China lança nova missão espacial tripulada para a estação espacial Tiangong

Continuando com a ocupação permanente da estação espacial Tiangong, a China lançou a cápsula espacial Shenzhou-21 com uma nova tripulação a bordo.

O lançamento da missão Shenzhou-21 (神舟二十一号载人飞船) – Tiangong Zairen 10 (TGZR-10), que deverá ter uma duração de seis meses, foi realizado pelo foguetão Chang Zheng-2F/G (Y21) às 1544:46,441UTC do dia 31 de Outubro de 2025 a partir da Plataforma de Lançamento 91 do Complexo de Lançamento LC43 do Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan, Mongólia Interior (código da missão TGZR10/SZ-21).

A tripulação é composta pelos taikonautas Zhang Lu (Comandante), Wu Fei (Engenheiro de Voo) e Zhang Hongzhang (Especialista de Carga).

A acoplagem com a estação espacial Tiangong ocorreu pelas 1922UTC do dia do lançamento, no porto de acoplagem do módulo Tianhe e após um voo com uma duração de 3 horas e 28 minutos.

Durante a sua permanência em órbita, a tripulação da Shenzhou-21 deverá realizar dezenas de pesquisas científicas espaciais e experiências tecnológicas. Haverá 27 novos projetos científicos e de aplicação para a nova tripulação realizar na estação espacial, abrangendo ciências da vida e biotecnologia no espaço, medicina espacial, ciência de materiais espaciais, física de fluidos e combustão em microgravidade e novas tecnologias espaciais. A missão planeia também estudos em órbita sobre baterias de iões de lítio para aplicações espaciais e plataformas de computação inteligentes.

Os taikonautas da Shenzhou-21 completarão a rotação em órbita com a tripulação da Shenzhou-20. Também realizarão atividades extraveiculares e manuseamento de carga, instalarão dispositivos de proteção contra detritos espaciais, implantarão e recuperarão cargas e equipamentos extraveiculares. Participarão também em atividades de educação científica e de interesse público.

Os três membros da tripulação receberão a visita do veículo de carga Tianzhou-10, além da visita das missões espaciais tripuladas Shenzhou-22 e Shenzhou-23 (estas missões deverão transportar os primeiros taikonautas nascidos em Hong Kong e Macau, bem como um taikonauta paquistanês numa breve visita à estação espacial Tiangong). A estação espacial ainda deverá receber a chegada do primeiro veículo tripulado da nova geração, o Mengzhou-1. Não é certa que esta seja lançada com alguma tripulação a bordo.

Esta será a primeira vez que a China realizará uma experiência científica envolvendo roedores no espaço. Os ratos, dois machos e duas fêmeas, serão criados em órbita, e o estudo irá focar-se no exame dos efeitos das condições espaciais, como a microgravidade e o espaço confinado, no comportamento destes animais. Posteriormente, os ratos regressarão à Terra e serão realizadas pesquisas científicas adicionais para explorar a resposta ao stress e as mudanças adaptativas de múltiplos tecidos e órgãos dos ratos no ambiente espacial.

Os quatro ratos foram escolhidos após mais de 60 dias de treino rigoroso em aptidão física e capacidade cognitiva. Participarão em experiências científicas no espaço durante cinco a sete dias, ajudando a preencher uma lacuna na investigação com pequenos mamíferos a bordo da estação espacial chinesa Tiangong.

Experiências anteriores com animais conduzidas no laboratório espacial chinês envolveram peixes-zebra e moscas-da-fruta.

A Agência Espacial Tripulada da China também delineou estudos planeados em órbita sobre a relação entre a origem dos códigos genéticos e a quiralidade, baterias de iões de lítio para aplicações espaciais e plataformas de computação inteligentes.

Tal como nas missões anteriores, os trabalhos da tripulação em órbita irá cobrir seis categorias principais: operar a acoplagem e o regresso de veículos tripulados e dar apoio durante as acoplagens e separações dos veículos logísticos e do futuro telescópio, garantindo a regular rotação de tripulantes e abastecimento de equipamentos; manutenção do complexo orbital, incluindo o estado dos diferentes veículos, gestão do material em órbita, inspecção e manutenção das plataformas de equipamentos, instalação de equipamentos no interior e exterior dos módulos, e entrada e saída de carga dos módulos; gestão da saúde dos taikonautas, incluindo monitorização do estado de saúde, treino e exercícios físicos em órbita; realização de investigações científicas e aplicações em larga escala; realização de tarefas de popularização da Ciência, tais como a realização de aulas e de vídeos para serviço público; e gestão de falhas em órbita, reparação e substituição de equipamentos defeituosos, e realização de actividades extraveículares para manutenção quando necessárias para garantir a operação estável da estação espacial.

A tripulação da Shenzhou-21

A tripulação será composta por Zhang Lu (Comandante) – ao centro, Wu Fei (Engenheiro de Voo) – à direita, e Zhang Hongzhang (Especialista de Carga).

Zhang Lu (张陆) que foi seleccionado a 5 de Maio de 2010 no segundo grupo de taikonautas. Zhang nasceu em Novembro de 1976 na cidade de Hanshou, província de Hunan, tendo 48 anos e esta será a sua segunda missão espacial tripulada, tendo feito parte da tripulação da Shenzhou-15 entre 29 de Novembro de 2022 e 3 de Junho de 2023, acumulando 186 dias 7 horas 25 minutos de experiência em voo espacial.

Zhang frequentou a Escola Primária Chengguan n.º 4 (城关第四小学), o ensino médio na Escola de Zhanlepin (詹乐贫初级中学) e o ensino secundário na Escola Secundária da Província de Hanshou n.º 1 (汉寿县第四高级中学). Em 1981, a sua família mudou-se para a baixa de Hanshou onde iniciou um negócio de aquacultura. Nos seus primeiros anos, Zhang desenvolveu um interesse pelo canto.

Após a sua formação na Universidade de Aviação do Exército de Libertação do Povo, tornou-se Piloto de Caça em 2000.

Ser comandante de tripulação é “principalmente uma questão de responsabilidade“, disse Zhang na conferência de imprensa antes do lançamento. “Liderar dois tripulantes mais jovens em direção à estação espacial, um caminho repleto de desafios, exige que esteja preparado para tomar a decisão certa a qualquer momento.”

Zhang Lu irá ampliar o seu historial como um dos astronautas mais experientes da China em termos de atividades extraveículares, além de procurar consolidar o programa espacial tripulado do país através de ainda mais conquistas.

Durante a missão Shenzhou-15, e juntamente com o comandante Fei Junlong, participou em quatro passeios espaciais. Durante a missão Shenzhou-21, Zhang deverá alcançar um novo marco pessoal nas caminhadas espaciais. Revelou que a tripulação continuará a instalar painéis de proteção na estação espacial, com o objetivo de a equipar completamente com um “escudo” para aumentar a sua resistência estrutural.

A missão apresentará ainda fatos espaciais de última geração, realizará a monitorização em órbita de quatro ratos e contará ainda com a novidade de preparar comida grelhada no espaço. Zhang referiu “realizar uma missão espacial para a minha nação mais uma vez” como “a maior honra imaginável“.

Após a missão Shenzhou-15, dedicou-se à recuperação física e retomou um regime de treino completo, incluindo exercícios subaquáticos e em centrifugação. “Cada sessão é um novo ponto de partida, não uma simples repetição“, disse Zhang, que já completou dezenas de sessões de treino subaquático. “Elevo-me para alcançar as melhores notas possíveis em todos os treinos“, acrescentou.

Zhang é dotado de uma bela voz e adora cantar. Na sua última missão, compôs e apresentou uma canção à sua mulher em comemoração do aniversário de casamento. Preparando-se para passar o seu segundo Ano Novo Chinês em órbita, Zhang está pronto para demonstrar o seu lado romântico mais uma vez. Além de uma exposição de caligrafia, a tripulação da Shenzhou-21 preparou uma nova abordagem para as saudações da data. “Preciso de manter os detalhes em segredo por enquanto“, disse.

Para Wu Fei (武飞), com 32 anos, este será o seu primeiro voo espacial. Nasceu em Outubro de 1993 Wu Fei é engenheiro no CASC.

Nascido em Outubro de 1993 em Baotou, Mongólia Interior, Wu formou-se na Universidade de Aeronáutica e Astronáutica de Pequim, onde obteve o seu bacharelato em 2014 e o seu mestrado em 2017, especializando-se no desenho e projecto de aeronaves e sistemas de suporte de vida.

É membro do Corpo de Astronautas do Exército de Libertação Popular, com o posto de major. Torna-se no taikonauta mais jovem a realizar uma missão espacial.

Wu aderiu ao Partido Comunista Chinês em Outubro de 2015 e alistou-se no Exército de Libertação do Povo em Janeiro de 2021. Após concluir o mestrado, tornou-se engenheiro na Academia Chinesa de Tecnologia Espacial, ligada à Corporação Chinesa de Ciência e Tecnologia Aeroespacial, onde o seu trabalho concentrou-se em testes térmicos para naves espaciais.

Em laboratórios especializados que simulavam o vácuo e os ambientes de temperatura extrema do espaço, ele e os seus colegas testaram se os sistemas de controlo térmico das naves espaciais conseguiam regular as temperaturas de forma adequda. Na condeferência de imprensa antes do lançamento, referiu “eu era como um médico a fazer exames de saúde”, disse, “verificando se os materiais da nave tinham rachado ou deformado devido às variações extremas de temperatura e garantindo que tudo funcionaria corretamente no espaço.”

Wu trabalhou na verificação dos sistemas de controlo térmico do módulo central Tianhe e do módulo laboratorial Wentian, e afirmou que consideraria operar a nave espacial que ajudou a testar e a desenvolver algo de “muito gratificante“.

Em Setembro de 2020, foi seleccionado como um dos membros do terceiro grupo de taikonautas da China, especializando-se como engenheiro de voo. Após um treino e avaliação abrangentes, foi escolhido para a missão Shenzhou-21, o seu primeiro voo espacial.

Como engenheiro de voo, Wu é responsável pela manutenção e gestão da plataforma da estação espacial e dos seus equipamentos, referindo estar entusiasmado por entrar em breve na estação espacial, para a qual desempenhou um papel nos testes e desenvolvimento.

Para a sua primeira missão espacial, Wu tem muitas aspirações, tais como, realizar experiências de combustão e dinâmica de fluidos relacionadas com a ciência térmica, observar os campos da sua cidade natal na Terra através da vigia da estação espacial e realizar um passeio espacial.

Zhang Hongzhang (张洪章) nascido em Abril de 1986, tem 39 anos e também fará o seu baptismo espacial. Zhang Hongzhang trabalha como investigador na Academia de Ciências da China. Nasceu em Linchi, em Zouping, província de Shandong.

Aderiu ao Partido Comunista Chinês em Agosto de 2004. Em termos académicos obteve o seu bacharelato em Engenharia Química pela Universidade de Shandong em 2008 e frequentou posteriormente o doutoramento em Engenharia Química na Universidade da Academia Chinesa de Ciências, graduando-se em 2013 pelo Instituto de Física Química de Dalian.

Zhang foi investigador e líder de grupo no Instituto de Física Química de Dalian, Academia Chinesa de Ciências, após a sua graduação. A sua investigação centrou-se em tecnologias de baterias de alta energia específica, incluindo baterias de fluxo de novo sistema, baterias de lítio-enxofre e baterias de iões de lítio. É autor de mais de 30 artigos de investigação, solicitou mais de 60 patentes e recebeu vários prémios de nível provincial por invenção tecnológica.

Zhang irá realizar várias experiências durante a sua estadia de seis meses no laboratório orbital em microgravidade, incluindo experiências que concebeu na Terra. Na conferência de imprensa antes do lançamento, referiu “Estou entusiasmado por realizar as experiências no espaço e espero que levem a descobertas inspiradoras.

Zhang é um verdadeiro entusiasta de laboratório. A sua carreira começou no Instituto de Física Química de Dalian, ligado à Academia Chinesa de Ciências, onde se dedicou frequentemente ao trabalho em laboratório, ao mesmo tempo que reviu a literatura científica e elaborou experiências. Zhang costumava trabalhar até altas horas da noite — regularmente até às duas ou três da manhã.

À medida que a sua carreira científica continuava a prosperar, surgiu uma nova oportunidade para Zhang em 2018. Foi quando a China começou a selecionar o seu terceiro grupo de taikonautas, alargando o leque de candidatos para incluir profissionais de engenharia e ciência. Em Setembro de 2020, foi selecionado como um dos quatro especialistas em carga útil num grupo onde estava também o professor universitário Gui Haichao, que mais tarde participou na missão Shenzhou-16 como o primeiro especialista civil em carga útil da China.

Desde então, Zhang tem-se dedicado menos ao trabalho em laboratório, trilhando uma carreira bastante diferente. Zhang estava habituado a tarefas mentais, mas não a desafios físicos. O especialista de laboratório dedicado respondeu dedicando muito mais tempo à corrida e a fazer flexões no ginásio, esforçando-se por atingir os padrões de treino físico exigidos a um taikonauta. “Passei gradualmente de um rato de biblioteca para um jovem atlético“, referindo as mudanças pelas quais passou após ingressar no programa de taikonautas.

Durante a missão Shenzhou-21, com uma duração de seis meses, a tripulação irá realizar extensas experiências científicas, incluindo um estudo eletroquímico e óptico sobre baterias de iões de lítio para aplicações espaciais, algo no qual Zhang está absolutamente familiarizado, pois tem-se dedicado à investigação em novas energias e materiais avançados, áreas em que a China obteve progressos notáveis ​​através da inovação contínua e da comercialização bem-sucedida de tecnologias de ponta. Um excelente exemplo disso é a ascensão do país como líder global na produção e venda de veículos de novas energias.

Yuhangyuan, ou como dizer ‘astronauta’ em chinês?

A palavra ‘yuhangyuan’ é uma tradução de uma das três palavras que em chinês são utilizadas para referir ‘astronauta’. A publicação chinesa “Aerospace China“, começou a utilizar a palavra ‘taikonauta’ no seu número de Janeiro de 2003, sendo a primeira vez que uma publicação oficial chinesa utiliza uma palavra para designar de forma especial os astronautas chineses.

De facto, as palavras chinesas para ‘astronauta’ constituem uma história linguística peculiar e um pouco complicada. Comecemos pelos princípio… O termo ‘yu hang yuan’ (separados todos os caracteres chineses por forma a mostrar as suas formas originais) tem sido utilizado desde o voo da Vostok-1 em 1961. Assim, ‘yu’ significa ‘yu zhou’ («cosmos» ou «espaço»), ‘hang’ significa ‘hang xing’ («viagem») e ‘yuan’ significa o termo ‘ante’ («viajante»). Ao mesmo tempo, Taiwan, Hong Kong e as populações chinesas fora da pátria, começaram a utilizar a palavra ‘tai kong ren’. Aqui, ‘tai kong’ também significa «espaço» ou «cosmos», enquanto que ‘ren’ significa «pessoa». Esta palavra foi introduzida na China continental nos anos 80 e é agora de uso muito popular. Por outro lado, em finais dos anos 70, foi introduzida uma nova palavra, ‘hang tian yuan’. ‘Hang tian’ é um novo termo oficial para viagem espacial. ‘Hang’ é o primeiro caracter de ‘hang xing’, ou «viagem», e ‘tiam’ significa «céu» – qualquer coisa acima do chão incluindo a atmosfera e o espaço. Muitas organizações chinesas receberam novas designações com o termo ‘hang tian’ e agora quase todos os organismos espaciais chineses possuem este termo na sua designação.

Assim, na China estas três palavras são utilizadas em comum: o termo mais comum é ‘yu hang yuan’ que é muito utilizado pelos meios de comunicação social; o segundo termo mais comum é ‘tai kong ren’, sendo utilizado também utilizado pelos meios de comunicação social e é a única palavra utilizada fora da China continental; finalmente, o terceiro termo ‘hang tian yuan’ é o termo oficial e é utilizado pelas organizações e organismos espaciais chineses, e algumas vezes pelos órgãos de comunicação social.

Em português, as palavras ‘astronauta’ e ‘cosmonauta’ são utilizadas para referir respectivamente os viajantes espaciais dos Estados Unidos e da Rússia (com o termo ‘espaçonauta’ a identificar os viajantes espaciais franceses), e não existe uma palavra específica para designar os viajantes espaciais chineses.

A publicação “Aerospace China” foi a primeira a utilizar a palavra ‘taikonauta’. A utilização das palavras ‘yuhangyuan’ ou ‘hangtianyuan’ não deverá ser alguma vez considerada por serem termos muito estranhos. Esta é a mesma razão pela qual se utiliza a palavra ‘taikonauta’ – as duas palavras anteriores são muito compridas. Em chinês, são palavras muito bonitas, mas em Português são terrivelmente feias…

Saiba mais sobre a cápsula espacial Chinesa: Shenzhou, o divino barco dos deuses.

Lançamento da Shenzhou-21

O foguetão que colocaria em órbita a missão espacial tripulada Shenzhou-21 foi transportado para a Plataforma de Lançamento 91, a 24 de Outubro de 2025, iniciando-se assim uma semana de preparativos para a missão que incluiu uma simulação completa de todas as fases do lançamento e que foi realizada a 27 de Outubro.

A simulação da contagem decrescente e dos procedimentos do lançamento, confirma que todos os sistemas e preparativos estão em ordem para a missão. A simulação contou com a participação dos três taikonautas que ingressaram na cápsula espacial. Posteriormente, seria realizada uma sessão de treino conjunto para toda a região. Cada sistema da missão de lançamento completou verificações funcionais relevantes e fez vários preparativos antes do lançamento. Por ordem do despacho unificado do Centro de Controle de Voo Aeroespacial de Pequim, do Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan, do Centro de Medição e Controle de Satélites de Xi’an e de várias estações de medição e controle e navios da missão, implementaram a depuração conjunta e controle conjunto para simular totalmente o processo de preparação, lançamento e voo, analisando os vários estados técnicos e processos de trabalho.

Depois dos três astronautas da Shenzhou-21 terem chegado ao local de lançamento, realizando actividades físicas adequadas, relaxamento psicológico, familiarizaram-se com os documentos de voo e planos de lançamento, realizaram treino de actualização em várias operações e concluíram com sucesso a simulação do lançamento.

Os nomes dos três membros da tripulação da Shenzhou-21 foram anunciados numa cerimónia oficial no dia 30 de Outubro e após um processo de selecção e de treino.

As horas que antecedem o lançamento são reminescentes do que acontece nos lançamentos do programa espacial tripulado da Rússia. Saindo do edifício de preparação, onde envergaram os seus fatos espaciais pressurizados, os três taikonautas apresentam-se perante as autoridades e anunciam a sua prontidão para a missão. Após uma breve cerimónia, os três taikonautas ingressam no autocarro que os transporta para a base da plataforma de lançamento.

Após chegarem à plataforma de lançamento, e depois das usuais saudações, a tripulação da Shenzhou-20 entrou no elevador que os transportou até uma antecâmara que lhes daria acesso ao módulo orbital da cápsula espacial a partir do qual ingressariam no módulo de descida. Mais uma vez, todos os procedimentos são muito semelhantes aos realizados a quando dos lançamentos espaciais tripulados russos. Os taikonautas sentaram-se na antecâmara e antes de ingressar na Shenzhou-20 verificaram o estado dos seus fatos espaciais pressurizados. Após ingressarem na cápsula espacial, Wu Fei ocupou o assento do lado direito, Zhang Lu ocupou o assento central e Zhang Hongzhang o assento do lado esquerdo.

Os preparativos para o lançamento foram decorrendo como previsto. Com a tripulação já interior da Shenzhou-21 e nos seus respectivos assentos, procedeu-se ao encerramento da cápsula e à evacuação da antecâmara de acesso. Posteriormente, a torre de serviço foi evacuada bem como toda a plataforma de lançamento. De seguida procedeu-se à abertura das diferentes secções da torre de serviço, colocando-se nas posições finais de lançamento.

A T-20m a tripulação reportava que se encontrava bem e todos os sistemas estavam prontos para o lançamento. A T-15 m procedeu-se à verificação final dos sistemas da cápsula espacial, do seu foguetão lançador, da plataforma de lançamento e de todos os sistemas em terra incluindo a rede de estações que iriam seguir o veículo nas fases iniciais de voo.

Com tudo a correr como previsto, deu-se a ignição dos motores do primeiro estágio do foguetão Chang Zheng-2F/G (Y21) bem como dos quatro propulsores laterais de combustível líquido às 1544:46UTC, abandonando a plataforma de lançamento pouco depois.

A T=0s ocorre a ignição dos quatro motores do primeiro estágio do foguetão lançador juntamente com a ignição dos quatro propulsores laterais de combustível líquido, fazendo com que o veículo deixe a plataforma de lançamento. O lançador eleva-se na vertical durante alguns segundos e a T+20s inicia uma manobra de arfagem para se colocar no azimute de voo e no perfil de voo correcto para a missão. Esta manobra minimiza as cargas aerodinâmicas sobre a estrutura do veículo.

A T+1m 2s, o foguetão atinge a velocidade do som e a T+1m 15s passa para zona de máxima pressão dinâmica. A T+2m 1s ocorre a separação da torre do sistema de emergência e os quatro propulsores laterais de combustível líquido são separados a T+2m 34s. Sete segundos mais tarde, os motores do primeiro estágio terminam a sua queima, iniciando assim o processo de separação do primeiro estágio e a ignição do segundo estágio.

A carenagem de protecção separa-se a T+3m 28s. Não sendo mais necessária, a separação das duas metades da carenagem expõe a cápsula espacial Shenzhou-21.

O final da queima do motor do segundo estágio ocorre a T+7m 41s. Quatro motores vernier continuam a sua função propulsionando e estabilizado o conjunto durante mais 115 segundos. O final da queima dos quatro vernier ocorre a T+9m 36s.

A separação entre a Shenzhou-21 e o segundo estágio do seu foguetão lançador ocorre 9 minutos e 37 segundos após ter deixado a plataforma de lançamento. A abertura dos dois painéis solares necessários para o fornecimento de energia ocorre 3 minutos após a separação da cápsula espacial.

Após atingir a órbita terrestre, a tripulação procedeu à verificação dos sistemas da Shenzhou-20 e iniciam uma série de manobras, colocando-se na trajectória ideal para o seu voo de aproximação à estação espacial Tiangong.

A estação espacial Tiangong

A construção da estação espacial modular é o grande salto no programa espacial tripulado da China e surge após o aperfeiçoamento sucessivo das diferentes técnicas do voo espacial, nomeadamente o lançamento de um veículo tripulado (Shenzhou-5), o lançamento de uma tripulação (Shenzhou-6 com dois elementos e Shenzhou-7 com três elementos), a realização de actividades extraveículares (Shenzhou-7), a colocação em órbita de um módulo laboratorial do tipo Salyut-1 (Tiangong-1 e Tiangong-2), a ocupação de uma estação espacial e voo de longa duração (Shenzou-9 e Shenzou-10) e o lançamento de um veículo de carga (Tianzhou-1) para o abastecimento regular de estações em órbita.

Em poucos anos, e seguindo um programa devidamente faseado, a China passou do voo espacial tripulado de curta duração para a construção de uma estação espacial modular que irá permitir permanências de seis meses em órbita terrestre, atingindo assim o nível e a capacidade da Rússia e dos Estados Unidos.

O final da construção em órbita da estação espacial Tiangong ocorreu em 2022 após a realização de onze missões, incluindo três lançamentos de diferentes módulos, quatro lançamentos de veículos de carga e quatro lançamentos tripulados.

Espera-se que a estação espacial Tiangong venha a ser alargada com novos módulos nos próximos anos.

O foguetão Chang Zheng-2F/G

O foguetão Chang Zheng-2F/G é uma versão do foguetão lançador Chang Zheng-2F utilizado no programa espacial tripulado Shenzhou (Projecto 921). Este lançador também pode ser designado como Chang Zheng-2F ‘Fase Um’. Este lançador, desenvolvido pela Academia Chinesa de Tecnologia de Veículos Lançadores sobre coordenação da Corporação de Ciência e Tecnologia Aeroespacial da China, é diferente da versão original Shenjian (Seta Mágica) que foi desenvolvida a partir do foguetão Chang Zheng-2E que por sua vez foi baseado na tecnologia matura do lançador Chang Zheng-2C. O desenho conceptual do Chang Zheng-2E foi iniciado em 1986, com o veículo a ser colocado no mercado mundial de lançadores após um voo de teste em Julho de 1990.

Para satisfazer os requisitos da missão de encontro e acoplagem, o Chang Zheng-2F sofreu mais de 170 modificações e utilizou cinco novas tecnologias. Este veículo foi utilizado para o lançamento do Tiangong-1, da Shenzhou-8, da Shenzhou-9 e da Shenzhou-10, vindo também a ser utilizado para o lançamento dos futuros veículos do programa espacial tripulado até um lançador mais potente estar disponível, no caso o Chang Zheng-7.

As diferenças principais desta versão encontram-se na capacidade de propolente dos propulsores laterais de combustível líquido que foi aumentada alterando-se o formato do topo dos tanques de esférico para cónico. Em resultado, o lançador tem cerca de 450.000 kg de propolente, 493.000 kg na massa de lançamento e a sua capacidade de lançamento para missões para a órbita terrestre baixa foi aumentada para 8.600 kg. Por outro lado, o sistema de orientação por giroscópios foi substituído por unidades de medição de inércia por laser e o sistema original de orientação de perturbação foi substituído por um novo sistema interactivo que proporciona uma melhor precisão de inserção orbital.

Tal como o CZ-2F, o Chang Zheng-2F/G é um lançador a dois estágios auxiliado por quatro propulsores laterais de combustível líquido durante a ignição do primeiro estágio. O comprimento total do CZ-2F/G é de 52,0 metros com um estágio central de 3,35 metros de diâmetro e um diâmetro máximo de 8,45 metros na base e contando com os propulsores laterais. No lançamento a sua massa é de 493.000 kg, sendo capaz de colocar numa órbita baixa uma carga de 8.600 kg.

No foguetão Chang Zheng-2F, os propulsores laterais LB-40 têm um comprimento de 15,326 metros, 2,25 metros de diâmetro, um peso bruto de 40.750 kg e uma massa de 3.000 kg sem propolente. Cada propulsor está equipado com um motor YF-20B de escape fixo que consome UDMH/N2O4 desenvolvendo uma força de 740,4 kN ao nível do mar. o seu tempo de queima é de 127,26 segundos (será de 137 segundos para o CZ-2F/G). Os propulsores no CZ-2F/G têm um maior comprimento e maior capacidade de propolente o que permite um maior tempo de queima.

Lançamento Data Hora (UTC) Veículo Carga
2021-053 17/Jun/21 01:22:31,693 Y12 Shenzhou-12
2021-092 15/Out/21 16:23:56,469 Y13 Shenzhou-13
2022-060 05/Jun/22 02:44:10,460 Y14 Shenzhou-14
2022-162 29/Nov/22 15:08:17,457 Y15 Shenzhou-15
2023-077 30/Mai/23 01:31:13,480 Y16 Shenzhou-16
2023-164 26/Out/23 03:14:02,491 Y17 Shenzhou-17
2024-078 25/Abr/24 12:59:00,479 Y18 Shenzhou-18
2024-194 29/Out/24 20:27:34,469 Y19 Shenzhou-19
2025-082 24/Abr/25 09:17:31,441 Y20 Shenzhou-20
2025-246 31/Out/25 15:44:46,441 Y21 Shenzhou-21

O primeiro estágio L-180 tem um comprimento de 28,465 metros, diâmetro de 3,35 metros, peso bruto de 198.830 kg e uma massa de 12.550 kg sem propolentes. Está equipado com um motor YF-21B composto de quatro motores YF-20B que desenvolvem 2.961,6 kN ao nível do mar. Os motores consomem UDMH/N2O4. O seu tempo de queima é de 160,00 segundos (poderá ser superior na versão CZ-2F/G).

O segundo estágio L-90 tem 14,223 metros de comprimento, 3,35 metros de diâmetro, uma massa bruta de 91.414 kg e uma massa de 4.955 kg sem propolente. Está equipado com um motor YF-24B composto de um motor YF-22B de escape fixo e por quatro motores vernier de escape amovível YF-23B. Os motores consomem UDMH/N2O4 desenvolvendo 738,4 kN (motor principal) e 47,04 kN (motores vernier) de força em vácuo. O tempo total de queima é de 414,68 segundos (motor principal) e de 301,18 segundos (motores vernier).

O sistema de emergência montado no topo do lançador fornece uma força de 73.000 kgf e é accionado durante 3 segundos em caso de emergência podendo deslocar o veículo a uma distância de 1,5 km na vertical e a 500 metros na horizontal.

O Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan

Criado em 1960, no alvorecer da Era Espacial, o Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan (酒泉卫星发射中心 – Jiǔquán Wèixīng Fāshè Zhōngxīn) está localizado no noroeste da China, a cerca de 150 km a Sul da fronteira entre a China e a Mongólia.

O centro foi construído para apoiar o teste de mísseis balísticos da China e em Abril de 1970, um míssil balístico de alcance intermediário modificado lançado a partir de Jiuquan colocou em órbita o primeiro satélite artificial da China, o Dongfanghong-1. Desde então, Jiuquan tem sido usado para lançamentos orbitais da China para a órbita terrestre baixa, principalmente para satélites de observação da Terra e de reconhecimento militar.

O centro consiste numa série de plataformas de lançamento na Mongólia Interior e várias zonas de impacto alvo nas províncias vizinhas de Gansu e Xinjiang, cobrindo uma área total de 2.800 km2. A área de lançamentos, localizada no Condado de Ejin-Banner, parte da Liga de Alashan da Região Autónoma da Mongólia Interior, inclui uma base residencial principal (Zona 10), vários complexos de lançamento, áreas técnicas e instalações de instrumentação espalhadas por de 50 km ao longo do rio Ruoshui, na borda ocidental do deserto de Badain Jaran. A região tem um clima tipicamente interior, principalmente seco e ensolarado, mas frio no Inverno, com uma temperatura média anual de 8,7 ° C. Existem cerca de 260 a 300 dias por ano adequados para actividades de lançamento espacial.

Durante a Guerra Fria, a Base 20 foi identificada pelos serviços secretos Ocidentais como o “Centro Espacial e de Testes de Mísseis Shuang Cheng Tzu”. Nos anos 80, o centro foi parcialmente desclassificado e abriu sua porta para visitantes estrangeiros. Como resultado, tornou-se oficialmente conhecido como o Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan, em homenagem a uma pequena cidade a 200 km de distância, na vizinha Província de Gansu. Isto, e tal como aconteceu com Baikonur, causou alguma confusão, já que o centro de lançamento não está realmente situado dentro da jurisdição da cidade de Jiuquan. É possível que esse engano tenha sido uma tentativa deliberada de disfarçar sua verdadeira localização. O centro continua a ser uma instalação militar, conhecida como a 20.ª Base de Testes e Treino na sua designação militar.

O centro de lançamento operou um único local de lançamento conhecido como “Complexo de Lançamento 3” até 1966, quando o novo “Complexo de Lançamento 2” (Zona de Lançamentos Norte) ficou operacional. O local de lançamento tornou-se o principal centro de lançamento de mísseis e espaciais da China desde o início dos anos 70, tendo levado a cabo uma série de testes de mísseis balísticos intercontinentais e actividades de lançamento de satélites. Este local de lançamento foi desactivado em 1996 após 30 anos de serviço e três anos depois, um novo local de lançamento (Zona de Lançamentos Sul) foi comissionado em 1999 para apoiar os lançamentos dos veículos tripulados Shenzhou. Uma segunda plataforma de lançamento para missões de lançamento de satélites não tripulados foi adicionada em 2003. Mais instalações de lançamento para lançadores de combustível sólido foram adicionadas por volta de 2012.

O Complexo de Lançamento 3 (三号 发射 阵地) foi a primeira instalação de lançamento permanente em Jiuquan. O complexo de lançamento consistia em duas plataformas de lançamento de betão armado, com uma escala no solo para medir a quantidade de propulsor adicionado ao míssil. Não havia torre umbilical nas plataformas de lançamento. Os mísseis eram transportados para a sua posição de lançamento em veículos rebocados por camiões, que também servia como suporte de lançamento. O complexo de lançamento tornou-se operacional em 1960 para apoiar o teste de mísseis balísticos de curto e médio alcance, e foi desactivado no final dos anos 1960.

A Zona de Lançamentos Norte, também conhecida como Complexo de Lançamento 2 (二号发射 阵地), foi construída na década de 1960 para apoiar o teste de mísseis balísticos de alcance intermédio a intercontinental e lançamento de satélites. O complexo de lançamento consistia em duas plataformas de lançamento (“5020” e “138”), uma torre de serviço móvel e uma sala de controlo subterrânea. O processamento de veículos e a sua verificação eram levados a cabo na área técnica norte (Zona 7) localizada a 22 quilómetros a Sul do complexo de lançamento. O local de lançamento foi desactivado em 1996 e desde então tornou-se uma atracção turística.

A Plataforma de Lançamento 5020 (também designada LC2A) foi activada em Dezembro de 1966 para ser utilizada pelo míssil balístico de alcance intermédio DF-4 Dongfeng-4 e pelo foguetão CZ-1 Chang Zheng-1. A plataforma tem uma torre umbilical fixa com seis pares de braços oscilantes, que serviram como plataformas operacionais para permitir o acesso ao veículo lançador, e também forneciam energia, gases e propelentes para o veículo e para a carga útil. Os braços oscilantes eram recolhidos segundos antes do lançamento. O lançador era montado numa mesa de lançamento de aço, abaixo da qual existia buraco de terra arredondado que levava ao deflector de chamas de cimento armado. Durante o lançamento, a exaustão  dos gases do veículo de lançamento era conduzida para o deflector que se encontrava cheio de água e era direccionada para longe do veículo para o ar livre. O primeiro lançamento desta plataforma foi realizado a 26 de Dezembro de 1966 e o ​​último lançamento em 21 de Maio de 1980.

A Plataforma de Lançamento 138 (LC2B) foi adicionada ao Complexo e Lançamento 2 em 1970 para suportar os veículos de lançamento mais pesados ​​DF-5 Dongfang-5, CZ-2C Chang Zheng-2C e CZ-2D Chang Zheng-2. A torre umbilical tinha 45 metros de altura e 7,8 metros de largura. A torre era equipada com um elevador com capacidade de carga de 1 tonelada e possuía 5 andares de plataformas rotativas, além de 2 andares de plataformas móveis que permitiam o acesso ao lançador. Estava equipada com um sistema de verificação do lançador semiautomático e um sistema de abastecimento de propelente totalmente automatizado. O primeiro lançamento desta plataforma foi realizado a 10 de Setembro de 1971 e o último lançamento em 20 de Outubro de 1996.

A torre de serviço móvel fornece uma plataforma operacional para montagem de foguetões e integração dos satélites. O corpo da torre é uma estrutura de aço de 11 andares com 55,23 metros de altura, 30,52 metros de comprimento e 20,9 metros de largura. A torre está equipada com uma ponte rolante com capacidade de elevação de 15 toneladas no gancho primário e 5 toneladas no gancho secundário. Existiam dois elevadores com capacidade de elevação de 500 kg nos dois lados da torre. Existiam seis andares na plataforma operacional no corpo da torre. O processamento de satélites era feito numa “sala limpa” localizada de 29 metros a 42 metros dentro do corpo da torre.

O centro de controle de lançamento subterrâneo era responsável por monitorizar e controlar remotamente a montagem do veículo de lançamento e dos satélites, coordenando as comunicações entre o complexo de lançamento e a área técnica, a previsão do tempo e a assistência médica. Consistia numa sala de tiro, três salas de teste de satélites e duas salas de teste de veículos lançadores, apoiadas por fonte de alimentação, sistema de ar condicionado e sistema de comunicação.

O Centro Técnico Norte (Zona 7), localizado a 22 quilómetros a Sul do local de lançamento, era a área de lançamento e processamento de foguetes e satélites. Os veículos lançadores e satélites eram transportados a partir dos seus locais de fabrico para o centro técnico via caminho-de-ferro. Depois de concluído o processamento inicial, os diferentes estágios dos lançadores eram transportadas em reboques rebocados por camião até à plataforma de lançamento, onde eram içadas para a posição na plataforma de lançamento, verificados e abastecidas.

A estrutura central do centro técnico era o complexo de processamento de veículos de lançamento e de cargas espaciais. O edifício consistia numa sala de processamento de 90 x 8 metros para preparação dos foguetões e satélites e uma sala de processamento de 24 x 8 metros para abastecimento de satélites. Havia também uma sala limpa para testes dos satélites. Os estágios dos lançadores e os satélites eram transportados para o edifício através de uma linha férrea dedicada. Um segundo edifício no centro era o Edifício de Verificação e Processamento de Motores de Propulsão Sólida, onde os motores de prepolente sólido nos satélites eram preparados.

A Zona de Lançamentos Sul é actualmente o único complexo de lançamento activo em Jiuquan. É composto por duas plataformas de lançamento (“921” e “603”) no Complexo de Lançamento LC43 e um centro técnico para processamento e verificação.

A Plataforma de Lançamento 91 (SLS-1), também conhecida como “Plataforma Shenzhou”, ou Plataforma 921, (Longitude: 100 ° 17.4’E; Latitude: 40 ° 57.4’N; Elevação acima do nível do mar: 1.073 m) é a principal plataforma de lançamento. A plataforma de lançamento é dedicada ao lançamento das missões do programa espacial tripulado utilizando o veículo de lançamento CZ-2F Chang Zheng-2F. As instalações da plataforma de lançamento incluem uma torre umbilical, uma plataforma de lançamento móvel, um par de condutas de chamas, uma sala de equipamentos subterrâneos, armazéns de propulsores e oxidantes, sistema de abastecimento de foguetes, fonte de alimentação, fornecimento de gás e sistema de comunicação.

A torre umbilical é uma estrutura de aço com 11 andares e 75 metros de altura, projectada para fornecer a carga de propelente e drenagem, gás, energia e ligações de comunicação para o veículo lançador e para a sua carga. Na torre existem instalações para verificações antes do lançamento, entrada da tripulação e saída de emergência. A torre está equipada com um guindaste de carga, um elevador de carga e um elevador à prova de explosão para a tripulação em caso de emergência. Em caso de emergência, um sistema de escape de lona está disponível para os astronautas saírem da plataforma de lançamento. A fonte de alimentação e outros equipamentos de suporte estão localizados dentro de uma sala subterrânea por debaixo da torre umbilical.

A torre umbilical é composta por uma estrutura fixa e um par de plataformas giratórias de seis andares. Uma vez chegado à plataforma de lançamento, as plataformas giratórias são deslocadas para “abraçar” o foguetão e assim permitir que os procedimentos de abastecimento e verificações finais sejam conduzidas. A torre também contém uma área ambientalmente controlada e protegida para os astronautas entrarem na cápsula espacial. As plataformas rotativas são abertas uma hora antes do lançamento. Quatro braços oscilantes fornecem conexões para electricidade, gases e fluidos ao lançador e são recolhidos alguns minutos antes do lançamento.

Durante o lançamento, as chamas e a exaustão de alta temperatura dos motores do foguetão são direccionadas para a vala de chamas de betão armado através de um grande buraco redondo sob a plataforma de lançamento móvel. As chamas e gases são então desviados do veículo de lançamento através de dois canais de chama rectangulares localizados em ambos os lados da plataforma de lançamento.

A plataforma de lançamento móvel transporta o foguetão desde o edifício de integração e montagem de veículos situado na área técnica até a torre umbilical. A plataforma tem 24,4 metros de comprimento, 21,7 metros de largura e 8,34 metros de altura, e pesa 750 t. Move-se em carris de 20 metros de largura a uma velocidade máxima de 25 m/min, com uma taxa de aceleração inferior a 0,2 m/s. A plataforma demora 60 minutos para completar a viagem de 1.500 metros entre o edifício de montagem e a plataforma de lançamento.

A Plataforma de Lançamento 94 (SLS-2), também conhecido como “Plataforma Jianbing” (ou Plataforma 603), foi comissionada em 2003 para suportar lançamentos de satélites não tripulados para a órbita terrestre baixa usando os veículos de lançamento CZ-2C, CZ-2D e CZ-4B Chang Zheng-4B. As instalações da plataforma incluem uma torre umbilical de betão armado e um único canal de chamas. A plataforma adoptou um método de lançamento tradicional, onde o veículo de lançamento é montado verticalmente usando um guindaste para içar cada estágio. O veículo de lançamento é verificado na vertical, abastecido e, posteriormente, lançado.

As instalações de apoio da Zona de Lançamentos Sul, colectivamente conhecidas como Centro Técnico Sul, incluem o Edifício de Processamento Horizontal de Veículos de Lançamento (BL1), o Edifício de Montagem Vertical de Veículos de Lançamento (BLS), o Edifício de Operações Não Perigosas (BS2), o Edifício de Operações Perigosas de Veículos Tripulados (BS3) , Edifício de Verificação e Processamento de Motores de Propelente Sólido (BM), o Edifício de Processamento e Armazenamento de Pirotecnia (BP1, BP2) e o Centro de Controle de Lançamento (LCC). A instalação foi projectada para receber o foguetão lançador e a sua carga útil para montagem e testes, antes de serem movidos para a plataforma de lançamento.

Para uma missão dos veículos tripulados Shenzhou, a campanha de lançamento geralmente começa aproximadamente dois meses antes do lançamento. O veículo de lançamento CZ-2F é transportado em segmentos separados desde as Instalações 211 em Pequim até o Centro Técnico Sul via caminho-de-ferro. Após a sua chegada, o veículo é mantido no Edifício de Processamento Horizontal do Veículo de Lançamento para testes iniciais e preparação. O núcleo do veículo e os propulsores laterais são então montados dentro do BLS (o Edifício de Montagem Vertical).

A cápsula Shenzhou é transportada de Pequim para a Base Aérea de Dingxin por um avião de carga, e depois transportada por estrada até o local de lançamento, a 76 km de distância. A cápsula espacial é então integrada e testada no Edifício de Operação Não Perigosa de Naves Espaciais (BS2) e, em seguida, movida para o Edifício de Operação Perigosa de Veículos Tripulados (BS3) para abastecimento de combustível. O próximo passo é integrar a cápsula com a carenagem de carga e instalar a torre de escape emergência. A cápsula é então transportada para o BLS, onde é integrada no seu foguetão.

O edifício de integração vertical, oficialmente conhecido como o Edifício de Montagem Vertical do Veículo de Lançamento (BLS) serve como uma plataforma para a integração e montagem dos lançadores e da sua carga útil. O edifício é composto por duas salas de processamento vertical de 26,8 x 28 x 81,6 metros, cada uma equipada com uma plataforma móvel de 13 andares e uma grua de carga de 50 t. As duas salas permitem o processamento simultâneo de dois veículos lançadores. Na época da construção, dizia-se ser o edifício de betão armado de piso único mais alto do mundo, com o tecto de betão armado mais alto do mundo (86,1 metros acima do solo) e mais pesado (13.000 t).

O Centro de Controle de Lançamento (LCC) localizado ao lado do BLS monitoriza e coordena a campanha de lançamento. O centro é dividido em quatro salas funcionais: a Sala de Controle do Veículo de Lançamento, a Sala de Controle da Cápsula Espacial, a Sala de Comando de Exame e Lançamento e o Centro de Comunicações.

Lançamento Veículo  Plataforma Data Hora (UTC) Carga
2025-128 Chang Zheng-2D (Y42) LC43/94 14/Jun/25 07:56 Zhangheng-1 02
2025-160 Shuangquxian-1 (Y10) LC43/95A 29/Jul/25 04:11 Enshi Xidu Shanquan
2025-F05 Zhuque-2E (Y3) LC43/96A 15/Ago/25 01:17 ?? (x4)
2025-180 Lijian-1 (Y10) LC43/130 19/Ago/25 07:33 Haishao-2 “Zhongke-05”

Duogongneng Shiyan-2 01

Duogongneng Shiyan-2 02

Duogongneng Shiyan-2 03

Tianyan-26

ThumbSat-1

ThumbSat-2

2025-197 Gushenxing-1 (Y15) LC43/95A 05/Set/25 11:39 Kaiyun-1

Yuxing-1 08

Yunyao-1 27

2025-209 Chang Zheng-2C/YZ-1S (Y87?/Y19?) LC43/94 16/Set/25 01:06 Weixing Hulianwang JSW 07 01

Weixing Hulianwang JSW 07 02

Weixing Hulianwang JSW 07 03

Weixing Hulianwang JSW 07 04

2025-219 Chang Zheng-4C (Y45) LC43/94 26/Set/25 19:40 Fengyun-3H
2025-227 Chang Zheng-2D (Y92) LC43/94 13/Out/25 10:00 Shiyan-31
2025-234 Lijian-1 (Y8) LC43/130 19/Out/25 03:33 Zhongke-03

Zhongke-04

PRSC-HS1

2025-246 Chang Zheng-2F/G (Y21) LC43/91 31/Out/25 15:44:46,441 Shenzhou-21

Imagens: Internet Chinesa e Xinhua



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