O dia 7 de Agosto de 2015 marca o primeiro aniversário da chegada da nave Rosetta ao cometa 67P/Churymov-Gerasimenko, com a sua máxima aproximação ao Sol a apenas uma semana de distância.
Tem sido uma longa, mas emocionante viagem para a Rosetta, lançada em 2004, com a Terra, Marte e duas passagens por asteróides no currículo até ter chegado ao cometa a 6 de Agosto de 2014. Nos meses que se seguiram, a missão tornou-se na primeira em que uma nave orbitou um cometa e em que uma sonda – Philae – aterrou na sua superfície.
As equipas que controlam a missão tiveram de superar muitos obstáculos para aprenderem a voar num ambiente inóspito e imprevisível, e a nave tem enviado uma enorme quantidade de dados científicos surpreendentes, a partir deste intrigante cometa, analisando o seu interior, a superfície e a camada de gás e poeira e plasma que o envolve.
«Esta é uma missão científica e todos os dias se fazem descobertas impressionantes que nos fazem pensar para tentar compreender», diz o cientista de projeto da Rosetta Nicolas Altobelli.
«Um ano de observações próximas do cometa forneceu-nos uma grande quantidade de informação e agora aguardamos por mais um ano de exploração.»
Até agora, os pontos altos da missão foram a descoberta de que o vapor de água do cometa tem um ‘sabor’ diferente do dos oceanos na Terra, alimentando o debate sobre a eventualidade de a água na Terra ter tido origem, nos primórdios, nos cometas e asteróides.
A detecção, pela primeira vez, de nitrogénio molecular num cometa forneceu pistas importantes acerca da temperatura em que terá ‘nascido’ o cometa. O nitrogénio molecular era comum quando o Sistema Solar se estava a formar, mas exigia temperaturas muito baixas para ficar agarrado ao gelo, pelo que as medições da Rosetta corroboram a tese de que o cometa tenha tido origem no distante e gelado mundo da cintura de Kuiper.
Os dados recolhidos pela Rosetta e pelo Philae durante a descida á superfície permitiram concluir que o núcleo do cometa é não magnetizado, pelo menos em larga escala. Apesar de se pensar que os campos magnéticos têm um papel importante na mobilização de pequenos grão de pó magnetizados no Sistema Solar primitivo, as medições da Rosetta e do Philae mostram que deixou de ser assim quando as partículas se aglomeraram formando blocos de construção com um metro ou mais de dimensão.
Isto é apenas uma amostra das inúmeras descobertas científicas feitas pela Rosetta e a maior parte delas advém das primeiras medições, na fase inicial de exploração.
Agora a nave e o cometa estão a uma semana do peri-hélio, o ponto na sua órbita de 6,5 anos que o leva mais próximo do Sol. A 13 de Agosto, estarão a 186 milhões de quilómetros do Sol, cerca de um terço da distância a que estavam, aquando do rendez-vous em Agosto.
«O período à volta do periélio é cientificamente muito importante já que o calor do Sol atinge o seu máximo e consequentemente a camada de gás e poeira que se escapam atingem o seu máximo, dando-nos pistas importantes sobre esta determinante fase no ciclo de vida do cometa,» diz Nicolas.
«À medida que nos aproximamos do peri-hélio, as operações próximo do cometa tornaram-se cada vez mais desafiantes: o crescente nível de poeira emitida confunde o equipamento startracker da nave e sem estes sensores a funcionar correctamente é impossível para a nave posicionar-se no espaço,» diz o responsável pelas operações da Rosetta, Sylvain Lodiot.
«Esperamos continuar a recolher importantes dados científicos, ao observarmos a fase pós-periélio e à medida que nos formos aproximando do grand finale da missão, em Setembro de 2016, quando planeamos poisar a nave no cometa», revela Patrick Martin, responsável pela missão Rosetta.