Amazonas-5 lançado desde Baikonur

A International Launch Services (ILS) levou a cabo o lançamento do satélite de comunicações Amazonas-5 utilizando um foguetão 8K82KM Proton-M/Briz-M. Esta missão tem uma duração superior a 9 horas, mas todas as fases iniciais do lançamento decorreram como previsto.

O lançamento foi levado a cabo às 1923:41UTC do dia 11 de Setembro de 2017, pelo foguetão 8K82KM Proton-M/Briz-M (6307138889) a partir da Plataforma de Lançamento PU-39 do Complexo de Lançamento LC200 do Cosmódromo de Baikonur, Cazaquistão.

O satélite Amazonas-5 será operado pela Hispasat e foi construído pela Space Systems/Loral (SS/L), sendo baseado no modelo SSL-1300. Com uma massa de 5.900 kg, o satélite está equipado com 24 repetidores de banda-Ku e 34 repetidores de banda-Ka que irão servir a América Latina. O Amazonas-5 estará operacional na órbita geossíncrona a 61º longitude Oeste durante 15 anos, substituindo a performance perdida pelo satélite Amazonas-4A e substituir o satélite Amazonas-4B, entretanto cancelado.

Lançamento

O lançamento do Amazonas-5 seguiu os procedimentos usuais para o lançamento do foguetão 8K82KM Proton-M/Briz-M com o veículo a ser transportado para a Plataforma de Lançamento PU-24 a 8de Setembro de 2017.

A cerca de T-11h 30m tem lugar a activação do equipamento de teste e de suporte de solo relacionado com o sistema de orientação, navegação e controlo do estágio superior Briz-M. A decisão de prosseguir com o lançamento é tomada cerca de oito horas antes da hora prevista para a ignição e é tomada pelo Comissão Intergovernamental. Nesta altura, a plataforma de lançamento é evacuada de todo o pessoal que não é essencial para as operações. A T-1h 10m dá-se a activação do equipamento de teste e de suporte de solo relacionado com o sistema de orientação, navegação e controlo do foguetão Proton-M e o início do abastecimento dos três estágios inferiores ocorre a T-6h. A T-5h, começam as actividades da contagem decrescente. A plataforma de lançamento é reaberta a T-2h 30m para as operações finais de encerramento do lançador. Pelas T-2h todo o pessoal técnico deve encontrar-se nas suas posições finais para o lançamento.

A torre móvel de serviço começa a ser deslocada para a sua posição de lançamento a T-1h. As actividades finais da contagem decrescente têm início a T-45m. O sinal do sistema de propulsão é gerado pelo equipamento de teste e de suporte de solo do sistema de orientação, navegação e controlo do lançador. As unidades do sistema remoto da contagem decrescente são sincronizadas com o relógio principal da contagem decrescente. O sistema de abortagem é armado a T-35m (uma luz verde no painel de controlo indica que o sistema de finalização de voo está pronto). Duas unidades redundantes na unidade de abortagem de lançamento são sincronizadas com o relógio da contagem decrescente (nesta altura o interruptor da unidade de abortagem está activo).

A T-10m o cliente indica de forma verbal a prontidão para o lançamento. Esta indicação é transmitida através da rede da contagem decrescente que interliga os vários intervenientes na actividade.

O sinal de comando de T-300s é enviado pelo equipamento de teste e de suporte de solo do sistema de orientação, navegação e controlo do lançador para o equipamento semelhante no estágio Briz-M para sincronizar a hora de lançamento. Entretanto o Briz-M inicia a sua transferência para o fornecimento interno de energia. A T-2m o equipamento de teste e de suporte de solo do sistema de orientação, navegação e controlo do lançador começa a transferência para o fornecimento interno de energia (para os três estágios inferiores), enquanto que o estágio Briz-M finaliza este procedimento iniciado anteriormente. Um sinal é enviado pelo Briz-M para o lançador indicando a sua prontidão para o lançamento.

A activação da giro-plataforma teve lugar a T-5,0s e as verificações finais são feitas a T-3,1s pelo equipamento de teste e de suporte de solo do sistema de orientação, navegação e controlo do lançador (verificando a prontidão do lançador, do estágio superior e da sua carga). Se todos os componentes do sistema estiverem prontos, é enviado um sinal para se iniciar a sequência de ignição do primeiro estágio. Os seis motores RD-276 do primeiro estágio do Proton-M entravam em ignição a T-1,75s até atingirem 50% da força nominal. A força aumenta até 100% a T-00,9s e a confirmação para o lançamento surge de imediato. A sequência de ignição verifica se todos os motores estão a funcionar de forma nominal antes de se permitir o lançamento. O foguetão ascende verticalmente durante cerca de 10 segundos. O controlo de arfagem, da ignição e fim de queima dos motores, o tempo de separação da ogiva de protecção e o controlo de atitude, são todos calculados para que os estágios extintos caíam nas zonas pré-determinadas.

Os tempos seguintes têm por base os utilizados em missões anteriores, pois as informações sobre as diferentes fases deste lançamento não foram divulgadas.

Após abandonar a plataforma de lançamento, o foguetão 8K82KM Proton-M/Briz-M inicia uma ascensão vertical e logo de seguida uma manobra para se colocar no azimute de voo que lhe permite levar a cabo com sucesso a sua missão. O veículo atinge a zona de máxima pressão dinâmica a cerca de T+1m 2,4s e a separação entre o primeiro e o segundo estágio ocorre a cerca de T+1m 59,7s. A ignição do segundo estágio ocorre ainda com o primeiro estágio ligado ao segundo através de uma estrutura em grelha através da qual se escapam os gases da combustão.

O final da queima e separação do segundo estágio ocorre a T+5m 27s, com o terceiro estágio a entrar em ignição logo de seguida. A ignição do terceiro é iniciada com a entrada em funcionamento dos seus motores vernier.  A separação da carenagem de protecção, agora desnecessária e que serviu para proteger a carga durante a fases mais violenta do lançamento ao atravessar as camadas mais densas da atmosfera terrestre, ocorre a T+5m 47s.

O final da queima do motor do terceiro estágio ocorre a T+9m 30s, enquanto que a queima dos motores vernier do terceiro estágio termina a T+9m 42s, ocorrendo a separação do estágio Briz-M transportando a sua carga a T+9m 41,6. O processo de separação entre o terceiro estágio e o estágio Briz-M seria iniciado com o final da queima dos motores vernier, seguido da quebra das ligações mecânicas entre os dois estágios e da ignição dos retro-foguetões de combustível sólido para afastar o terceiro estágio do Briz-M. Nesta altura o conjunto está numa trajectória sub-orbital a uma altitude de cerca de 153 km e a viajar a uma velocidade de 7,23 km/s. Com estes parâmetros orbitais o conjunto iria reentrar na atmosfera terrestre caso o estágio Briz-M não executasse a sua primeira queima tal como previsto.

Imediatamente após a separação entre o terceiro estágio e o estágio Briz-M, são accionados os motores de estabilização do estágio superior para eliminar a velocidade angular resultante da separação e proporcionar ao Briz-M a orientação e estabilidade ao longo da trajectória sub-orbital onde se encontra antes da sua primeira ignição.

O estágio superior Briz-M realizaria cinco queimas antes da separação do Amazonas-5. A primeira queima tem lugar a T+11m 16s e tem uma duração de 4 minutos e 24 segundos. No final desta queima o conjunto encontrar-se numa órbita de parqueamento com um perigeu a 170 km de altitude, apogeu a 186 km e inclinação orbital de 51,6º. A segunda queima ocorre a T+1h 7m 29 e tem uma duração de 17 minutos e 53 segundos, ficando o conjunto colocado numa órbita com um perigeu a 270km, apogeu a 5.000 km e inclinação orbital de 50,3º. 

A terceira queima ocorre teve lugar a T+3h 28m 2m com uma duração de 11 minutos e 52 segundos. De seguida ocorreu a separação do tanque auxiliar de propolente APT do estágio Briz-M, a T+3h 41m 4s. Nesta altura o conjunto encontrava-se numa órbita de transferência com um perigeu a 417 km, apogeu a 35.302 km e inclinação orbital de 49,0º. A quarta queima ocorre a T+3h 42m 31s tendo uma duração de 5 minutos e 41 segundos. Finalmente, a quinta e última queima tem lugar a T+8h 49m 1s, tendo uma duração de 6m 28s. Nesta altura o conjunto encontra-se numa órbita de transferência geossíncrona com um perigeu a 4.450 km, apogeu a 35.286 km e inclinação orbital de 22,9º.

A separação do Amazonas-5 ocorre a T+9h 12m 0s.

Posteriormente, o estágio Briz-M executaria ainda mais duas manobras para se colocar numa órbita cemitério na qual não venha a interferir com outros satélites.

O foguetão 8K82KM Proton-M/Briz-M

Fabricado pela GKNPTs KhrunichevProton-M pt reduxo foguetão 8K82KM Proton-M (Протон-M) é, tal como o já retirado 8K82K Proton-K (Протон-K), um lançador a três estágios podendo ser equipado com um estágio superior Briz-M (Бриз-М) ou então utilizar os usuais estágios Blok DM. As modificações introduzidas no Proton incluem um novo sistema avançado de aviónicos e uma ogiva com o dobro do volume em relação ao 8K82K Proton-K, permitindo assim o transporte de satélites maiores. Em geral este lançador equipado com o estágio Briz-M, construído também pela empresa Khrunichev, é mais poderoso em 20% e tem maior capacidade de carga do que a versão anterior equipada com os estágios Blok DM construídos pela RKK Energia.

O 8K82KM Proton-M/Briz-M em geral tem um comprimento que pode variar entre os 56,2 metros e os 58,2 metros (os três estágios atingem uma altura de 42,3 metros), um diâmetro de 7,4 metros e uma massa que varia de 702.000 kg a 705.000 kg. É capaz de colocar uma carga de 22.000 kg (Fase IV) numa órbita terrestre baixa a 185 km de altitude, 6.350 kg (Fase IV) numa órbita de transferência para a órbita geossíncrona ou 6.550 kg (Fase IV) numa órbita de transferência para a órbita supergeossíncrona, desenvolvendo para tal no lançamento uma força de 965.580 kgf.

O Briz-M é construído pelo Centro Espacial de Pesquisa e Produção Estadual Khrunichev, tal como o Proton-M. Neste lançamento foi utilizado um estágio superior Briz-M Fase IV. Esta é uma recente melhoria deste estágio que utiliza dois novos tanques de pressão (com uma capacidade de 80 litros), substituindo os anteriores seis tanques de dimensões mais pequenas. Procedeu-se ainda a uma recolocação dos instrumentos de comando para a zona central do tanque para assim mitigar as cargas de choque que o tanque de propolente adicional é ejectado.

O primeiro lançamento do foguetão 8K82KM Proton-M/Briz-M teve lugar a 7 de Abril de 2001 (0347:00,525UTC) quando o veículo 53501 utilizando o estágio Briz-M (88503) colocou em órbita o satélite de comunicações Ekran-M 18 (26736 2001-014A) com uma massa de 1.970 kg a partir do Cosmódromo GIK-5 Baikonur (LC81 PU-24).

Intelsat-31 001671A mais recente modificação levada a cabo no lançador Proton-M/Briz-M (Fase IV) permite colocar numa órbita de transferência para a órbita geossíncrona uma carga de 6.300 kg, com uma velocidade residual de 1,5 km/s para a órbita geossíncrona.

Proton-M_caracteristicas

Dados Estatísticos e próximos lançamentos

– Lançamento orbital: 5654

– Lançamento orbital Rússia: 3208

– Lançamento orbital desde Baikonur: 1473

Dos lançamentos bem sucedidos levados a cabo em 2017: 11,5% foram realizados pelos Estados Unidos (incluindo ULA – 83,3% (5) e Orbital ATK – 16,7% (1)); 13,5% (7) pela China; 19,2% (10) pela Rússia; 15,4% (8) pela Arianespace; 7,7% (4) pela Índia; 7,7% (4) pelo Japão e 25,0% (13) pela SpaceX.

Os próximos lançamentos orbitais previstos são (hora UTC):

12 Set (2117:02) – 11A511U-FG Soyuz-FG – Baikonur, LC1 PU-5 – Soyuz MS-06

14 Set (????:??) – Atlas-V/541 (AV-072) – Vandenberg AFB, SLC-3E – NROL-42 (Trumpet Follow On 2)

22 Set (????:??) – 14A14-1B Soyuz-2-1B/Fregat-M – GIK-1 Plesetsk, LC43/4 – Glonass n.º 52

28 Set (1000:00) – Atlas-V/421 (AV-075) – Cabo Canaveral AFS, SLC-41 – NROL-52 (Quasar 21 (SDS-4 2))

02 Out (????:??) – Falcon-9 – Centro Espacial Kennedy, LC-39A – SES-11 (EchoStar 105)