O Brasil levou a cabo o lançamento de uma missão sub-orbital no dia 9 de Dezembro de 2018.
Designada ‘Operação Mutiti’, o lançamento utilizou um foguetão-sonda VS-30/V14 que transportou cinco experiências científicas e tecnológicas de centros e institutos de pesquisa brasileiros. O lançamento foi levado a cabo a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) e teve lugar ás 1543UTC.
O veículo atingiu uma altitude superior a 120 km e o voo teve uma duração de 8 minutos e 21 segundos.
Este foi o 14º lançamento de um veículo do tipo VS-30, tendo sido a 3ª vez a partir do Centro de Lançamento de Alcântara.
Durante a Operação MUTITI, foi ainda lançado um Foguete de Treinamento Intermediário (FTI), no dia 27 de Novembro.
A carga útil abordo do veículo VS-30 V14 denominada Plataforma Suborbital de Reentrada 01 (PSR-01) foi constituída por cinco experiências de centros e institutos de pesquisas brasileiros:
Sonda Lagmuir de Densidade e Temperatura Eletrônica – INPE
Trata-se de uma Sonda Lagmuir de Densidade e Temperatura Electrónica, conduzido por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). A sonda é usada para medir a variação de correntes electrónica e iónica ao longo da trajectória do foguetão-sonda, em altitudes superiores a 60 km. O estudo desenvolvido pelo INPE é de vital importância para a área tecnológica, uma vez que permite compreender a dinâmica da atmosfera terrestre, especialmente da ionosfera onde as irregularidades encontradas nesta região interferem decisivamente nos processos de comunicação por ondas electromagnéticas, aí incluídas as transmissões por meio de satélites, bem como os sistemas de navegação com Global Navigation Satellite System (GNSS), a exemplo do GPS.
Comportamento Térmico de um Forno de Solidificação de Ligas (CTFS) – INPE
Também de responsabilidade do INPE, estuda o Comportamento Térmico de um Forno de Solidificação de Ligas (CFTS). O estudo avalia o funcionamento de um forno eléctrico com capacidade de fundir materiais com temperatura de fusão entre 100°C e 300°C, de forma a permitir seu aperfeiçoamento e qualificação para aplicação noutros voos. Exemplificando, pode-se pensar numa amostra de diferentes substâncias que, em condição terrestre ambiente, não se misturam ao serem fundidas e posteriormente solidificadas entretanto, ao serem submetidas a esse mesmo processo de fusão e posterior solidificação num ambiente de microgravidade, poderiam-se misturar formando um composto homogéneo. Isso possibilita novas aplicações em engenharia no desenvolvimento de produtos, sobretudo em pesquisas relacionadas à resistência de materiais.
Sensores Ópticos para Medidas de Aceleração (AOM) – IEAv
Da autoria do Instituto de Estudos Avançados (IEAv), é composto por três sensores ópticos para medidas de aceleração, sendo um nos três eixos e dois num eixo, aplicando diferentes técnicas de medidas e de processamentos de sinais. A análise do comportamento dos sensores em voo constitui importante contribuição para a independência nacional na área de navegação inercial e de sensores a fibra óptica em geral, sendo directamente aplicáveis em aeronaves tradicionais, remotamente pilotadas (VANTs) e veículos lançadores, por exemplo. Além das experiências em si, o laboratório completo de medidas que o IEAv embarcou no VS-30 inclui um gerador de luz e uma placa de processamento de sinais, todos eles desenvolvidos por pesquisadores brasileiros e com tecnologia nacional.
Sistema Ioiô e de Separação (PSM – MQ) – IAE
Apresenta-se como dois sistemas em desenvolvimento pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), os quais permitem, inicialmente, a redução da velocidade de rotação após o fim da queima do motor foguete (sistema io-iô) e, posteriormente, uma separação segura entre a carga útil e o veículo (sistema de separação). O objectivo do experimento é testar o modelo de qualificação do Sistema Ioiô e do Sistema de Separação que serão utilizados no Modelo de Qualificação (MQ) da Plataforma Suborbital de Microgravidade (PSM), a plataforma de microgravidade nacional.
Sensor Mecânico Acelerométrico (SMA) – IAE
Também de responsabilidade do IAE. realiza seu quarto voo e trata-se de um dispositivo de segurança para veículos espaciais. Esse dispositivo só permite a ignição de motores do segundo estágio, ou estágios superiores, quando o foguete apresenta uma aceleração de quatro vezes a aceleração da gravidade (4g), o que ocorre apenas com o veículo já em voo. Desenvolvido e aperfeiçoado a partir da experiência acumulada nos lançamentos do foguetão-sonda sub-orbital VSB-30, o sensor traz maior segurança aos veículos ainda em solo na plataforma de lançamento, ao passo em que impede o accionamento do sistema de pirotecnia responsável pela ignição se, por algum motivo inesperado, o sistema electrónico embarcado entender que o foguete encontra-se em voo.
Imagens: Força Aérea Brasileira