O homem que está à frente da Agência Espacial Europeia (ESA) tem um ambicioso objetivo: “construir uma base permanente na Lua“: É no Centro Europeu de Astronautas em Colónia, na Alemanha, que estão a ser dados os primeiros passos nessa direcção.
Em 1959, os russos conseguiram aterrar uma nave não tripulada na Lua; dez anos mais tarde, os americanos passearam na sua superfície. Hoje em dia, o plano é ficar. “O meu objectivo é construir uma base permanente na Lua. Uma estrutura aberta à participação de diferentes países“, declara Jan Wörner, director geral da ESA. A ideia é criar um projeto global à semelhança da Estação Espacial Internacional.
O Centro Europeu de Astronautas em Colónia organizou um workshop precisamente sobre como erguer uma espécie de “pequena aldeia sobre a superfície lunar“: A presença de certos metais, minerais e de água gelada pode representar um contributo valioso. Segundo Bernard Foing, director do Grupo Internacional de Exploração Lunar, “a Lua tem imensos recursos. Encontrámos gelo nos polos, encontrámos áreas que estão quase constantemente expostas ao Sol. São zonas que nos podem fornecer recursos para utilizarmos na construção ou na manutenção da vida dos astronautas na base lunar.”
Uma “estação permanente” estaria sujeita a inúmeros riscos: radiações ultravioleta e eletromagnéticas, impacto de micrometeoritos, temperaturas extremas. Aidan Cowley, da ESA, estuda formas de utilizar o solo lunar para “construir cúpulas protectoras” “Nós achamos que é possível usá-lo em impressoras 3D para a edificação. A ideia é colocar um robô na superfície lunar para instalar uma estrutura insuflável e depois construir à sua volta uma cúpula que possa proteger os astronautas no interior. Colocam-se camadas de partículas que vamos compactando e repetimos o processo até obtermos o tipo de estrutura pretendido“, explica-nos.
Como não é propriamente fácil testar estas ideias na Lua, os investigadores efectuam experiências preliminares em terrenos rochosos como aquele que existe no parque vulcânico Eifel, perto de Colónia. “Temos uma série de instrumentos para analisar a composição das rochas. Pretendemos comprovar o funcionamento destes instrumentos através do estudo de rochas vulcânicas muito idênticas às que se encontram na Lua ou em Marte“, diz-nos Bernard Foing.
Um dos investigadores desempenha o papel de astronauta. É orientado à distância pelo resto da equipa. O objectivo é testar a interacção possível entre o astronauta e a base lunar. Outro é avaliar o alcance do espectrómetro na detecção de minerais passíveis de serem utilizados na construção da estação ou nos sistemas de suporte.
O conceito da aldeia lunar representa uma forte afirmação no percurso da ESA, a Agência Espacial Europeia. No entanto, toda a tecnologia para o concretizar pode estar ainda a décadas de distância. O astronauta Andreas Mogensen considera que se tem “de dar início a um novo ciclo de desenvolvimento, começando pelos foguetões que nos colocam em órbita e que nos vão permitir aterrar na Lua. Depois há a base em si. Temos de desenvolver todo um conjunto de tecnologias.”
A Rússia está a desenvolver uma sonda com a ESA, a China está a planear uma missão exploratória do solo lunar e a cápsula Orion da NASA, que integra um módulo da agência europeia, deverá sobrevoar a Lua antes de 2020. “A vantagem é que não precisamos de grandes financiamentos para arrancar com a aldeia lunar. Podemos começar com uma simples missão de aterragem, há vários países que as estão a programar. Depois é que podemos pensar em grandes investimentos para colocar um radiotelescópio na Lua, por exemplo. Há várias possibilidades e vários utilizadores focados no mesmo sítio“, aponta Jan Wörner.
Notícia e imagem: ESA