão e permitindo a orientação do motor“, salienta Thierry Delaporte, diretor da Snecma.
Vários componentes são produzidos noutras partes da Europa para depois serem montados aqui. Mas os elementos vitais como a bomba de combustível, por exemplo, são feitos nesta fábrica. Um processo que é cuidadosamente supervisionado.
A engenheira Emilie Demeule afirma que “na fábrica da Snecma, em Vernon, fazemos peças fazem parte da bomba que injecta hidrogénio para o motor Vulcain do Ariane 6. Temos uma linha de produção composta por máquinas capazes de fabricar componentes com uma precisão à escala do mícron.”
Mesmo assim, são máquinas que têm de ter a capacidade de se ajustar a outros critérios de fabrico, caso seja necessário. O Ariane-5 vai dar lugar ao 6, criado justamente para ser mais flexível. O novo foguetão estará disponível em duas versões, com dois ou quatro propulsores, capazes de transportar uma carga de 5 ou 10 toneladas.
Segundo Gaele Winters, “o Ariane-6 é a sequência lógica do Ariane-5. A diferença principal é que o custo de transportar um quilo para o espaço vai reduzir-se a metade. Nós estamos a utilizar tecnologias que já foram desenvolvidas ou que estão prestes a sê-lo. Vamos usar o mesmo motor do Ariane 5, mas com algumas melhorias. O princípio é o mesmo. Vamos utilizar o propulsor que vai integrar o lançador Vega no futuro. Ou seja, criamos pontos comuns entre os diferentes sistemas.”
Notícia: ESA; Imagem: Arianespace