A China levou a cabo com sucesso o lançamento da sua mais ambiciosa missão lunar até à data, a Chang’e-5. O lançamento teve lugar às 2030:21,806UTC do dia 23 de Novembro de 2020 e foi levado a cabo pelo foguetão CZ-5 Chang Zheng-5 (Y5) a partir do Complexo de Lançamento LC101 do Centro de Lançamentos Espaciais de Wenchang, Hainan.
Todas as fases do lançamento decorreram como previsto e a Chang’e-5 foi colocada na trajectória ideal para a sua missão. A separação dos quatro propulsores laterais ocorreu a T+2m 57,6s, seguindo-se a T+5m 3,6s a separação das duas metades da carenagem de protecção. A separação do primeiro estágio ocorreu a T+8m 3,4s, com o segundo estágio a entrar em ignição. O final da primeira queima do segundo estágio ocorre a T+12m 18,4s, com o conjunto a entrar numa fase não propulsionada até T+27m 55,9s onde se inicia a segunda queima do segundo estágio que termina a T+34m 55,5s. As manobras de correcção são finalizadas a T+35m 12,5s e a separação da Chang’e-5 ocorre a T+36m 22,8s (2107UTC). A abertura dos painéis solares teve lugar às 2125UTC, enquanto que a abertura dos painéis solares do módulo de descida ocorreu às 2145UTC.
A alunagem deverá ter lugar pelas 2030UTC do dia 29 de Novembro em Mons Rumker no Oceanus Procellarum.
Se a missão Chang’e-5 for bem-sucedida, a China torna-se na terceira nação a trazer amostras lunares de volta, depois dos Estados Unidos e da União Soviética, tornando-se a Chang’e-5 a primeira missão a obter de amostras do solo lunar desde Agosto 1976 quando a Luna-24 trouxe 170,1 gramas de amostras para a Terra.
A Chang’e-5, com uma massa de cerca de 8.200 kg, é composta por quatro partes distintas: um módulo orbital (com uma massa de cerca de 4.300 kg), um módulo de descida (com uma massa de cerca de 3.780 kg abastecido), uma cápsula de regresso e um módulo de ascensão lunar (com uma massa de cerca de 120 kg). Separando-se do módulo orbital, o módulo de descida irá efectuar uma alunagem suave na superfície lunar.
Imagem: Junior Miranda
Imagem: Junior Miranda
A Chang’e-5 estava originalmente prevista para ser lançada em finais 2017, porém o seu lançamento foi adiado devido ao falhanço no segundo lançamento do foguetão CZ-5.
Juntamente com a Chang’e-5, a China construiu um outro veículo suplente (a Chang’e-6) que será lançada caso corra algo inesperado com esta missão. Sendo a Chang’e-5 bem sucedida, a sua suplente será lançada numa missão ainda mais ambiciosa.
Imagem: Junior Miranda
A missão da Chang’e-5
A Chang’e-5 deverá entrar em órbita lunar a 28 de Novembro após uma viagem de cerca de 4,6 dias. A sonda irá entrar numa órbita com uma altitude média de cerca de 200 km sobre a superfície lunar.
A estação de rastreio de Kourou, pertencente à ESA e localizada na Guiana Francesa, irá seguir a fase inicial da missão lunar chinesa por várias horas logo após o lançamento. Durante esta fase, é importante determinar exatamente onde a sonda está para estabelecer uma ligação de comunicação e verificar o seu estado operacional. A estação de Kourou forne assim um meio para a equipa de controle da missão chinesa no Centro de Controle Aeroespacial de Pequim possa adquirir os dados da sonda e confirmar o estado da missão e a sua órbita.
Após entrar em órbita lunar, a sonda irá separar-se em duas partes com o veículo orbitador e a cápsula de reentrada a permanecer em órbita em torno da Lua, enquanto que o veículo de descida e a cápsula de regresso descem em direcção à superfície lunar
O veículo de descida e o veículo de ascensão irão então levar a cabo uma alunagem suave em Mons Rumker, no Oceanus Procellarum, e pouco depois iniciar as tarefas de recolha de amostrar do rególito lunar: uma broca irá obter rochas abaixo da superfície (a uma profundidade de 2 metros) e um braço mecânico irá recolher amostrar do solo à superfície.
Estas amostras serão depois colocadas no interior da cápsula de regresso que será lançada desde a superfície da Lua pelo módulo de ascensão lunar. Estas manobras deverão ocorrer a 2 de Dezembro. Este módulo irá então acoplar com o módulo orbital (4 de Dezembro) que se encontra em órbita lunar. As amostras são então transferidas para a cápsula de reentrada que as irá transportar para a Terra numa viagem de cerca de 112 horas. Quando o conjunto se encontrar perto do nosso planeta, a cápsula separa-se e realiza uma reentrada a alta velocidade.
A cápsula irá realizar uma manobra de aerotravagem atmosférica e posteriormente irá aterrar na região de Siziwang, Mongólia Interior, com os cerca de 2 kg de amostras do solo lunar. O regresso à Terra terá lugar a 15 de Dezembro A ESA irá captar sinais da sonda através da estação de Maspalomas, operada pelo Instituto Nacional de Técnica Aerospacial (INTA) em Espanha.
Entretanto, o módulo de descida permanece activo na superfície lunar, transportando câmaras ópticas e uma câmara panorâmica, um espectrómetro minerológico, um instrumento para analisar os gases no solo e outro para analisar os seus componentes, além de um termodetector seccional de amostras, um radar de penetração do rególito e um dispositivo de perfuração.
O foguetão Chang Zheng-5
Tendo como objectivo a capacidade de possuir um lançador espacial capaz de orbitar cargas pesadas para a órbita de transferência geossíncrona (GTO) e para a órbita terrestre baixa (LEO), a China aprovou o desenvolvimento da família de lançadores Chang Zheng-5 em Junho de 2004. A nova família de lançadores deveria ser capaz de garantir as necessidades do futuro mercado de serviços de lançamentos orbitais, seria utilizada para colocar em órbita os módulos de uma grande estação espacial, iria ajudar a manter o desenvolvimento da tecnologia de lançadores espaciais da China, e impulsionar o desenvolvimento de tecnologias e da economia relacionada com o desenvolvimento de novos motores espaciais, novas tecnologias de soldagem, sistemas de controlo melhorados, etc.
O novo programa de desenvolvimento iria projectar uma nova série de veículos em vez de um lançador destinado a uma missão específica, para assim melhorar a capacidade da China para a ceder ao espaço. O novo programa iria aplicar tecnologias avançadas, tais como o desenvolvimento de um estágio de grande diâmetro e de motores mais potentes para aumentar a capacidade de lançamento de forma dramática, com o objectivo de lançar cargas de 25.000 kg para a LEO e de 14.000 kg para a GTO. O novo programa iria também projectar uma série de veículos tendo por base o princípio da generalização, serialização e modularização, com o propósito de suprimir as necessidades de lançar diferentes cargas. Os novos veículos lançadores deveriam utilizar propelentes não tóxicos e não poluentes, devendo ter um baixo custo, alta fiabilidade, e serem convenientes para ensaios e operacionalidade.
O novo sistema de lançamento da China tinha por base um conceito de modular utilizando dois novos motores e três módulos standard. Originalmente, o plano incluía três classes principais com variantes tendo um diâmetro de 5 metros, variantes com um diâmetro de 3,35 metros e uma configuração com um diâmetro de 2,25 metros.
Os três módulos standard eram o módulo H5-1 (5 metros de diâmetro com um comprimento de 31,0 metros e equipado com dois motores de LH/LOX de 50.000 kg, tendo uma massa de 175.000 kg), o módulo K3-1 (3,35 metros de diâmetro com um comprimento de 26,3 metros e equipado com dois motores de querosene/LOX de 120.000 kg, tendo uma massa de 147.000 kg) e o módulo K2-1 (2,25 metros de diâmetro com um comprimento de 25,0 metros e equipado com um motor de querosene/LOX de 120.000 kg, tendo uma massa de 69.000 kg).
Destes conceitos iniciais, derivaram os foguetões CZ-6 Chang Zheng-6 e CZ-7 Chang Zheng-7. Foi proposta uma série de variantes para o lançador de maior capacidade. Utilizando o estágio de 5 metros de diâmetro e diferentes configurações dos propulsores laterais e um estágio superior, foram propostas seis variantes para atingir diferentes capacidades de carga: Configuração A seria capaz de lançar 18.000 kg para a LEO, enquanto que a Configuração B e C seriam capazes de lançar 25.000 kg e 10.000 kg para a LEO, respectivamente. Para a órbita GTO, a Configuração D seria capaz de lançar 10.000 kg, enquanto que a configuração E e F seriam capazes de lançar 14.000 kg e 6.000 kg, respectivamente.
Eventualmente, somente duas variantes foram desenvolvidas: a variante básica do Chang Zheng-5 de dois estágios projectada para missões para a órbita GTO, e a variante de um único estágio (Chang Zheng-5B) para missões para a órbita terrestre baixa. Ambas as variantes estão equipadas com propulsores laterais de combustível líquido com um diâmetro de 3,25 metros. A variante básica do novo lançador é um veículo de dois estágios (5 metros de diâmetro) com quatro propulsores laterais (3,35 metros de diâmetro), sendo capaz de lançar 14.000 kg para GTO. O seu comprimento total é de 56,97 metros, massa de 869.000 kg e desenvolvendo 10.573 kN no lançamento.
O foguetão Chang Zheng-5B é um veículo de um estágio central (5 metros de diâmetro) com quatro propulsores laterais (3,35 metros de diâmetro), sendo capaz de lançar 22.000 kg para uma órbita terrestre baixa. O seu comprimento total é de 53,7 metros, massa de 837.500 kg e desenvolvendo 10.573 kN no lançamento.
O voo inaugural do CZ-5 estava inicialmente previsto para 2013, mas a Academia Chinesa de Tecnologia de Veículos Lançadores (CALT) e a Academia de Tecnologia de Voo Espacial de Xangai (SAST) tiveram de percorrer um duro caminho para a primeira missão. Enfrentando desafios tecnológicos enormes, o desenvolvimento dos motores YF-77 e YF-100 iria atrasar o desenvolvimento da nova família de lançadores.
Os componentes do lançador são fabricados na cidade industrial de Tianjin e depois transportados para o local de lançamento utilizando dois navios de carga construídos para esse efeito, o Yuanwang-21 e o Yuanwang-22. Os componentes são depois descarregados no porto de Qinglan que serve o Centro de Lançamentos Espaciais de Wenchang.
O primeiro estágio tem um comprimento de 31,02 metros e um diâmetro de 5,00 metros. Está equipado com dois motores YF-77 que consomem LOX/LH. O primeiro estágio tem uma massa de 175.800 kg, tendo uma massa de 17.800 kg sem propelentes.
O motor YF-77, desenvolvido pela Academia de Tecnologia de Propulsão de Lançamentos Aeroespaciais, é um motor de alta performance e altamente fiável projectado para os foguetões Chang Zheng-5. É o primeiro motor criogénico de alta-força desenvolvido pela China, dando um grande passo tecnológico tendo em conta os anteriores motores deste tipo, tais como o YF-75 que é utilizado nos estágios superiores dos foguetões Chang Zheng-3A e Chang Zheng-3B. Cada YF-77 proporciona 700 kN de força no vácuo e 510 kN de força ao nível do mar, tendo um impulso específico de 430 segundos (vácuo) e 310,2 segundos (nível do mar). O tempo de queima é de 520 segundos.
Os propulsores laterais têm um comprimento de 26,28 metros e um diâmetro de 3,25 metros. Cada propulsor está equipado com dois motores YF-100. Cada propulsor tem uma massa de 147.000 kg, tendo uma massa de 12.000 kg sem propelentes. O YF-100 consome querosene e LOX.
O desenvolvimento do YF-100 teve início em 2000 na Academia de Tecnologia de Propulsão Espacial Líquida. O motor foi certificado para Administração Estatal para a Ciência, Tecnologia e Industria para Defesa Nacional em Maio de 2012. É um motor de combustão de ciclo escalonado que desenvolve 1.199,48 kN ao nível do mar (1.339,48 kN no vácuo) com um impulso específico de 300 segundos (335 segundos no vácuo). O motor é também utilizado no foguetão CZ-6 Chang Zheng-6.
O segundo estágio tem um comprimento de 12,00 metros e um diâmetro de 5,00 metros. Está equipado com dois motores YF-75D que consomem LOX e LH. O segundo estágio tem uma massa de 26.000 kg, tendo uma massa de 3.100 kg sem propelentes a bordo.
O motor YF-75D desenvolve 88,26 kN no vácuo e tem um impulso específico de 442 segundos. O seu tempo de queima é de 780 segundos.
Lançamento | Veículo | Data Hora (UTC) | Carga |
2016-065 | Y1 | 03/Nov/16
12:43:13,139 |
SJ-17 Shijian-17 |
2017-F03 | Y2 | 02/Jul/17
11:23:23,425 |
SJ-18 Shijian-18 |
2019-097 | Y3 | 27/Dez/19
12:45:10,526 |
SJ-20 Shijian-20 |
2020-049 | Y4 | 23/Jul/20
04:41:15,167 |
TW-1 Tianwen-1 |
2020-087 | Y5 | 23/Nov/20
20:25 |
Chang’e-5 |
O estágio superior YZ-2 Yuanzheng-2 é um novo estágio superior desenvolvido especificamente para o CZ-5 pelo CALT. A sua função é a de transportar a carga da missão para a sua órbita sem que esta tenha de gastar o seu próprio propelente para atingir a órbita operacional. O seu diâmetro é de 5,2 metros e tem uma massa de 1.800 kg.
As cargas transportadas pelo Chang Zheng-5 são inicialmente protegidas por uma carenagem de protecção com um diâmetro de 5,2 metros e um comprimento de 12,5 metros.
Wenchang – um centro espacial para o futuro
O Centro de Lançamentos Espaciais de Wenchang está localizado no canto Nordeste da Ilha de Hainan na costa Sul da China.
O novo complexo de lançamento traz uma maior versatilidade que não proporcionada pelos restantes três locais de lançamento (Jiuquan, Xichang e Taiyuan). Wenchang fornece um aumento de performance para os lançadores que é ganho devido ao facto de se localizar a somente 19.º de latitude do equador terrestre. Isto reduz a quantidade de propelente que é necessário para o satélite manobrar a partir da sua órbita inicial para a órbita geossíncrona.
Os foguetões podem ser lançados numa direcção a Sudeste para o Pacífico Sul, evitando assim a possibilidade de destroços ou dos estágios caírem sobre zonas populacionais.
Wenchang está equipado com dois complexos de lançamento. O Complexo de Lançamento LC101 é utilizado para a família de foguetões CZ-5 Chang Zheng-5, enquanto que o Complexo de Lançamento LC201 é utilizado para o foguetão CZ-7 Chang Zheng-7. Ambas as plataforma de lançamento são similares e estão equipadas com uma torre umbilical fixa, fossos e condutas deflectoras de chamas. Tal como acontece nos outros coentros espaciais da China, as torres umbilicais possuem braços amovíveis que permitem o acesso dos técnicos aos diferentes estágios do lançador e à sua carga.
As plataformas de lançamento utilizam um sistema de supressão de ondas de choque, inundando a base da plataforma de lançamento e o fosso deflector das chamas com um grande volume de água para assim diminuir as ondas sonoras geradas pelos motores do veículo.
As plataformas são servidas por dois edifícios de integração e montagem. O Complexo de Lançamento LC101 é servido pelo Edifício 501, enquanto que o Complexo de Lançamento LC201 é servido pelo Edifício 502. Cada edifício tem uma altura de 99,4 metros permitindo a montagem e teste do veículo lançador na sua posição vertical já totalmente integrado. Esta é uma nova aproximação à maneira como os lançadores são preparados para as suas missões já que nos restantes centros de lançamento, os foguetões são montados no complexo de lançamento.
Após serem montados no edifício de integração e montagem sobre uma plataforma de lançamento móvel, o conjunto é transportado para o complexo de lançamento. A viagem demora vários minutos a percorrer os 2.800 metros que separação os dois edifícios. Após chegar à plataforma de lançamento, a estrutura móvel é colocada sobre o fosso das chamas e procede-se à ligação das conexões umbilicais entre a estrutura fixa e a plataforma móvel que contém o lançador.
A Longa Marcha para a Lua
A Longa Marcha para a Lua por parte da China começou em 1998, quando a Comissão de Ciência, Tecnologia e Indústria para a Defesa Nacional (COSTIND) começou a planear a missão lunar, abordando os principais problemas científicos e tecnológicos. O projecto orbital lunar foi formalmente estabelecido em Janeiro de 2004 e no mês seguinte o programa é chamado de “Projecto Chang’e” em honra de uma deusa da mitologia Chinesa que voou para a lua.
A primeira missão, Chang’e-1, foi lançada com sucesso em 24 de Outubro de 2007, entrando na órbita lunar em 7 de Novembro.
Em 26 de Novembro, a Chang’e-1 transmite para a Terra a voz da sonda e a música chinesa “Ode à Pátria”. A primeira foto da China sobre a superfície lunar é publicada pela agência de notícias Xinhua a 31 de Janeiro de 2008. O primeiro holograma lunar com uma resolução de 7 metros foi publicado em 12 de Novembro, com base em dados recolhidos pela Chang’e-1. Enquanto isso, a missão Chang’e-2 é aprovada em Outubro de 2008 pelo Conselho de Estado chinês.
A missão de Chang’e-1 termina quando a sonda impacta na Lua sob controle 1 de Março de 2009.
A Chang’e-2 foi lançada com sucesso a bordo de um foguetão Chang Zheng-3C a 1 de Outubro de 2010. Um dos objetivos da missão era verificar as principais tecnologias antes do pouso suave. Entrando em órbita lunar a 9 de Outubro após um vôo de 112 horas, em 26 de Outubro, a sonda manobrou para uma órbita elíptica e tirou uma série de fotos com uma resolução de 1,5 metros da região de Sinus Iridium, o local de pouso escolhido para a Chang’e-3. Depois de tirar fotos da área, a sonda volta à sua órbita original em 29 de Outubro. As imagens de Sinus Iridium são publicadas a 8 de Novembro pela Administração Estadual de Ciência, Tecnologia e Indústria para Defesa Nacional (SASTIND).
Os seis objetivos de engenharia e os quatro objectivos científicos da Chang’e-2 são concluídas a 1 de Abril de 2011 e até o final de Maio a sonda examina os pólos Sul e Norte da Lua, tirando fotos de alta resolução do local de alunagem da Chang’e-3. A missão estendida na órbita lunar termina no dia 8 de Junho e então a sonda parte para a órbita de Lagrange (L2), chegando a 22 de Agosto. Neste ponto a gravidade do Sol e da Terra agem de forma a equilibrar o movimento da sonda. O principal objetivo desta parte da missão era testar a rede chinesa de rastreamento e controlo.
A Chang’e-2 parte do ponto L2 a 15 de Abril de 2012, indo agora para uma missão prolongada que a levou a um encontro de 3,2 km com o asteróide Toutatis em 13 de Dezembro, tirando fotos com uma resolução de 10 metros.
Lançada a 1 de Dezembro de 2013, a Chang’e-3 foi a terceira missão lunar robótica dentro do Programa de Exploração Lunar da China. O objetivo era pousar suavemente na superfície da lua e colocar na superfície um veículo lunar não tripulado (Yutu) para explorar as áreas em volta do local de pouso. A missão foi chefiada pela SASTIND (Administração Estatal de Ciência, Tecnologia e Indústria para Defesa Nacional) e o principal contratante para a investigação foi o CAST (Academia de Tecnologia Espacial da China) da Corporação de Ciência e Tecnologia Aeroespacial da China (CASC). A CAST, por sua vez, contratou o Instituto de Engenharia do Sistema Aeroespacial de Xangai para projectar e desenvolver a sonda.
A Chang’e-3 fez parte da segunda fase do programa lunar da China. O Yutu foi o primeiro lunar lunar da China e a primeira nave espacial em 37 anos a fazer uma alunagem suave, desde a missão soviética Luna-24 em 1976. O local de alunagem da Chang’e-3 / Yutu foi a área de Sinus Iridum perto do Mare Imbrium.
A Chang’e-3 e o lunar Yutu pousaram na superfície lunar às 1311UTC do dia 14 de Dezembro de 2013. Após a desaceleração, o veículo rapidamente ajustou sua atitude, aproximando-se da superfície lunar. Durante essa fase, os instrumentos analisaram a área de descida prevista. O motor principal foi desligado automaticamente a uma altitude de quatro metros, permitindo que o rover caia livremente na superfície.
A sequência de descida foi executada com perfeição, fazendo com que o veículo seleccionasse seu ponto de pouso preferido quase imediatamente, chegando mesmo a pousar sem demora, tecnicamente 30 minutos antes do previsto. Após o pouso suave, Chang’e-3 libertou o rover Yutu que logo começou a comunicar com o controle da missão. Depois que as comunicações foram estabelecidas, o Yutu desbloqueou o mecanismo de encaixe e, de seguida, dirigiu-se ao mecanismo de transferência para a superfície lunar. O mecanismo de transferência então desceu para a superfície da lua e o rover afastou-se da Chang’e-3.
Cerca de nove horas após a separação, a Chang’e-3 e o rover Yutu começaram a capturar algumas fotografias um do outro usando as câmaras integradas. O lander ia equipado com um gerador termoeléctrico radioisótopo (RTG) para alimentar as operações lunares durante a missão de três meses. A energia foi usada para alimentar a carga científica de sete instrumentos e câmaras.
A sonda Chang’e-3 também transportou quatro instrumentos: o MastCam, a Câmara de Descida, o Lunar-based Ultraviolet Telescope (LUT) e o Extreme Ultraviolet Imager (EUV).
O Yutu foi equipado com um painel solar para alimentar o veículo durante o dia lunar numa missão de três meses. Durante esse tempo, o rover explorou uma área de três quilómetros quadrados, viajando a uma distância máxima de 10 km do ponto de descida. O rover era capaz de transmitir vídeo em tempo real, enquanto era capaz de cavar e realizar análises simples de amostras de solo. Para as transmissões de vídeo em tempo real, o Yutu usou a PanCam. Essas câmaras forneceram imagens estéreo em alta resolução.
No total, o rover Yutu levou quatro instrumentos: o PanCam; o Ground Penetration Radar (GPR); o espectrómetro VIS/NIR Imaging Spectrometer (VNIS); e o espectrómetro Alpha Particle X-Ray Spectrometer (APXS).
A China lançou sua quarta e até então mais ambiciosa missão de exploração lunar a 7 de Dezembro de 2018. O lançamento da sonda Chang’e-4 (嫦娥四号) com o rover lunar Yutu-2, ocorreu às 18:23:34,367UTC a partir do Centro de Lançamento de Satélites de Xichang usando um foguetão lançador Chang Zheng-3B/G3Z (Y30) a partir do Complexo de Lançamento LC2.
Breve história das missões lunares que trouxeram amostras para a Terra
Várias foram as missões lunares automáticas que conseguiram trazer amostras da superfície lunar para a Terra.
A primeira destas missões foi a Luna-16 que regressou à Terra com 101 gramas de solo lunar a 24 de Setembro de 1970. Posteriormente, a Luna-20 transportou 55 gramas de volta para a Terra a 22 de Fevereiro de 1974 e a Luna-24 transportou 170 gramas a 22 de Agosto de 1976.
O relato destas missões pode ser lido em A exploração lunar pela União Soviética: o programa Luna (Parte II) e em A exploração lunar pela União Soviética: o programa Luna (Parte III).
Dados estatísticos e próximos lançamentos
– Lançamento orbital: 6003
– Lançamento orbital China: 384 (6,40%)
– Lançamento orbital desde Wenchang: 9 (0,15% – 2,34%)
O quadro seguinte mostra os lançamentos previstos e realizados em 2020 por polígono de lançamento.
Os próximos lançamentos orbitais previstos são (hora UTC):
6004 – 24 Nov (0234:??) – Falcon 9-100 (B1049.7) – Cabo Canaveral AFS, SLC-40 – Starlink-16
6005 – 29 Nov (0133:28) – 372RN21A Soyuz-ST-A/Fregat-M (VS24a/N15000-010/133-??) – CSG Kourou (Sinnamary), ELS – Falcon Eye-2
6006 – 29 Nov (0715:??) – H-2A/204 (F43) – Tanegashima, Yoshinubo LP1 – Japanese Data Relay Satellite-1 (JDRS-1)
6007 – 02 Dez (1750:??) – Falcon 9-101 (B1058.4) – CE Kennedy, LC-39A – Dragon v2 SpX-21 (CRS-21)
6008 – 03 Dez (????:??) – 14A14-1B Soyuz-2-1b/Fregat (N15000-045/112-502(?)) – GIK-1 Plesetsk, LC43/3 – Gonets-M (I004/30L), Gonets-M (I005/31L), Gonets-M (I006/32L) (Block-17)
6009 – 05 Dez (????:??) – CZ-3B/G Chang Zheng-3B/G3 – Xichang, LC3 – GF-14 Gaofen-14