RocketLab lança pela primeira vez desde Wallops Island

A RocketLab USA, Inc. inaugurou o seu novo complexo de lançamento localizado do MARS Wallops Island, Virgínia, ao colocar em órbita três satélites na missão “Virginia is for Launch Lovers”.

O lançamento teve lugar às 2300UTC do dia 24 de Janeiro de 2023 e foi realizado pelo foguetão Electron/Curie (F33) a partir do Complexo de Lançamento LC-2 (LA-0C).

O Complexo de Lançamento LC-2 é o primeiro local de lançamento da Rocket Lab em solo norte-americano. Projectado para realizar até 12 missões por ano, o Complexo de Lançamento LC-2 permitem a realização de forma rápida dos lançamentos do foguetão Electron, bem como um acesso fiável à órbita terrestre aos clientes governamentais e comerciais.

O novo complexo de lançamento suplementa o Complexo de Lançamento LC-1 na Nova Zelândia (com duas plataformas de lançamento), a partir do qual já foram lançadas 32 missões do foguetão Electron. Os dois complexos de lançamento podem suportar mais de 130 oportunidades de lançamento por ano, proporcionando uma flexibilidade sem precedentes para lançamentos rápidos e responsivos de pequenos satélites.

A Rocket Lab opera as instalações de integração e controlo localizadas no denominado “Wallops Research Park”, a custa distância da plataforma de lançamento. As instalações albergam salas de tecnologia de ponta, salas estéreis, instalações de processamento de veículos e um centro de controlo de missão.

A plataforma de lançamento e o complexo de produção para o foguetão reutilizável Neutron da Rocket Lab, estarão também localizados no Mid-Atlantic Regional Spaceport (MARS).

Os satélites Hawk-6

Os três satélites Hawk-6 (Hawk-6A, Hawk-6B e Hawk-6C), fazem parte da rede de satélites da HawkEye 360 que é uma rede em desenvolvimento de inteligência global civil que usará tecnologia de radiofrequência (RF) para monitorizar o transporte aéreo, terrestre e marítimo e auxiliar em emergências, sendo essencialmente uma missão civil SIGINT (Signal Intelligence).

A constelação de pequenos satélites colocada na órbita terrestre baixa recolherá informações sobre sinais de rádio específicos em todo o mundo para fornecer um mapeamento e análise de alta frequência de rádio. Uma vez operacional, a constelação de satélites poderá permitir aplicações comerciais, como permitir que clientes governamentais e corporativos monitorizem dinamicamente as redes de transporte por via aérea, terrestre e marítima.

Para reguladores do governo, empresas de telecomunicações e emissoras de satélite, o sistema HawkEye 360 foi projectado para monitorizar o uso do espectro de RF para identificar áreas de interferência. O sistema também poderá ser usado para desempenhar um papel crucial na detecção e localização de sinalizadores de emergência activos, melhorando os tempos de resposta que são críticos em cenários de risco de vida. Os satélites Hawk foram desenvolvidos pela Deep Space Industries, com o modelo de satélite a ser desenvolvido pela SFL e a carga a ser desenvolvida pela GOMSpace.

Lançamento

Com o encerramento das vias de acesso ao local de lançamento a ocorrer a T-6h, o foguetão Electron era colocado na sua posição vertical a T-4h e iniciava-se o processo de abastecimento de querosene. O pessoal de apoio na plataforma de lançamento deixava a área a T-2h 30m e o abastecimento de oxigénio líquido (LOX) iniciava-se a T-2h.

As autoridades de aviação locais eram informadas sobre o lançamento a T-30m para assim poderem avisar os aviadores naquele espaço aéreo. Os preparativos finais para o lançamento iniciam-se a T-18m. A sequência automática de lançamento inicia-se a T-2m, com o computador de bordo do Electron a tomar conta das operações. A ignição dos motores do lançador inicia-se a T-2s.

O foguetão abandona a plataforma de lançamento a T=0s, com uma ascensão lenta nas fases iniciais e ganhando velocidade à medida que ganha altitude. O veículo atinge a velocidade do som (Mach 1) a T+1m 0s e a zona de máxima pressão dinâmica a T+1m 11s. O final da queima do primeiro estágio termina a T+2m 26s e a sua separação ocorre três segundos mais tarde. A ignição do motor Rutherford do segundo estágio ocorre a T+2m 32s. A separação da carenagem de protecção ocorre a T+2m 56s. A T+6m 45s ocorre a troca de baterias eléctricas que dão o impulso eléctrico necessário a ignição do motor Rutherford Vacuum.

O final da queima do segundo estágio ocorre a T+9m 14s e a separação entre o segundo estágio e o estágio Curie ocorre e T+9m 18s. Após uma fase não propulsionada de cerca de 40 minutos, o estágio Curie entra em ignição a T+55m 10s. O final da queima do estágio Curie ocorre a T+56m 18s e a separação dos satélites Hawk-6 ocorre a T+58m 18s.

O foguetão Electron

O Electron é um lançador a três estágios com um comprimento de 18 metros e um diâmetro de 1,2 metros. Tem uma massa de 13.000 kg no lançamento e é capaz de colocar em órbita terrestre baixa uma carga de 225 kg, sendo a sua carga nominal de 200 kg (a 500 km de altitude). Devido ao seu desenho e fabrico (fibra de carbono compósito e estrutura monocoque), o Electron é elaborado com altos níveis de automatização.

O lançador tira partido de materiais compósitos na sua fuselagem, tendo uma estrutura forte e superleve. Da mesma forma, os tanques de propelente são fabricados em materiais compósitos.

O primeiro estágio está equipado com nove motores Rutherford com uma capacidade de 162 kN, com um impulso específico de 311 s. O motor Rutherford consome querosene e oxigénio líquido, utilizando componentes impressos em 3D.

O motor Rutherford é um motor topo de gama que se alimenta de querosene e oxigénio líquido, sendo especificamente projectado para o foguetão Electron utilizando um ciclo de propulsão inteiramente novo. Uma característica única deste motor são as turbinas eléctricas de alto desempenho que reduzem a sua massa, substituindo assim ‘hardware’ por ‘software’. O motor Rutherford é o primeiro motor do seu tipo que utiliza impressão 3D nos seus componentes principais. Estas características são únicas no mundo para um motor de propelentes líquidos de alto desempenho alimentados por turbobombas eléctricas. O seu desenho orientado para a produção permitem que o Electron seja construído e os satélites lançados com uma frequência sem precedentes.

O segundo estágio do lançador é propulsionado por um motor derivado do motor Rutherford melhorado para um excelente desempenho em condições de vácuo. Consegue desenvolver 22 kN de força e um impulso específico de 343 s.

A sua carenagem tem um comprimento de 2,5 metros com um sistema de separação pneumático e por molas.

Lançamento Missão Veículo Lançador Data de Lançamento Hora

(UTC)

Carga
2022-020 F24 The Owl’s Night Continues 28/Fev/22 20:37 StriX-β
2022-034 F25 Without Mission A Beat 02/Abr/22 12:41 BlackSky-16 (BlackSky Global 18)

BlackSky-17 (BlackSky Global 19)

2022-044 F26 There and Back Again 02/Mai/22 22:49:52 AuroraSat-1

Unicorn-2

TRSI-2

TRSI-3

MyRadar-1

E-Space 1

E-Space 2

E-Space 3

BRO-6

Copia

SpaceBEE (vários)

2022-070 F27 CAPSTONE 28/Jun/22 09:55:52 CAPSTONE

‘Lunar Photon’

2022-079 F28 Wise One Looks Ahead 13/Jul/22 06:30 NROL-162 (RASR-3)
2022-091 F29 Antipodean Adventure 04/Ago/22 05:00 NROL-199 (RASR-4)
2022-113 F30 The Owl Spreads Its Wings 15/Set/22 20:38 StriX-1
2022-127 F31 It Argos Up From Here 07/Out/22 17:09:21 GAzelle
2022-147 F32 Catch If You Can 04/Nov/22 17:27 MATS
2023-011 F33 Virginia is for Launch Lovers 24/Jan/23 23:00 Hawk-6A

Hawk-6B

Hawk-6C

O Complexo de Lançamento LC-1 localizado na Península de Máhia, entre Napier e Gisborne, na costa Este de Ilha do Norte da Nova Zelândia. Este é o primeiro complexo orbital na Nova Zelândia e o primeiro complexo a nível mundial operado de forma privada.

Equipado com duas plataformas de lançamento, a localização remota do LC-1, e de forma particular o seu baixo volume de tráfego marítimo e aéreo, é um factor-chave que permite um acesso sem precedentes ao espaço. A posição geográfica deste local permite que seja possível a uma grande gama de azimutes de lançamento – os satélites lançados desde Máhia podem ser colocados em órbitas com uma grande variedade de inclinações para assim proporcionar serviços em muitas áreas em torno do globo.