A China levou a cabo o lançamento do satélite de detecção remota Ziyuan-3 (2) juntamente com os dois pequenos satélites ÑuSat-1 e ÑuSat-2.
O lançamento teve lugar às 03:17:04,523UTC do dia 30 de Maio de 2016 e foi levado a cabo pelo foguetão CZ-4B Chang Zheng-4B (Y33) a partir do Complexo de Lançamento LC9 do Centro de Lançamento de Satélites de Taiyuan.
O novo satélite ZY-3 Ziyuan-3 (资源三号) é o segundo desta série de satélites civis de detecção remota de alta resolução que foram desenvolvidos num projecto iniciado em Março de 2008. O novo satélite transporta três câmaras pancromáticas de alta-resolução e um sistema de observação multiespectral de infravermelhos (IRMSS). As câmaras estão posicionadas na parte frontal, na parte inferior e na parte posterior do satélite. Duas das câmaras (frontal e posterior) têm uma resolução espectral de 2,7 m, captando imagens do solo com uma largura de 52,3 km. Por seu lado, a câmara localizada na parte inferior tem uma resolução de 2,1 m e capta imagens do solo com uma largura de 51,1 km. A câmara IRMSS tem uma resolução espectral de 6,0 m e capta imagens do solo com uma largura de 51,0 km.
No lançamento o satélite tinha uma massa de 2.630 kg e está equipado com dois painéis solares para fornecimento de energia. O Ziyuan-3 (2) orbita a Terra a uma altitude média de 506 km, numa órbita polar sincronizada com o Sol com uma inclinação orbital de 97,49º. Esta órbita permite um ciclo de revisitação de 5 dias. O período operacional do satélite deverá ser de quatro anos com um possível prolongamento por mais um ano.
O novo satélite irá levar a cabo tarefas de observação dos solos, auxiliar na redução e prevenção dos desastres naturais, e proporcionar assistência à agricultura, conservação da água, planeamento urbano e outros sectores, observando áreas entre os 84º latitude Norte e 84º latitude Sul. Três estações de recepção serão utilizadas no solo para receber os sinais e dados enviados pelo satélite, estando localizadas em Pequim, Kashgar (região autónoma de Xinjiang Uygur) e Sanya (província de Hainan).
O programa Ziyuan parece cobrir diferentes áreas de observação civil e militar da Terra. O programa Ziyuan-1 está focado nos recursos terrestre e parece ter dois ramos distintos consoante as aplicações civis e militares, sendo a aplicação civil realizada em conjunto com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Brasil. O programa Ziyuan-2 é provavelmente utilizado para vigilância aérea sendo operado pelo Exército de Libertação do Povo. O novo programa Ziyuan-3 será utilizado para mapeamento estereográfico (tal como o satélite de mapeamento TH-1 Tianhui-1 que é operado pelos militares). O novo satélite será operado pelo Bureau Estatal de Observação e Mapeamento.
Juntamente com o Ziyuan-3 (2) foram colocados em órbita os satélites ÑuSat-1 (Fresco) e Ñusat-2 (Batata). Estes são os dois primeiros satélites da constelação Aleph-1 que está a ser desenvolvida e operada pela empresa argentina Satellogic S.A.. A constelação será composta por um total de 25 satélites.
Os dois satélites são quase idênticos e têm uma massa de 37 kg, tendo as dimensões 450mm x 450mm x 800mm. O principal objectivo da missão é o de fornecer comercialmente imagens da superfície terrestre ao público em geral tanto no espectro visível como em infravermelhos.
O satélite ÑuSat-1 transporta um repetidor linear U/V fornecido pela AMSAT-LU para proporcionar serviços de rádio amador (HAM). Um repetidor U/V invertido, denominado LUSEX (‘LU Satellite Experiment’) pode ser acedido em 435.935 MHz a 435.965 MHz (uplink) e com um sinal de downlink de 145.965 MHz a 145.935 MHz.
A AMSAT-LU fornece o apoio simultâneo para esta missão e para o ÑuSat-2 ao operar uma das estações de controlo em Tortuguitas, Buenos Aires.
O foguetão CZ-4B Chang Zheng-4B
Desenvolvido pela Academia de Tecnologia de Voo Espacial de Xangai, a família de lançadores Chang Zheng-4 é utilizada para a colocação de satélites em órbitas polares e órbitas sincronizadas com o Sol. São lançadores a três estágios de propolentes líquidos cujas raízes se encontram no foguetão FB-1 Feng Bao-1.
A família destes lançadores consiste em três variantes: CZ-4A Chang Zheng-4A, CZ-4B Chang Zheng-4B e Chang Zheng-4C. Após o desenvolvimento do Feng Bao-1, a Academia de Tecnologia de Voo Espacial de Xangai foi incumbida do desenvolvimento do CZ-4. Aparentemente, este lançador seria um veículo suplente para o CZ-3B Chang Zheng-3B, com os dois primeiros estágios do CZ-4 a serem basicamente idênticos aos do foguetão CZ-3 Chang Zheng-3. O terceiro estágio do CZ-4 Chang Zheng-4 foi inteiramente desenvolvido pela Academia de Tecnologia de Voo Espacial de Xangai.
Após o sucesso do CZ-3B, a versão CZ-4 foi abandonada em 1982 e baseado no seu desenho foi introduzido o CZ-4A Chang Zheng-4A que é geralmente idêntico à primeira versão mas tendo uma massa no lançamento ligeiramente inferior (O CZ-4 Chang Zheng-4 tinha uma massa de 248.962 kg enquanto que o CZ-4A Chang Zheng-4A tinha uma massa de 241.092 kg.). O desenvolvimento do foguetão CZ-4B Chang Zheng-4B teve início em Fevereiro de 1989, com o primeiro lançamento previsto para ter lugar em 1997 mas acabando por só se realizar em 1999.
O CZ-4B Chang Zheng-4B tem uma carenagem de protecção de maiores dimensões; o controlo electromecânico original foi substituído por um controlo electrónico; os sistemas de telemetria, seguimento, controlo e de auto-destruição foram melhorados e substituídos por dispositivos de menores dimensões; procedeu-se a uma revisão do desenho dos escapes dos motores do segundo estágio para melhor desempenho a elevada altitude; foi introduzido um sistema de gestão de consumo de propolente para o segundo estágio com o objectivo de reduzir o propolente residual e assim aumentar a capacidade de carga; e foi introduzido um sistema de ejecção de propolente para o terceiro estágio. É capaz de colocar uma carga de 4.200 kg numa órbita terrestre baixa, 2.800 kg numa órbita sincronizada com o Sol ou 1.500 kg para uma órbita de transferência para a órbita geossíncrona. O CZ-4B pode utilizar duas carenagens: uma com um comprimento de 7,12 metros, diâmetro de 2,90 metros e um peso de 800 kg, e outra com um comprimento de 8,48 metros, diâmetro de 3,35 metros e um peso de 800 kg.
Uma versão equipada com oito propulsores laterais de combustível sólido foi estudada pela Academia de Tecnologia de Voo Espacial de Xangai. O foguetão Chang Zheng-4B-8S teria uma massa de 270.000 kg no lançamento e seria capaz de colocar 2.600 kg numa órbita polar ou sincronizada com o Sol.
Dados Estatísticos e próximos lançamentos
– Lançamento orbital: 5546
– Lançamento orbital com sucesso: 5194
– Lançamento orbital China: 241
– Lançamento orbital China com sucesso: 229
– Lançamento orbital desde Taiyuan: 61
– Lançamento orbital desde Taiyuan com sucesso: 57
Ao se referir a ‘lançamentos com sucesso’ significa um lançamento no qual algo atingiu a órbita terrestre, o que por si só pode não implicar o sucesso do lançamento ou da missão em causa (como foi o caso do lançamento do Progress M-27M).
A seguinte tabela mostra os totais de lançamentos executados este ano em relação aos previstos para cada polígono à data deste lançamento.
Dos lançamentos bem sucedidos levados a cabo: 30,3% foram realizados pela Rússia; 24,2% pelos Estados Unidos (incluindo ULA (37,5%), SpaceX (62,5%) e Orbital SC); 18,2% pela China; 12,1% pela Arianespace; 9,1% pela Índia, 3,0% pelo Japão e 3,0% pela Coreia do Norte.
Os próximos lançamentos orbitais previstos são (hora UTC):
04 Jun (14:00:00) – Rokot/Briz-KM – GIK-1 Plesetsk, LC133/1 – Geo-IK-2 n.º 12L
08 Jun (07:10:00) – 8K82KM Proton-M/Briz-M (93701/99570) – Baikonur, LC200 PU-39 – Intelsat-31
08 Jun (20:30:00) – Ariane-5ECA (VA230) – CSG Kourou, ELA3 – EchoStar-XVIII; BRISat
10 Jun (03:30:00) – PSLV-C34 – Satish Dawan SHAR, SLP – Cartosat-2C; GHGSat-D (CLAIRE); BIROS (FireBird-2); Swayam-1; SathyaBama Sat (SB Sat); Skysat-C1; LAPAN-A3; M3MSat (exactView-7); NIUSAT; Max Valier; Venta-1; NLS-19; Dove (x4)
16 Jun (14:30:00) – Falcon-9 (026) – Cabo Canaveral AFS, SLC-41 – Eutelsat-117 West B (Satmex 9); ABS-2A