As Forças Militares Russas levaram a cabo o lançamento do terceiro satélite Bars-M às 0803:32,331UTC do dia 19 de Maio de 2022.
O lançamento do satélite 14F 148 Bars-M n.º 603 foi realizado a partir da Plataforma de Lançamento PU-4 do Complexo de Lançamento LC43 do Cosmódromo GIK-1 Plesetsk pelo foguetão 14A14-1A Soyuz-2.1a (78021117 (?)). O novo satélite recebeu a designação Cosmos 2556.
Não foram fornecidas informações sobre as diferentes fases do lançamento, no entanto, o satélite separou-se do último estágio do seu lançador pelas 0812UTC, ficando colocado numa órbita com um perigeu a 337 km de altitude, apogeu a 557 km de altitude, inclinação orbital de 97,70.° e período orbital de 93,52 minutos.
Os satélites Bars-M
Os satélites 14F148 Bars-M (14Ф148 Барс-M), ‘Bars em Russo significa «Pantera»’, são veículos militares de observação digital da Terra capazes de produzir mapas detalhados e tridimensionais da superfície. O lançamento do primeiro Bars-M veio terminar um longo intervalo durante a qual as forças militares russas viram-se privadas de uma capacidade estratégica muito importante nos campos de batalha.
Ao contrário das anteriores gerações de satélites deste tipo, os satélites Bars-M transmitem as suas informações através de canais de rádio codificados, terminando assim a necessidade do lento processo de retorno das imagens para a Terra através de pequenas cápsulas.
Para se criar mapas tridimensionais os satélites têm de operar duas câmaras fotográficas que observam a mesma área, mas com ângulos de observação ligeiramente diferentes. Este é o sistema de observação electro-óptico Karat desenvolvido pela Associação Opto-Mecânica de Leninegrado (LOMO). O resultado desta pequena diferença são imagens em estéreo que fornecem informação sobre a elevação do terreno.
Os primeiros satélites deste tipo foram lançados pela União Soviética em 1971 (o Cosmos 470 ‘Zenit-4MT n.º 1’, lançado a 27 de Dezembro de 1971 pelo foguetão 11A511M Soyuz-M (Yu15000-01)) e em 1981 era introduzida uma segunda geração de veículos (o Cosmos 1246 ‘Yantar-1KFT Kometa n.º 1′, lançado a 18 de Fevereiro de 1981 pelo foguetão 11A511U Soyuz-U (Ts15000-264)). No entanto, as fotografias eram enviadas para a Terra utilizando-se pequenas cápsulas no interior das quais viajavam o filme com a preciosa e estratégica informação visual. O último satélite deste tipo lançado pela Rússia foi o Cosmos 2415 (Yantar-1KFT Kometa n.º 21 ’11F660 №421’ colocado em órbita a 2 de Setembro de 2005 pelo foguetão 11A511U Soyuz-U (78036576)).
A União Soviética lançava um destes satélites anualmente, mas após o colapso do país e devido à crise financeira que se seguiu, os lançamentos tornaram-se menos frequentes. Muitos dos projectos futuros foram também cancelados (como, por exemplo, o satélite 17F112 Bars) e somente em 2007, com o aumento dos fundos para os projectos militares espaciais, vários destes projectos foram retomados (como aconteceu com o 14F148 Bars-M).
Os satélites Bars-M são desenvolvidos pela TsSKB-Progress e terão uma massa de cerca de 4.000 kg, tendo uma de vida útil em órbita de cinco anos. Após se separar do último estágio do foguetão lançador, o satélite utiliza o seu sistema de propulsão SVIT para atingir a sua órbita operacional.
O foguetão 14A14-1A Soyuz-2.1a
Desde o início que o foguetão Soyuz-2.1a foi projectado para ser um veículo de lançamento tripulado. Porém, os atrasos na sua introdução levaram à criação do foguetão Soyuz-FG para colmatar o fosso entre o foguetão 11A511U Soyuz-U e o 14A14-1A Soyuz-2.1a.
Os foguetes 11A511U Soyuz-U e 11A511U-FG Soyuz-FG usavam sistemas de controle de voo analógicos. Estes sistemas foram incapazes de rolar o lançador para a trajectória correcta após o lançamento. Assim, estes veículos eram literalmente apontados na plataforma de lançamento para o seu azimute de voo correcto, de modo que tudo o que o foguetão tinha que fazer depois da descolagem era simplesmente inclinar-se para a trajectória adequada.
Como tal, o sistema de abortamento de lançamento da nave Soyuz MS foi projectado para que, se detectasse uma alteração na orientação do foguetão, accionasse o sistema de abortagem para resgatar a cápsula tripulada. Mas o Soyuz-2.1a usa sistemas digitais de controle de voo e executa uma rotação para se alinhar ao azimute de lançamento correto após abandonar a plataforma, criando assim uma desconexão entre o lançador Soyuz-2.1a e as cápsulas Soyuz MS.
Para resolver a situação, a Roscosmos desenvolveu um patch de software que foi testado durante a missão Soyuz MS-14 não tripulada. Essencialmente, este patch diz aos computadores de voo da cápsula que uma rotação após abandonar a plataforma de lançamento está “Ok” e a cápsula não acciona o programa de emergência quando o programa de rotação começa. Esta missão também testou em voo um novo sistema de navegação e um sistema de controle de descida renovado. Estes novos sistemas serão padrão no próximo veículo de carga Soyuz GVK que será lançado em 2022.
Imagem: Homem do Espaço
O foguetão 14A14 Soyuz-2 representa a mais recente evolução do épico míssil balístico intercontinental R-7 desenvolvido por Sergei Korolev nos anos 50 do século passado. O novo lançador apresenta motores melhorados, modernos sistemas aviónicos digitais e uma reduzida participação de componentes de fabrico não russo.
O lançador é também conhecido pela designação Soyuz-ST (quando lançado desde o CSG Kourou) e foi especialmente desenhado para uma utilização comercial aumentando a sua performance geral apesar de o desenho básico do veículo permanecer o mesmo. A versão Soyuz-2.1a foi desenhada para missões tripuladas, substituindo o lançador 11A511U-FG Soyuz-FG.
As alterações foram realizadas ao nível de uma melhoria da performance dos motores do primeiro e do segundo estágio com novos injectores e alteração da mistura dos propelentes; aumento na performance do terceiro estágio; introdução de um novo sistema de controlo permitindo uma alteração do plano orbital já durante o voo ; introdução de um novo sistema de telemetria digital para a monitorização do lançador e a introdução de uma nova ogiva de protecção de carga com um diâmetro de 3,6 metros.
O foguetão 14A14 Soyuz-2 pode ser equipado com um quarto estágio, nomeadamente o estágio Fregat, utilizando as carenagens de protecção do tipo ST e SF.
Este lançador é capaz de colocar uma carga de 7.800 kg numa órbita terrestre a 240 km de altitude com uma inclinação de 51,80º. No lançamento desenvolve uma força de 4.144.700 kN. A sua massa total é de 310.000 kg, o seu diâmetro no estágio principal é de 2,95 metros e o seu comprimento total é de 43,40 metros.
O primeiro estágio do 14A14 Soyuz-2 é composto pelos quatro propulsores laterais (Blok B, V, G e D) com uma massa bruta de 44.400 kg, tendo uma massa de 3.810 kg sem combustível. Cada propulsor tem um motor RD-107A (14D22) que desenvolve uma força de 1.021.097 kN (vácuo), com um Ies 310 s e um Tq de 120 s. Têm um comprimento de 19,60 metros, um diâmetro de 2,69 metros e consomem LOX e querosene.
O segundo estágio (Blok-A) tem um comprimento de 27,80 metros, um diâmetro de 2,95 metros, um peso bruto de 105400 kg e um peso sem combustível de 6.975 kg. Está equipado com um motor RD-108A que no lançamento desenvolve 999.601 kgf (vácuo), com um Ies de 311 s e um Tq de 286 s. Consome LOX e querosene.
O terceiro estágio (Blok-I) tem um comprimento de 6,74 metros, um diâmetro de 2,66 metros, um peso bruto de 25.200 kg e um peso sem combustível de 2.355 kg. Está equipado com um motor RD-0110 que no lançamento desenvolve 294.000 kgf (vácuo), com um Ies de 359 s e um Tq de 300 s. Consome LOX e querosene.
Lançamento | Data | Hora (UTC) | Veículo | Local Lançamento | Carga |
2020-072 | 14 / Out / 20 | 05:45:04,536 | Kh15000-043 | Baikonur
LC31 PU-6 |
Soyuz MS-17 |
2021-011 | 15 / Fev / 21 | 04:45:05,310 | V15000-041 | Baikonur
LC31 PU-6 |
Progress MS-16 |
2021-029 | 09 / Abr / 21 | 07:42:40,496 | Kh15000-046 | Baikonur
LC31 PU-6 |
Soyuz MS-18 |
2021-057 | 29 / Jun / 21 | 23:27:20,324 | V15000-043 | Baikonur
LC31 PU-6 |
Progress MS-17 |
2021-089 | 05 / Out / 21 | 08:05:02,442 | Kh15000-047 | Baikonur
LC31 PU-6 |
Soyuz MS-19 |
2021-098 | 28 / Out / 21 | 00:00:32,525 | S15000-049 | Baikonur
LC31 PU-6 |
Progress MS-18 |
2021-119 | 08 / Dez / 21 | 07:38:15,584 | S15000-053 | Baikonur
LC31 PU-6 |
Soyuz MS-20 |
2022-014 | 15 / Fev / 22 | 04:25:39,528 | S15000-056 | Baikonur
LC31 PU-6 |
Progress MS-19 |
2022-028 | 18 / Mar / 22 | 15:55:18,451 | S15000-050 | Baikonur
LC31 PU-6 |
Soyuz MS-21 |
2022-054 | 19 / Mai / 22 | 08:03:32,331 | 78021117 (?) | GIK-1 Plesetsk
LC43 PU-3 |
Cosmos 2556 |
As modificações introduzidas no novo lançador foram sendo testadas em duas versões do mesmo veículo o 14A14-1A Soyuz-2.1a e o 14A14-1B Soyuz-2.1b. Este último veículo é um lançador a três estágios no qual o motor RD-0124 é já empregado no último estágio.
Com dimensões semelhantes ao motor RD-0110 utilizado nas versões anteriores dos lançadores Soyuz, o motor RD-0124 apresenta como principal diferença a introdução de um sistema de ciclo fechado no qual o gás do oxidante utilizado para propulsionar as bombas do motor é então direccionado para a câmara de combustão onde é queimado com restante propelente em vez de ser descartado. Esta melhoria no motor aumenta o desempenho do sistema e, como consequência, aumenta a capacidade de carga do lançador em 950 kg. Um propelente especial de ignição é utilizado para activar a combustão do motor e são utilizados dispositivos pirotécnicos para controlar o funcionamento do motor. Cada uma das quatro câmaras de combustão pode ser movimentada ao longo de eixos para manobrar o veículo.
Em 1996 tiveram início os testes do motor RD-0124 e foram finalizados em Fevereiro de 2004 nas instalações da Khimavtomatika em Voronezh. Nesta altura previa-se que a produção em série do novo motor teria início em 2005. A 27 de Dezembro de 2005 teve lugar outro teste do motor, abrindo caminho para os ensaios em grupo de todo o terceiro estágio do lançador 14A14-B Soyuz-2.1b nas instalações da NIIKhimMash em Sergiev Posad.
No início de 2005 a Arianespace anunciava que a primeira missão de teste do foguetão 14A14-1B Soyuz-2.1b teria lugar desde o Cosmódromo GIK-5 Baikonur para colocar em órbita o satélite astronómico CoRoT. Este lançamento dependeria dos resultados de novos ensaios do motor RD-0124 que tiveram lugar em Março e Abril de 2006. Um último teste teve lugar a 20 de Outubro de 2006 e o satélite CoRoT acabaria por ser lançado a 21 de Dezembro desse ano.
Dados estatísticos e próximos lançamentos
– Lançamento orbital: 6221
– Lançamento orbital Rússia: 3301 (53,06%)
– Lançamento orbital desde GIK-1 Plesetsk: 1649 (26,51% – 49,95%)
Os próximos lançamentos orbitais previstos são (hora UTC):
6222 – 19 Mai (2254:47) – Cabo Canaveral SFS, SLC-41 – Atlas-V/N22 (AV-082) – CST-100 Starliner (Boe-OFT 2)
6223 – 20 Mai (1020:??) – Jiuquan, LC43/94 – Chang Zheng-2C/YZ-1S – ??
6224 – 25 Mai (1835:??) – Cabo Canaveral SFS, SLC-40 – Falcon 9-156 (1061.8) Transporter-5 – Capella-9, Umbra-03, Umbra-04, ÑuSat-28, ÑuSat-?, GHOSt-01, GHOSt-02, GHGSat-C3, GHGSat-C4, GHGSat-C5, Sherpa-AC1 (KSF-3a, KSF-3b, KSF-3c, KSF-3d), Vigoride-3 (ION-SCV 006, SELFIESAT, FossaSat-2E7, FossaSat-2E8, FossaSat-2E9, FossaSat-2E10, FossaSat-2E11, FossaSat-2E12, FossaSat-2E13, Veery FS-1), Reliant-1 (SharedSat-3, Foresail-1, Planetum-1), CICERO-2 1, CICERO-2 2, Varisat-1A, Varisat-1B, Varisat-1C, PTD-3 (Tyvak-0125), ???, Mars Outpost Demo
6225 – 31 Mai (????:??) – Onenui (Máhia), LC-1A – Electron/Photon (F27 ‘CAPSTONE’) – CAPSTONE, Lunar Photon
6226 – 03 Jun (0933:??) – Baikonur, LC31 PU-6 – 14A14-1A Soyuz-2.1a (S15000-052) – Progress MS-20 (№450), YuZGU-55 (11) (RadioSkaf RS-16), YuZGU-55 (12) (RadioSkaf RS-17), Tsiolkovsky-Ryazan 1, Tsiolkovsky-Ryazan 2