ALOS-4 colocado em órbita desde Tanegashima

O satélite de observação da Terra, ALOS-4, foi colocado em órbita pela Mitsubishi Heavy Industries a 1 de Julho de 2024.

O lançamento teve lugar às 0306:42UTC e foi realizado pelo foguetão H3-22S (F3) a partir da Plataforma de Lançamento LP2 do Complexo de Lançamento Yoshinubo do Centro Espacial de Tanegashima, Kagoshima.

Todas as fases do lançamento decorrerem como previsto e o satélite foi colocado na órbita predeterminada cerca de 16 minutos e 34 segundos após o lançamento.

A abertura completa dos painéis solares foi confirmada pelos dados de telemetria recebidos na Estação da JAXA em Mingenew, Austrália, às 0325UTC. A seguir, o sinal do ALOS-4 foi recebido na Estação de Santiago, no Chile, às 0359UTC, e foi confirmado que o satélite estava em condição nominal com o “Modo de Aquisição Solar”.

Também designado “Daichi-4”, o ALOS-4 (Advanced Land Observation Satellite 4) é um satélite da agência espacial japonesa  JAXA que será utilizado para a observação da Terra por radar, sendo a continuação da missão do ALOS-2 colocado em órbita a 24 de Maio de 2014.

O ALOS-4 irá observar a superfície terrestre utilizando o seu radar de abertura sintética de banda L do tipo ‘antenas em fase’ (PALSAR-3). A tecnologia de radar de banda L tem sido continuamente desenvolvida no Japão nos últimos anos. Com um desempenho de observação ainda melhorado em comparação com o antecessor PALSAR-2 a bordo do Daichi-2 (ALOS-2), a JAXA e o seu contratante principal, a Mitsubishi Electric Corporation, desenvolveram o ALOS-4 com o objetivo de alcançar uma alta resolução e uma maior amplitude de observação. Ao contrário das observações por um sensor ótico, as imagens de radar podem ser adquiridas de dia e de noite, uma vez que não requerem luz solar. Além disso, como as ondas de rádio podem penetrar nas nuvens, as imagens podem ser obtidas independentemente das condições meteorológicas. O ALOS-4 aproveitará estes méritos para observar e monitorizar áreas atingidas por desastres, florestas e gelo marinho. Além disso, também desafiará novas áreas, como a monitorização da deslocação de infraestruturas.

O ALOS-4 está também equipado com um receptor do Sistema de Identificação Automática de Navios (AIS, Automatic Identification System), tal como o Daichi-2, para que o satélite também monitorize os oceanos através da receção destes sinais provenientes das embarcações, bem como através da aquisição de imagens PALSAR-3. A experiência SPace based AIS Experiment (SPAISE3) é um satélite AIS de alto desempenho. São tomadas contramedidas eficazes contra regiões de interferência de ondas de rádio para o SPAISE3 com múltiplas antenas e processamento de dados terrestre; assim, a taxa de sucesso de deteção de um navio nas áreas de tráfego marítimo intenso será melhorada em comparação com o Daichi-2. O desenvolvimento do SPAISE3 foi um projeto contínuo da JAXA em cooperação com a NEC Corporation.

O foguetão H3

O foguetão H3 é o novo lançador espacial do Japão cujo objectivo é tornar-se um sistema de lançamento de alta flexibilidade, alta fiabilidade e com um desempenho de alto custo. O seu desenvolvimento foi autorizado a 17 de Maio de 2013, tendo como objectivo um lançamento inaugural em 2020.

O lançador tem várias versões dependendo da escolha da carenagem, do número de motores no primeiro estágio e do número de propulsores laterais, possibilitando assim o lançamento de cargas de vários tamanhos para diferentes tipos de órbitas. A sua capacidade para atingir a órbita geoestacionária será a maior alguma vez conseguida pelo Japão, excedendo as capacidades dos lançadores H-IIA e H-IIB.

Sendo um sucessor dos foguetões H-IIA e H-IIB, o H3 foi desenvolvido para o Japão poder manter uma cesso autónomo ao espaço para o lançamento de satélites e sondas não tripuladas, incluindo importantes missões governamentais, além de satélites comerciais.

O novo foguetão foi desenvolvido pela agência espacial japonesa, JAXA, e pela Mitsubishi Heavy Industries (MHI), além de outras empresas, produzindo um lançador de baixo custo, flexível e fiável.

O H3 foi desenvolvido para atingir três objectivos principais: alta flexibilidade, alta fiabilidade e desempenho de alto custo.

O lançador conseguirá proporcionar um preço de lançamento apropriado e capacidade para as necessidades de cada cliente, ao preparar várias configurações de lançamento. O veículo será também capaz de responder de forma rápida aos requisitos dos clientes para o lançamento das suas cargas ao reduzir o período de preparação para a missão.

Por seu lado, ao herdar o nível de sucesso do foguetão H-IIA, o novo H3 será também um lançador fiável e o preço do serviço de lançamento será inferior se comparado com o preço praticado com o foguetão H-IIA.

O foguetão H3 proporciona dois tipos de carenagens de protecção, duas ou três unidades de propulsão para os motores do primeiro estágio (LE-9) e a possibilidade de ser lançado sem propulsores laterais ou com dois ou quatro propulsores laterais de combustível sólido (SRB-3) para assim poder lançar cargas de vários tamanhos para diferentes órbitas. O novo lançador tem também uma alta capacidade de lançamento para a órbita de transferência para a órbita geossíncrona, excedendo as capacidades dos foguetões H-IIA e H-IIB.

As principais características do lançador H3 ‘standard’ – H3 (H3-24L) – são um comprimento de 63 metros, uma massa total de 574.000 kg (sem cargas) e a utilização de um sistema de orientação inercial como sistema de orientação.

 

O foguetão H3 é um lançador a dois estágios que pode utilizar uma combinação de propulsores laterais de combustível sólido na fase inicial do lançamento.

Dependendo do seu modelo, o H3 consegue colocar uma carga de 4.000 kg numa órbita sincronizada com o Sol, ou uma carga de 4.000 kg a 7.900 kg numa órbita de transferência para a órbita geossíncrona.

O primeiro estágio consome oxigénio líquido (LOX) e hidrogénio líquido (LH2), podendo ainda ser auxiliado por dois ou quatro propulsores laterais de combustível sólido (SRBs) sendo derivados dos propulsores SRB-A utilizados no foguetão H-IIA. Estes propulsores consomem um combustível tendo por base polibutadieno. O H3 pode também ser lançado sem qualquer propulsor lateral de combustível sólido.

O primeiro estágio pode ser propulsionado por dois ou três motores LE-9 que utilizam um desenho de ciclo expandido semelhante ao utilizado nos motores LE-5B. A massa do combustível e do oxidante do primeiro estágio é de 225.000 kg. Dependendo do número de motores, o primeiro estágio desenvolve uma força de 2.942 kN ou 4.413 kN, com um impulso específico de 425 s e um tempo de queima de 300 s. Com um diâmetro de 5,2 metros, o primeiro estágio tem 37 metros de comprimento. Os propulsores laterais SRB-3 desenvolvem uma força de 2.158 kN, com um impulso específico de 283,6 s. O tempo de queima dos SRB-3 é de 110 s. Com um diâmetro de 2,5 metros, os propulsores laterais têm 15 metros de comprimento.

O segundo estágio é propulsionado por um único motor que é uma versão melhorada do motor LE-5B (LE-5B-3). A massa do combustível e do oxidante do primeiro estágio é de 23.000 kg. Desenvolve uma força máxima de 137 kN e tem um impulso específico de 448 s e um tempo de queima de 686 s. Com um diâmetro de 5,2 metros, o segundo estágio tem 12 metros de comprimento.

 

 

Lançamento do ALOS-4

O foguetão H3-22S (F3) foi transportado para a plataforma de lançamento a 30 de Junho de 2024, iniciando-se os preparativos para a missão.

Com a contagem decrescente a decorrer sem problema, a ignição dos motores do terceiro H3 ocorre às 0306:42UTC do dia 1 de Julho.

Após abandonar a plataforma de lançamento, o H3 inicia um voo vertical e logo a seguir orienta-se no seu azimute de voo. A separação dos propulsores laterais de combustível sólido ocorre a T+1m 57s. A separação da carenagem de protecção da carga ocorre a T+3m 27s.

O final da queima do primeiro estágio ocorre a T+5m 0s e a separação entre o primeiro e o segundo estágio tem lugar a T+5m 9s. A primeira ignição do segundo estágio ocorre a T+5m 21s e termina a T+16m 14s.

A separação do satélite ALOS-4 ocorre a T+16m 34s.

Imagens: JAXA