A agência espacial japonesa, JAXA, colocou em órbita o observatório de raios-X, ASTRO-H. O lançamento foi levado a cabo pelo foguetão H-2A/202 (F30) às 08:45UTC do dia 17 de Fevereiro de 2016 a partir da Plataforma de Lançamento LP1 do Complexo de Lançamento Yoshinubo do Centro Espacial de Tanegashima.
O nosso Universo parece ser frio e pacífico, mas visto através de raios-X, o espaço está cheio de turbulência na forma de explosões, colisões e erupções. Para o propósito de avançar as observações astronómicas em raios-X, a JAXA desenvolveu o observatório ASTRO-H (também designado NeXT – New X-ray Telescope) a partir de uma colaboração internacional que inclui o Japão e a agência espacial norte-americana, NASA. O instrumento mais avançado a bordo do novo observatório é o micro-calorímetro de raios-X, que observa os raios-X com a maior capacidade espectral até ao momento. Os restantes três detectores a bordo irão permitir observações a alta sensibilidade numa grande gama de comprimentos de onda entre os raios-X suaves até aos raios gama suaves. O ASTRO-H irá aplicar estas novas funções para investigar os mecanismos de como os grandes grupos de galáxias – os maiores objectos no espaço feitos de ‘matéria visível’ – são formados e influenciados pela energia negra e matéria negra, para revelar a formação e evolução dos buracos negros supermaciços no centro das galáxias, e para revelar as leis físicas que governam as condições extremas nas estrelas de neutrões e nos buracos negros.
O ASTRO-H será capaz de medir as energias dos fotões de raios-X com altas resoluções, observar uma grande variedade de energias com vários instrumentos de forma simultânea, investigar a estrutura do Universo, investigar as leis físicas em condições extremas, etc.
O observatório transporta quatro instrumentos: SXS (Soft X-ray Spectrometer), SXI (Soft X-ray Imager), HXI (Hard X-ray Imager), SGD (Soft Gamma-ray Detector), SXT (Soft X-ray Telescope) e o HXT (Hard X-ray Telescope).
Juntamente com o ASTRO-H foram colocados em órbitas três satélites. O Horyu-4 (AEGIS – Arc Event Generator and Investigation Satellite) foi desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia de Kyusyu e é um pequeno satélite com uma massa de 10 kg destinado à investigação tecnológica. O satélite irá testar um sistema de energia solar de alta voltagem e observar os efeitos da alta voltagem no satélite. A missão deverá obter o formato de onda do fenómeno de arco no sistema de geração de energia solar a bordo, obter imagens desse fenómeno no sistema de geração solar, avançar o conhecimento sobre o processo de aumento de energia no veículo e contribuir para o aumento de fiabilidade dos actuais sistemas espaciais para a construção de futuros sistemas.
O satélite ChubuSat-2 (Kinshachi-2) é um micro-satélite construído pela Universidade de Nagoya e pela Universidade de Daido para observar a radiação solar e a radiação emitida pela Terra utilizando um detector de radiação. O satélite irá também obter imagens de localizações específicas do nosso planeta e de detritos espaciais utilizando uma câmara de infravermelhos, além de enviar mensagens em serviço amador. A sua massa é de cerca de 50 kg.
Semelhante ao ChubuSat-2, o satélite ChubuSat-3 (Kinshachi-3) é um micro-satélite construído pela Universidade de Nagoya e pela Universidade de Daido para obter sinais AIS a partir de embarcações no mar utilizando um receptor AIS. O satélite irá também obter imagens de localizações específicas do nosso planeta e de detritos espaciais utilizando uma câmara de infravermelhos, além de enviar mensagens em serviço amador. A sua massa é de cerca de 50 kg.
Lançamento do ASTRO-H
O lançamento do ASTRO-H teve lugar às 0845UTC a partir do Centro Espacial de Tanegashima. O voo decorreu sem qualquer problema, com o primeiro propulsor lateral de combustível sólido a terminar a sua queima e a separar-se a T+1m 39s e o segundo a T+1m 48s. A separação das duas metades da carenagem de protecção separaram-se a T+4m 15s.
O final da queima do primeiro estágio ocorria a T+6m 38s, separando-se do segundo estágio a T+6m 46s. O segundo estágio iniciava a sua queima a T+6m 52, terminando a T+13m 24s.
A separação do ASTRO-H ocorre a T+14m 14s. Os restantes satélites separam-se a T+22m 34s (ChubuSat-2), T+27m 34s (ChubuSat-3) e T+32m 34s (Horyu-4).
O foguetão H-2A/204
O desenvolvimento do lançador H-2A surgiu após os maus resultados obtidos com o lançador H-2 que resultaram na perda de vários satélites nas suas missões finais.
O H-2A na sua versão 204 é um lançador a três estágios auxiliados por quatro propulsores laterais de combustível sólido SRB-A que entram em ignição no lançamento. Assim, o H-2A/204 tem a capacidade de colocar 6.100 kg numa órbita de transferência para a órbita geossíncrona. A sua massa total é de 443.000 kg. A sua envergadura é de 9 metros. O seu diâmetro é de 4,0 metros e o seu comprimento atinge os 53,00 metros.
Cada SRB-A (Solid Rocket Boosters-A), considerado por muitos como o estágio 0 (zero), tem um peso bruto de 75.500 kg, pesando 10.500 kg sem combustível. Cada propulsor tem um diâmetro de 2,5 metros, um comprimento de 15,1 metros e desenvolve 229.435 kgf no lançamento, com um Ies de 282,5 s (vácuo), um Ies-nm de 230 s e um Tq 101 s.
O primeiro estágio do H-2A/204 tem um peso bruto de 113.600 kg, pesando 13.600 kg sem combustível. Tem um diâmetro de 4,0 metros, um comprimento de 37,2 metros e desenvolve 111.964 kgf no lançamento, com um Ies de 440 s (vácuo), um Ies-nm de 338 s e um Tq 390 s. Está equipado com um motor LE-7A, desenvolvido pela Mitsubishi, que consome LOX e LH2. O LE-7A pode variar a sua potência em 72%.
Finalmente o segundo estágio tem um peso bruto de 16.900 kg, pesando 3.100 kg sem combustível. Tem um diâmetro de 4,0 metros, um comprimento de 9,2 metros e desenvolve 13.970 kgf no lançamento, com um Ies de 448 s e um Tq 534 s. Está equipado com um motor LE-5B, desenvolvido pela Mitsubishi, que consome LOX e LH2.
O esquema seguinte mostra as diferentes configurações do foguetão H-2A. Presentemente só as versões 202 e 204 estão operacionais.
Dados Estatísticos e próximos lançamentos
– Lançamento orbital: 5525
– Lançamento orbital com sucesso: 5173
– Lançamento orbital Japão: 102
– Lançamento orbital Japão com sucesso: 93
– Lançamento orbital desde Tanegashima: 66
– Lançamento orbital desde Tanegashima com sucesso: 64
Ao se referir a ‘lançamentos com sucesso’ significa um lançamento no qual algo atingiu a órbita terrestre, o que por si só pode não implicar o sucesso do lançamento ou da missão em causa (como foi o caso do lançamento do Progress M-27M).
A seguinte tabela mostra os totais de lançamentos executados este ano em relação aos previstos para cada polígono à data deste lançamento.
Dos lançamentos bem sucedidos levados a cabo: 25,0% foram realizados pela Rússia; 16,7% pela China; 25,0% pelos Estados Unidos (incluindo ULA (66,7%), SpaceX (33,3%) e Orbital SC); 8,3% pela Arianespace; 8,3% pela Índia, 8,3% pelo Japão, 0% pelo Irão e 8,3% pela Coreia do Norte.
Os próximos lançamentos orbitais previstos são (hora UTC):
24 Fev (23:46:00) – Falcon-9 Upgrade – Cabo Canaveral AFS, SLC-40 – SES-9
9 Mar (05:22:07) – Ariane-5ECA (VA229) – CSG Kourou, ELA3 – Eutelsat-65 West A
10 Mar (??:??:??) – PSLV-C32 (PSLV-XL) – Satish Dawan SHAR, FLP – IRNSS-1F
12 Mar (??:??:??) – 14A14-1B Soyuz-2-1B – Baikonur, LC31 PU-6 – Resurs-P n.º 3
14 Mar (09:31:00) – 8K82KM Proton-M/Briz-M – Baikonur, LC200 PU-39 – ExoMars-2016 (TGO+EDM Schiaparelli)