China lança missão de emergência para a estação espacial Tiangong

A China colocou em órbita a cápsula espacial não-tripulada Shenzhou-22 a 25 de Novembro de 2025.

O lançamento teve lugar às 0411:45,459UTC e foi realizado pelo foguetão Chang Zheng-2F/G (Y22) a partir da Plataforma de Lançamento 91 do Complexo de Lançamento LC43 do Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan, Mongólia Interior.

Todas as fases do lançamento decorreram como previsto e a pós a separação do segundo estágio, a Shenzhou-22 iniciou a «perseguição» à estação espacial Tiangong actualmente ocupada pelos taikonautas Zhang Lu (Comandante), Wu Fei (Engenheiro de Voo) e Zhang Hongzhang (Especialista de Carga).

Esta missão é designada “Tiangong Yingji 1” (天宫应急1号 – “Tiangong Emergência 1) e a acoplagem com a estação espacial Tiangong teve lugar pelas 0750UTC.

Zhang Lu, Wu Fei e Zhang Hongzhang foram lançados a bordo da Shenzhou-21 a 31 de Outubro. A Shenzhou-22, que serviu como veículo de emergência no lançamento da Shenzhou-21, estava originalmente prevista para ser lançada em Abril ou Maio de 2026. Porém, a cápsula espacial Shenzhou-21 foi utilizada para o regresso da tripulação da Shenzhou-20, dado que a sua cápsula foi danificada por detritos espaciais, e assim a Shenzhou-22 é necessária como veículo de regresso da tripulação actualmente a bordo da estação espacial Tiangong.

A Shenhzou-20 sofreu o impacto de um detrito espacial, levantando dúvidas sobre a sua capacidade de regressar em segurança ao planeta.

A escotilha das cápsula espaciais Shenzhou é composta por um painel exterior resistente ao calor e por dois painéis interiores de pressão. As fendas encontradas na Shenzhou-20 colocam em risco o painel exterior – que poderá estilhaçar durante a reentrada – expondo os painéis interiores que não foram projectados para resistir ao calor do plasma criado pelo atrito atmosférico.

Com este lançamento, a Agência Espacial Tripulada da China proporciona também um veículo de regresso de emergência e acaba por manter o plano de lançamentos previstos no seu programa espacial tripulado para 2026 que verá o lançamento dos primeiros taikonautas de Macau e Hong Kong (Abril ou Maio), de um taikonauta paquistanês (possivelmente agora na missão Shenzhou-24, em Outubro) e o lançamento da nave espacial da próxima geração, a Mengzhou-1 (Novembro ou Dezembro).

Antes do lançamento, a equipa de especialistas fez mudanças radicais no interior da cápsula espacial Shenzhou-22. Entre estas alterações encontra-se a remoção da área de atividades e os assentos dos taikonautas, substituindo-os por um compartimento de carga modular. Esta modificação aumentou directamente a capacidade de carga em mais de 50%, permitindo o transporte de mais de 600 kg de mantimentos essenciais que incluem provisões para os taikonautas (mantimentos, equipamentos médicos, frutas e vegetais frecos), dispositivos para a reparação da Shenzhou-20, peças sobressalentes para a estação espacial e diversos equipamentos científicos experimentais, garantindo tanto a sobrevivência da tripulação em órbita como o funcionamento ininterrupto das missões de investigação científica.

Em órbita, a Shenzhou-22 será novamente alterada com a colocação, por parte dos taikonautas, dos seus assentos individuais.

Em relação à reparação dos danos sofridos pela Shenzhou-20, foi referido que reparar um pedaço de vidro pelo lado de fora é extremamente difícil. A renoção do vidro afectado seria muito arriscado por parte dos taikonautas e a única opção era repará-lo por dentro, aproveitando a estrutura existente. Do ponto de vista de uma missão tripulada, não se pode garantir 100% de segurança, pelo que não será utilizada para missões de regresso tripuladas. No entanto, ainda pode ser utilizado para missões de retorno de carga. Para esta missão, foram implementadas medidas de reforço para garantir ainda mais a segurança.

O emblema da missão Shenzhou-22 combina elementos aeroespaciais chineses com símbolos culturais tradicionais.

Inspirado na Grande Muralha da China, encarna o compromisso solene com a segurança dos taikonautas. O formato de arco e flecha, juntamente com o foguetão Chang Zheng-2F/G e a cápsula espacial Shenzhou, formam o núcleo visual, transmitindo uma sensação de “prontidão para o lançamento” e uma crença inabalável na “missão cumprida”. Vinte e duas setas circundam o emblema, correspondendo precisamente ao número da missão. No esquema de cores, o azul representa a base da tecnologia aeroespacial, o vermelho representa a responsabilidade da missão e o laranja realça a rapidez do resgate de emergência.

O design geral não só dá continuidade à herança estética dos emblemas aeroespaciais chineses, como também incorpora, de forma inovadora, elementos de resgate de emergência, interpretando na perfeição o valor fundamental de “proteger vidas com o poder aeroespacial” e demonstrando a força tecnológica e o cuidado humanístico da China no campo aeroespacial.

Lançamento

O foguetão lançador Chang Zheng-2F/G (Y22) para a missão Shenzhou-22 havia sido entregue no centro espacial em Setembro. Este é um procedimento regular nas missões espaciais tripuladasda China e que permitiu assim uma preparação mais rápida deste vector para a missão de emergência. O veículo seria transportado para a plataforma de lançamento a 21 de Novembro.

Com todos os preparativos a decorrer como previsto, deu-se a ignição dos motores do primeiro estágio do foguetão Chang Zheng-2F/G (Y22) bem como dos quatro propulsores laterais de combustível líquido às 0411UTC, abandonando a plataforma de lançamento pouco depois.

A T=0s ocorre a ignição dos quatro motores do primeiro estágio do foguetão lançador juntamente com a ignição dos quatro propulsores laterais de combustível líquido, fazendo com que o veículo deixe a plataforma de lançamento. O lançador eleva-se na vertical durante alguns segundos e a T+20s inicia uma manobra de arfagem para se colocar no azimute de voo e no perfil de voo correcto para a missão. Esta manobra minimiza as cargas aerodinâmicas sobre a estrutura do veículo.

A T+1m 2s, o foguetão atinge a velocidade do som e a T+1m 15s passa para zona de máxima pressão dinâmica. A T+2m 1s ocorre a separação da torre do sistema de emergência e os quatro propulsores laterais de combustível líquido são separados a T+2m 34s. Sete segundos mais tarde, os motores do primeiro estágio terminam a sua queima, iniciando assim o processo de separação do primeiro estágio e a ignição do segundo estágio.

A carenagem de protecção separa-se a T+3m 28s. Não sendo mais necessária, a separação das duas metades da carenagem expõe a cápsula espacial Shenzhou-22.

O final da queima do motor do segundo estágio ocorre a T+7m 41s. Quatro motores vernier continuam a sua função propulsionando e estabilizado o conjunto durante mais 115 segundos. O final da queima dos quatro vernier ocorre a T+9m 36s.

A separação entre a Shenzhou-22 e o segundo estágio do seu foguetão lançador ocorre 9 minutos e 37 segundos após ter deixado a plataforma de lançamento. A abertura dos dois painéis solares necessários para o fornecimento de energia ocorre 3 minutos após a separação da cápsula espacial.

Após atingir a órbita terrestre, a tripulação procedeu à verificação dos sistemas da Shenzhou-20 e iniciam uma série de manobras, colocando-se na trajectória ideal para o seu voo de aproximação à estação espacial Tiangong.

A estação espacial Tiangong

A construção da estação espacial modular é o grande salto no programa espacial tripulado da China e surge após o aperfeiçoamento sucessivo das diferentes técnicas do voo espacial, nomeadamente o lançamento de um veículo tripulado (Shenzhou-5), o lançamento de uma tripulação (Shenzhou-6 com dois elementos e Shenzhou-7 com três elementos), a realização de actividades extraveículares (Shenzhou-7), a colocação em órbita de um módulo laboratorial do tipo Salyut-1 (Tiangong-1 e Tiangong-2), a ocupação de uma estação espacial e voo de longa duração (Shenzou-9 e Shenzou-10) e o lançamento de um veículo de carga (Tianzhou-1) para o abastecimento regular de estações em órbita.

Em poucos anos, e seguindo um programa devidamente faseado, a China passou do voo espacial tripulado de curta duração para a construção de uma estação espacial modular que irá permitir permanências de seis meses em órbita terrestre, atingindo assim o nível e a capacidade da Rússia e dos Estados Unidos.

O final da construção em órbita da estação espacial Tiangong ocorreu em 2022 após a realização de onze missões, incluindo três lançamentos de diferentes módulos, quatro lançamentos de veículos de carga e quatro lançamentos tripulados.

Espera-se que a estação espacial Tiangong venha a ser alargada com novos módulos nos próximos anos.

O foguetão Chang Zheng-2F/G

O foguetão Chang Zheng-2F/G é uma versão do foguetão lançador Chang Zheng-2F utilizado no programa espacial tripulado Shenzhou (Projecto 921). Este lançador também pode ser designado como Chang Zheng-2F ‘Fase Um’. Este lançador, desenvolvido pela Academia Chinesa de Tecnologia de Veículos Lançadores sobre coordenação da Corporação de Ciência e Tecnologia Aeroespacial da China, é diferente da versão original Shenjian (Seta Mágica) que foi desenvolvida a partir do foguetão Chang Zheng-2E que por sua vez foi baseado na tecnologia matura do lançador Chang Zheng-2C. O desenho conceptual do Chang Zheng-2E foi iniciado em 1986, com o veículo a ser colocado no mercado mundial de lançadores após um voo de teste em Julho de 1990.

Para satisfazer os requisitos da missão de encontro e acoplagem, o Chang Zheng-2F sofreu mais de 170 modificações e utilizou cinco novas tecnologias. Este veículo foi utilizado para o lançamento do Tiangong-1, da Shenzhou-8, da Shenzhou-9 e da Shenzhou-10, vindo também a ser utilizado para o lançamento dos futuros veículos do programa espacial tripulado até um lançador mais potente estar disponível, no caso o Chang Zheng-7.

As diferenças principais desta versão encontram-se na capacidade de propolente dos propulsores laterais de combustível líquido que foi aumentada alterando-se o formato do topo dos tanques de esférico para cónico. Em resultado, o lançador tem cerca de 450.000 kg de propolente, 493.000 kg na massa de lançamento e a sua capacidade de lançamento para missões para a órbita terrestre baixa foi aumentada para 8.600 kg. Por outro lado, o sistema de orientação por giroscópios foi substituído por unidades de medição de inércia por laser e o sistema original de orientação de perturbação foi substituído por um novo sistema interactivo que proporciona uma melhor precisão de inserção orbital.

Tal como o CZ-2F, o Chang Zheng-2F/G é um lançador a dois estágios auxiliado por quatro propulsores laterais de combustível líquido durante a ignição do primeiro estágio. O comprimento total do CZ-2F/G é de 52,0 metros com um estágio central de 3,35 metros de diâmetro e um diâmetro máximo de 8,45 metros na base e contando com os propulsores laterais. No lançamento a sua massa é de 493.000 kg, sendo capaz de colocar numa órbita baixa uma carga de 8.600 kg.

No foguetão Chang Zheng-2F, os propulsores laterais LB-40 têm um comprimento de 15,326 metros, 2,25 metros de diâmetro, um peso bruto de 40.750 kg e uma massa de 3.000 kg sem propolente. Cada propulsor está equipado com um motor YF-20B de escape fixo que consome UDMH/N2O4 desenvolvendo uma força de 740,4 kN ao nível do mar. o seu tempo de queima é de 127,26 segundos (será de 137 segundos para o CZ-2F/G). Os propulsores no CZ-2F/G têm um maior comprimento e maior capacidade de propolente o que permite um maior tempo de queima.

Lançamento Data Hora (UTC) Veículo Carga
2021-092 15/Out/21 16:23:56,469 Y13 Shenzhou-13
2022-060 05/Jun/22 02:44:10,460 Y14 Shenzhou-14
2022-162 29/Nov/22 15:08:17,457 Y15 Shenzhou-15
2023-077 30/Mai/23 01:31:13,480 Y16 Shenzhou-16
2023-164 26/Out/23 03:14:02,491 Y17 Shenzhou-17
2024-078 25/Abr/24 12:59:00,479 Y18 Shenzhou-18
2024-194 29/Out/24 20:27:34,469 Y19 Shenzhou-19
2025-082 24/Abr/25 09:17:31,441 Y20 Shenzhou-20
2025-246 31/Out/25 15:44:46,441 Y21 Shenzhou-21
2025-272 25/Nov/25 04:11:45,459 Y22 Shenzhou-22

O primeiro estágio L-180 tem um comprimento de 28,465 metros, diâmetro de 3,35 metros, peso bruto de 198.830 kg e uma massa de 12.550 kg sem propolentes. Está equipado com um motor YF-21B composto de quatro motores YF-20B que desenvolvem 2.961,6 kN ao nível do mar. Os motores consomem UDMH/N2O4. O seu tempo de queima é de 160,00 segundos (poderá ser superior na versão CZ-2F/G).

O segundo estágio L-90 tem 14,223 metros de comprimento, 3,35 metros de diâmetro, uma massa bruta de 91.414 kg e uma massa de 4.955 kg sem propolente. Está equipado com um motor YF-24B composto de um motor YF-22B de escape fixo e por quatro motores vernier de escape amovível YF-23B. Os motores consomem UDMH/N2O4 desenvolvendo 738,4 kN (motor principal) e 47,04 kN (motores vernier) de força em vácuo. O tempo total de queima é de 414,68 segundos (motor principal) e de 301,18 segundos (motores vernier).

O sistema de emergência montado no topo do lançador fornece uma força de 73.000 kgf e é accionado durante 3 segundos em caso de emergência podendo deslocar o veículo a uma distância de 1,5 km na vertical e a 500 metros na horizontal.

O Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan

Criado em 1960, no alvorecer da Era Espacial, o Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan (酒泉卫星发射中心 – Jiǔquán Wèixīng Fāshè Zhōngxīn) está localizado no noroeste da China, a cerca de 150 km a Sul da fronteira entre a China e a Mongólia.

O centro foi construído para apoiar o teste de mísseis balísticos da China e em Abril de 1970, um míssil balístico de alcance intermediário modificado lançado a partir de Jiuquan colocou em órbita o primeiro satélite artificial da China, o Dongfanghong-1. Desde então, Jiuquan tem sido usado para lançamentos orbitais da China para a órbita terrestre baixa, principalmente para satélites de observação da Terra e de reconhecimento militar.

O centro consiste numa série de plataformas de lançamento na Mongólia Interior e várias zonas de impacto alvo nas províncias vizinhas de Gansu e Xinjiang, cobrindo uma área total de 2.800 km2. A área de lançamentos, localizada no Condado de Ejin-Banner, parte da Liga de Alashan da Região Autónoma da Mongólia Interior, inclui uma base residencial principal (Zona 10), vários complexos de lançamento, áreas técnicas e instalações de instrumentação espalhadas por de 50 km ao longo do rio Ruoshui, na borda ocidental do deserto de Badain Jaran. A região tem um clima tipicamente interior, principalmente seco e ensolarado, mas frio no Inverno, com uma temperatura média anual de 8,7 ° C. Existem cerca de 260 a 300 dias por ano adequados para actividades de lançamento espacial.

Durante a Guerra Fria, a Base 20 foi identificada pelos serviços secretos Ocidentais como o “Centro Espacial e de Testes de Mísseis Shuang Cheng Tzu”. Nos anos 80, o centro foi parcialmente desclassificado e abriu sua porta para visitantes estrangeiros. Como resultado, tornou-se oficialmente conhecido como o Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan, em homenagem a uma pequena cidade a 200 km de distância, na vizinha Província de Gansu. Isto, e tal como aconteceu com Baikonur, causou alguma confusão, já que o centro de lançamento não está realmente situado dentro da jurisdição da cidade de Jiuquan. É possível que esse engano tenha sido uma tentativa deliberada de disfarçar sua verdadeira localização. O centro continua a ser uma instalação militar, conhecida como a 20.ª Base de Testes e Treino na sua designação militar.

O centro de lançamento operou um único local de lançamento conhecido como “Complexo de Lançamento 3” até 1966, quando o novo “Complexo de Lançamento 2” (Zona de Lançamentos Norte) ficou operacional. O local de lançamento tornou-se o principal centro de lançamento de mísseis e espaciais da China desde o início dos anos 70, tendo levado a cabo uma série de testes de mísseis balísticos intercontinentais e actividades de lançamento de satélites. Este local de lançamento foi desactivado em 1996 após 30 anos de serviço e três anos depois, um novo local de lançamento (Zona de Lançamentos Sul) foi comissionado em 1999 para apoiar os lançamentos dos veículos tripulados Shenzhou. Uma segunda plataforma de lançamento para missões de lançamento de satélites não tripulados foi adicionada em 2003. Mais instalações de lançamento para lançadores de combustível sólido foram adicionadas por volta de 2012.

O Complexo de Lançamento 3 (三号 发射 阵地) foi a primeira instalação de lançamento permanente em Jiuquan. O complexo de lançamento consistia em duas plataformas de lançamento de betão armado, com uma escala no solo para medir a quantidade de propulsor adicionado ao míssil. Não havia torre umbilical nas plataformas de lançamento. Os mísseis eram transportados para a sua posição de lançamento em veículos rebocados por camiões, que também servia como suporte de lançamento. O complexo de lançamento tornou-se operacional em 1960 para apoiar o teste de mísseis balísticos de curto e médio alcance, e foi desactivado no final dos anos 1960.

A Zona de Lançamentos Norte, também conhecida como Complexo de Lançamento 2 (二号发射 阵地), foi construída na década de 1960 para apoiar o teste de mísseis balísticos de alcance intermédio a intercontinental e lançamento de satélites. O complexo de lançamento consistia em duas plataformas de lançamento (“5020” e “138”), uma torre de serviço móvel e uma sala de controlo subterrânea. O processamento de veículos e a sua verificação eram levados a cabo na área técnica norte (Zona 7) localizada a 22 quilómetros a Sul do complexo de lançamento. O local de lançamento foi desactivado em 1996 e desde então tornou-se uma atracção turística.

A Plataforma de Lançamento 5020 (também designada LC2A) foi activada em Dezembro de 1966 para ser utilizada pelo míssil balístico de alcance intermédio DF-4 Dongfeng-4 e pelo foguetão CZ-1 Chang Zheng-1. A plataforma tem uma torre umbilical fixa com seis pares de braços oscilantes, que serviram como plataformas operacionais para permitir o acesso ao veículo lançador, e também forneciam energia, gases e propelentes para o veículo e para a carga útil. Os braços oscilantes eram recolhidos segundos antes do lançamento. O lançador era montado numa mesa de lançamento de aço, abaixo da qual existia buraco de terra arredondado que levava ao deflector de chamas de cimento armado. Durante o lançamento, a exaustão  dos gases do veículo de lançamento era conduzida para o deflector que se encontrava cheio de água e era direccionada para longe do veículo para o ar livre. O primeiro lançamento desta plataforma foi realizado a 26 de Dezembro de 1966 e o ​​último lançamento em 21 de Maio de 1980.

A Plataforma de Lançamento 138 (LC2B) foi adicionada ao Complexo e Lançamento 2 em 1970 para suportar os veículos de lançamento mais pesados ​​DF-5 Dongfang-5, CZ-2C Chang Zheng-2C e CZ-2D Chang Zheng-2. A torre umbilical tinha 45 metros de altura e 7,8 metros de largura. A torre era equipada com um elevador com capacidade de carga de 1 tonelada e possuía 5 andares de plataformas rotativas, além de 2 andares de plataformas móveis que permitiam o acesso ao lançador. Estava equipada com um sistema de verificação do lançador semiautomático e um sistema de abastecimento de propelente totalmente automatizado. O primeiro lançamento desta plataforma foi realizado a 10 de Setembro de 1971 e o último lançamento em 20 de Outubro de 1996.

A torre de serviço móvel fornece uma plataforma operacional para montagem de foguetões e integração dos satélites. O corpo da torre é uma estrutura de aço de 11 andares com 55,23 metros de altura, 30,52 metros de comprimento e 20,9 metros de largura. A torre está equipada com uma ponte rolante com capacidade de elevação de 15 toneladas no gancho primário e 5 toneladas no gancho secundário. Existiam dois elevadores com capacidade de elevação de 500 kg nos dois lados da torre. Existiam seis andares na plataforma operacional no corpo da torre. O processamento de satélites era feito numa “sala limpa” localizada de 29 metros a 42 metros dentro do corpo da torre.

O centro de controle de lançamento subterrâneo era responsável por monitorizar e controlar remotamente a montagem do veículo de lançamento e dos satélites, coordenando as comunicações entre o complexo de lançamento e a área técnica, a previsão do tempo e a assistência médica. Consistia numa sala de tiro, três salas de teste de satélites e duas salas de teste de veículos lançadores, apoiadas por fonte de alimentação, sistema de ar condicionado e sistema de comunicação.

O Centro Técnico Norte (Zona 7), localizado a 22 quilómetros a Sul do local de lançamento, era a área de lançamento e processamento de foguetes e satélites. Os veículos lançadores e satélites eram transportados a partir dos seus locais de fabrico para o centro técnico via caminho-de-ferro. Depois de concluído o processamento inicial, os diferentes estágios dos lançadores eram transportadas em reboques rebocados por camião até à plataforma de lançamento, onde eram içadas para a posição na plataforma de lançamento, verificados e abastecidas.

A estrutura central do centro técnico era o complexo de processamento de veículos de lançamento e de cargas espaciais. O edifício consistia numa sala de processamento de 90 x 8 metros para preparação dos foguetões e satélites e uma sala de processamento de 24 x 8 metros para abastecimento de satélites. Havia também uma sala limpa para testes dos satélites. Os estágios dos lançadores e os satélites eram transportados para o edifício através de uma linha férrea dedicada. Um segundo edifício no centro era o Edifício de Verificação e Processamento de Motores de Propulsão Sólida, onde os motores de prepolente sólido nos satélites eram preparados.

A Zona de Lançamentos Sul é actualmente o único complexo de lançamento activo em Jiuquan. É composto por duas plataformas de lançamento (“921” e “603”) no Complexo de Lançamento LC43 e um centro técnico para processamento e verificação.

A Plataforma de Lançamento 91 (SLS-1), também conhecida como “Plataforma Shenzhou”, ou Plataforma 921, (Longitude: 100 ° 17.4’E; Latitude: 40 ° 57.4’N; Elevação acima do nível do mar: 1.073 m) é a principal plataforma de lançamento. A plataforma de lançamento é dedicada ao lançamento das missões do programa espacial tripulado utilizando o veículo de lançamento CZ-2F Chang Zheng-2F. As instalações da plataforma de lançamento incluem uma torre umbilical, uma plataforma de lançamento móvel, um par de condutas de chamas, uma sala de equipamentos subterrâneos, armazéns de propulsores e oxidantes, sistema de abastecimento de foguetes, fonte de alimentação, fornecimento de gás e sistema de comunicação.

A torre umbilical é uma estrutura de aço com 11 andares e 75 metros de altura, projectada para fornecer a carga de propelente e drenagem, gás, energia e ligações de comunicação para o veículo lançador e para a sua carga. Na torre existem instalações para verificações antes do lançamento, entrada da tripulação e saída de emergência. A torre está equipada com um guindaste de carga, um elevador de carga e um elevador à prova de explosão para a tripulação em caso de emergência. Em caso de emergência, um sistema de escape de lona está disponível para os astronautas saírem da plataforma de lançamento. A fonte de alimentação e outros equipamentos de suporte estão localizados dentro de uma sala subterrânea por debaixo da torre umbilical.

A torre umbilical é composta por uma estrutura fixa e um par de plataformas giratórias de seis andares. Uma vez chegado à plataforma de lançamento, as plataformas giratórias são deslocadas para “abraçar” o foguetão e assim permitir que os procedimentos de abastecimento e verificações finais sejam conduzidas. A torre também contém uma área ambientalmente controlada e protegida para os astronautas entrarem na cápsula espacial. As plataformas rotativas são abertas uma hora antes do lançamento. Quatro braços oscilantes fornecem conexões para electricidade, gases e fluidos ao lançador e são recolhidos alguns minutos antes do lançamento.

Durante o lançamento, as chamas e a exaustão de alta temperatura dos motores do foguetão são direccionadas para a vala de chamas de betão armado através de um grande buraco redondo sob a plataforma de lançamento móvel. As chamas e gases são então desviados do veículo de lançamento através de dois canais de chama rectangulares localizados em ambos os lados da plataforma de lançamento.

A plataforma de lançamento móvel transporta o foguetão desde o edifício de integração e montagem de veículos situado na área técnica até a torre umbilical. A plataforma tem 24,4 metros de comprimento, 21,7 metros de largura e 8,34 metros de altura, e pesa 750 t. Move-se em carris de 20 metros de largura a uma velocidade máxima de 25 m/min, com uma taxa de aceleração inferior a 0,2 m/s. A plataforma demora 60 minutos para completar a viagem de 1.500 metros entre o edifício de montagem e a plataforma de lançamento.

A Plataforma de Lançamento 94 (SLS-2), também conhecido como “Plataforma Jianbing” (ou Plataforma 603), foi comissionada em 2003 para suportar lançamentos de satélites não tripulados para a órbita terrestre baixa usando os veículos de lançamento CZ-2C, CZ-2D e CZ-4B Chang Zheng-4B. As instalações da plataforma incluem uma torre umbilical de betão armado e um único canal de chamas. A plataforma adoptou um método de lançamento tradicional, onde o veículo de lançamento é montado verticalmente usando um guindaste para içar cada estágio. O veículo de lançamento é verificado na vertical, abastecido e, posteriormente, lançado.

As instalações de apoio da Zona de Lançamentos Sul, colectivamente conhecidas como Centro Técnico Sul, incluem o Edifício de Processamento Horizontal de Veículos de Lançamento (BL1), o Edifício de Montagem Vertical de Veículos de Lançamento (BLS), o Edifício de Operações Não Perigosas (BS2), o Edifício de Operações Perigosas de Veículos Tripulados (BS3) , Edifício de Verificação e Processamento de Motores de Propelente Sólido (BM), o Edifício de Processamento e Armazenamento de Pirotecnia (BP1, BP2) e o Centro de Controle de Lançamento (LCC). A instalação foi projectada para receber o foguetão lançador e a sua carga útil para montagem e testes, antes de serem movidos para a plataforma de lançamento.

Para uma missão dos veículos tripulados Shenzhou, a campanha de lançamento geralmente começa aproximadamente dois meses antes do lançamento. O veículo de lançamento CZ-2F é transportado em segmentos separados desde as Instalações 211 em Pequim até o Centro Técnico Sul via caminho-de-ferro. Após a sua chegada, o veículo é mantido no Edifício de Processamento Horizontal do Veículo de Lançamento para testes iniciais e preparação. O núcleo do veículo e os propulsores laterais são então montados dentro do BLS (o Edifício de Montagem Vertical).

A cápsula Shenzhou é transportada de Pequim para a Base Aérea de Dingxin por um avião de carga, e depois transportada por estrada até o local de lançamento, a 76 km de distância. A cápsula espacial é então integrada e testada no Edifício de Operação Não Perigosa de Naves Espaciais (BS2) e, em seguida, movida para o Edifício de Operação Perigosa de Veículos Tripulados (BS3) para abastecimento de combustível. O próximo passo é integrar a cápsula com a carenagem de carga e instalar a torre de escape emergência. A cápsula é então transportada para o BLS, onde é integrada no seu foguetão.

O edifício de integração vertical, oficialmente conhecido como o Edifício de Montagem Vertical do Veículo de Lançamento (BLS) serve como uma plataforma para a integração e montagem dos lançadores e da sua carga útil. O edifício é composto por duas salas de processamento vertical de 26,8 x 28 x 81,6 metros, cada uma equipada com uma plataforma móvel de 13 andares e uma grua de carga de 50 t. As duas salas permitem o processamento simultâneo de dois veículos lançadores. Na época da construção, dizia-se ser o edifício de betão armado de piso único mais alto do mundo, com o tecto de betão armado mais alto do mundo (86,1 metros acima do solo) e mais pesado (13.000 t).

O Centro de Controle de Lançamento (LCC) localizado ao lado do BLS monitoriza e coordena a campanha de lançamento. O centro é dividido em quatro salas funcionais: a Sala de Controle do Veículo de Lançamento, a Sala de Controle da Cápsula Espacial, a Sala de Comando de Exame e Lançamento e o Centro de Comunicações.

Lançamento Veículo  Plataforma Data Hora (UTC) Carga
2025-197 Gushenxing-1 (Y15) LC43/95A 05/Set/25 11:39 Kaiyun-1

Yuxing-1 08

Yunyao-1 27

2025-209 Chang Zheng-2C/YZ-1S (Y87?/Y19?) LC43/94 16/Set/25 01:06 Weixing Hulianwang JSW 07 01

Weixing Hulianwang JSW 07 02

Weixing Hulianwang JSW 07 03

Weixing Hulianwang JSW 07 04

2025-219 Chang Zheng-4C (Y45) LC43/94 26/Set/25 19:40 Fengyun-3H
2025-227 Chang Zheng-2D (Y92) LC43/94 13/Out/25 10:00 Shiyan-31
2025-234 Lijian-1 (Y8) LC43/130 19/Out/25 03:33 Zhongke-03

Zhongke-04

PRSC-HS1

2025-246 Chang Zheng-2F/G (Y21) LC43/91 31/Out/25 15:44:46,441 Shenzhou-21
2025-256 Lijian-1 (Y9) LC43/130 09/Nov/25 03:32 Chutian-2 01

Chutian-2 02

2025-F06 Gushenxing-1 (Y19) LC43/95A 10/Nov/25 04:02:53 Jilin-1 Gaofen 04C

Jilin-1 Pingtai 02A04

Zhongbei Daxue-1

2025-266 Chang Zheng-2C (Y88?) LC43/94 19/Nov/25 04:01 Shijian-30A

Shijian-30B

Shijian-30C

2025-272 Chang Zheng-2F/G (Y22) LC43/91 25/Nov/25 04:11:45,459 Shenzhou-22

Imagens: Internet Chinesa



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