A China levou a cabo o seu 14º lançamento orbital em 2014 ao colocar em órbita um conjunto de três satélites para vigilância electrónica oceânica. O lançamento da missão YG-25 Yaogan Weixing-25 teve lugar às 1933:03,880UTC do dia 10 de Dezembro de 2014 e foi levado a cabo por um foguetão CZ-4C Chang Zheng-4C a partir da Plataforma de Lançamento 603 do Complexo de Lançamento LC43 do Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan.
Todas as fases do lançamento decorreram sem problemas e os satélites foram colocados numa órbita com um inclinação de 63,46º, típica para este tipo de missões.
No passado a então União Soviética utilizou a designação ‘Cosmos’ para esconder a verdadeira natureza de centenas e centenas de satélites que colocava em órbita, atribuindo-lhes uma natureza científica. Porém, cedo os especialistas Ocidentais estranharam tamanho investimento na Ciência por parte de uma nação e concluíram que a maior parte desses satélites teria uma aplicação militar.
Nos nossos dias algo de semelhante poderá estar a ocorrer com os satélites chineses da série Yaogan. Segundo as autoridades chinesas estes satélites são utilizados para a realização de experiências científicas, para levarem a cabo a detecção remota de recursos terrestre e estimar colheitas e para auxiliar nas tarefas de prevenção e redução de desastres naturais. Tirando estes objectivos, nada mais é referido sobre estes veículos.
Dos satélites até agora colocados em órbita foram identificados três tipos, sendo alguns satélites destinados para a observação electro-óptica digital, outros para a observação utilizando radares SAR (Synthetic Aperture Radar) e outros para a escuta das transmissões electrónicas oceanográficas. Os satélites de observação electro-óptica digital foram desenvolvidos pela 5ª Academia do CASC, enquanto que os satélites SAR foram desenvolvidos pela 8ª Academia do CASC.
Os satélites Jianbing-8
Desenvolvidos pela Dongfanghong, os satélites militares JB-8 Jianbing-8 são satélites que voam em formação de três veículos (tripletos) em órbita tendo como objectivo a detecção e captação de sinais de rádio provenientes de embarcações nos oceanos. A informação é posteriormente transmitida à marinha Chinesa. Esta arquitectura assemelha-se à utilizada pelo sistema Norte-americano NOSS.
O lançamento da missão YG-25 é o quarto lançamento de satélites deste tipo. A primeira missão Jianbing-8 teve lugar a 5 de Março de 2010. A missão do tripleto de satélites YG-9 Yaogan Weixing-9 diferiu dos parâmetros verificados em quase todos os lançamentos anteriores. As imagens do lançamento que foram divulgadas mostraram uma carenagem de protecção de carga muito maior do que habitualmente seria de esperar para uma missão deste tipo, o que levantou suspeitas sobre a natureza da carga a bordo do CZ-4C Chang Zheng-4C. De facto, observações posteriores vieram a confirmar a presença de três objectos activos em órbita resultantes deste lançamento.
Ao se verificar os parâmetros orbitais dos objectos em órbita, notou-se uma semelhança com o tipo de parâmetros orbitais usualmente associados aos satélites NOSS Norte-americanos. Estes satélites, usualmente lançados em tripletos, são utilizados para vigilância naval electrónica. Assim, o satélite Yaogan Weixing-9 era na realidade um conjunto de três satélites (um veículo principal e dois subsatélites). As autoridades chinesas não revelam a natureza destes veículos, mas informações anteriormente publicadas por fontes chinesas e agora associadas a este lançamento, levam de facto a confirmar que a China teria assim dado início a um novo programa de vigilância marítima electrónica.
A segunda missão (YG-16 Yaogan Weixing-16) deste tipo foi colocada em órbita a 25 de Novembro de 2012, seguindo-se a missão YG-17 Yaogan Weixing-17 a 1 de Setembro de 2013 e a missão YG-20 Yaogan Weixing-20 a 9 de Agosto de 2014.
Todos os lançamento foram realizados por foguetões CZ-4C Chang Zheng-4C a partir de Jiuquan.
O foguetão CZ-4C Chang Zheng-4C
O desenvolvimento do foguetão CZ-4C Chang Zheng-4C (Longa Marcha-4C) de três estágios tem como base o foguetão CZ-4B Chang Zheng-4B e surge pela necessidade de se desenvolver um lançador cujo estágio superior tivesse a capacidade de múltiplas ignições em órbita com o motor YF-40A. Para além desta capacidade, o CZ-4C possui anéis estruturais na base do primeiro e do segundo estágio, uma cobertura climatérica na secção inter-estágio (que é ejectada no lançamento) e uma carenagem de maiores dimensões (que foi pela primeira vez introduzida com o CZ-4B). Outras características incluem um sistema de de gestão de propolente no terceiro estágio, um sistema de controlo de lançamento automatizado e controlado de forma remota, novos procedimentos no teste dos sistemas do lançador, transmissão de dados e de telemetria melhorada, e um novo sistema de fornecimento de energia, para além de um novo computador de voo com uma melhor performance de calculo e um sistema de fornecimento de energia mais pequeno, porém mais eficaz, e um novo sistema de orientação com obtenção de dados de GPS. Assim, todas estas características permitem que o CZ-4C Chang Zheng-4C seja capaz de colocar em órbita cargas de maiores dimensões e com uma maior precisão em relação ao CZ-4B Chang Zheng-4B.
O lançador adopta também um novo procedimento de verificação e em vez de ser testado numa posição horizontal antes de ser erigido na plataforma de lançamento, o veículo pode ser montado e testado na plataforma ao mesmo tempo, reduzindo num terço assim o tempo de preparação para o lançamento.
O CZ-4C é capaz de colocar uma carga de 4.200 kg numa órbita terrestre baixa, 2.800 kg numa órbita sincronizada com o Sol a 900 km de altitude ou 1.900 kg numa órbita de transferência para a órbita geossíncrona.
No lançamento desenvolve uma força de 2.960.000 kN e a sua massa total é de cerca de 250.000 kg. Tem um comprimento total de 48,50 metros e um diâmetro de 3,35 metros.
Dados Estatísticos e próximos lançamentos
– Lançamento orbital: 5416
– Lançamento orbital com sucesso: 5067
– Lançamento orbital China: 214
– Lançamento orbital China com sucesso: 202
– Lançamento orbital desde Jiuquan: 77
– Lançamento orbital desde Jiuquan com sucesso: 71
A seguinte tabela mostra os totais de lançamentos executados este ano em relação aos previstos para cada polígono à data deste lançamento: 1ª coluna – lançamentos efectuados (lançamentos fracassados); 2ª coluna – lançamentos previstos à data; 3ª coluna – satélites lançados:
Baikonur – 17 (1) / 21 / 24
Plesetsk – 7 / 9 / 11
Dombarovskiy – 2 / 2 / 42
Cabo Canaveral AFS – 16 / 17 / 29
Wallops Island MARS – 3 (1) / 3 / 63
Vandenberg AFB – 3 / 4 / 2
Jiuquan – 8 / 8 / 10
Xichang – 1 / 2 / 1
Taiyuan – 5 / 6 / 7
Tanegashima – 4 / 4 / 18
Kourou – 10 / 11 / 19
Satish Dawan, SHAR – 4 / 4 / 8
Odyssey – 1 / 1 / 1
Palmachim – 1 / 1 / 1
* Valores não precisos
Dos lançamentos bem sucedidos levados a cabo: 31,3% foram realizados pela Rússia; 26,3% pelos Estados Unidos (incluindo ULA, SpaceX e Orbital SC); 17,5% pela China; 12,5% pela Arianespace; 5,0% pelo Japão, 5,0% pela Índia, 1,3% por Israel e 1,3% pela Sea Launch.
Os próximos lançamentos orbitais previstos são (hora UTC):
12 Dez (0317:00) – Atlas-V/541 – Vandenberg AFB, SLC-3E – NROL-35
15 Dez (0016:00) – 8K82KM Proton-M/Briz-M (93550/99551) – Baikonur, LC81 PU-24 – Yamal-401
16 Dez (1931:00) – Falcon-9 v1.1 – Cabo Canaveral AFS, SLC-40 – Dragon SpX-5 (CRS5); AggieSat-4 (LONESTAR-2A); Bevo-2 (LONESTAR-2B); SERPENS; Flock-1d’1; Flock-1d’2
18 Dez (0455:00) – 15A35 Strela – Baikonur, LC175/59 – Kondor-E
18 Dez (1837:00) – 372RN21B Soyuz-STB/Fregat-MT (007/133-01/VS10) – CSG Kourou (Sinnamary), ZLS – O3b FM9; O3b FM10; O3b FM11; O3b FM12